"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

REDEFININDO O NATAL

Natal é como cerimônias de casamento e formaturas: são eventos importantes, cheios de significados, mas potencialmente bregas. A gente fica com a sensação de que a Hebe Camargo está por trás de tudo.

São Paulo, por exemplo, desde o fim de novembro virou uma filial de Las Vegas. A cidade foi invadida por zilhões de lampadinhas piscantes. É engraçado, mas aposto como tem muito ambientalista que está gastando meia Itaipu para iluminar suas 856 luzinhas paraguaias da sala.

A trilha sonora da época já foi pior. Os supermercados estão evitando a piada fácil de tocar Simone. Mas insistem em resgatar velhas músicas de Frank Sinatra, com letras datadas sobre tobogã e lareiras. Gosto do Frank, mas toda vez em que eu vou a um Shopping Center e ouço esse tipo de música tenho a sensação de que o Amaury Jr vai pular na minha frente com uma taça de champagne na mão.

E tem essa estranha sensação de suar debaixo de um calor de 40 graus e ver neve, renas e o Papai Noel encapotado nas vitrines. Está na hora de acertarmos geograficamente o Natal. Papai Noel poderia vir de bermuda e chinelos. Eu acharia mais coerente. Aliás, seria legal avisá-lo para não perder tempo procurando chaminés nas casas. O risco é ele entrar em alguma chaminé de Cubatão e terminar no hospital com alguma infecção pulmonar.

Na verdade, a lista de elementos ridículos do natal é longa. Envolve “Ana Maria Braga de toquinha natalina” e, claro, “lista de presentes de amigo secreto”. A Folha de São Paulo publicou a dela. E, pasmem, sugeriu o disco eletrônico da Gal Costa, além dos novos trabalhos de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. Se eu desse presentes desse naipe, não seria convidado nem para bingo.

Enfim, já que as contra indicações são inevitáveis, me resta agradecer para o santo que inventou o chocotone. Nada como chocolate e gordura hidrogenada para aliviar a barra. Feliz natal para vocês, leitores. Podem abusar do chocotone. Eu recomendo.

walter carrilho

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