"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 14 de janeiro de 2012

CONTRA QUEM (OU CONTRA O QUÊ) VOCE CRIARIA O SEU PRÓPRIO WIKILEAKS?

A ideia de WikiLeaks temáticos aparecendo por aí viria muito bem a calhar. No Brasil, poderia ajudar a tirar esqueletos do armário. Por Hugo Souza

Surgiu no início desta semana a notícia de que o coletivo de hackers Anonymous estreou na Alemanha um site de vazamento de informações, nos moldes do famoso WikiLeaks — criado pelo australiano Julian Assange –, para tornar públicos dados sobre a extrema-direita no país.

A criação do site faz parte da campanha hacker Operação Blitzkrieg, em referência à estratégia militar da “guerra-relâmpago”, da qual Adolf Hitler era um entusiasta. Com a Operação Blitzkrieg o Anonymous vem invadindo e bloqueando sites neonazistas, entre outras ações contra militantes e simpatizantes do extremismo de direita.

O papel do “WikiLeaks” do Anonymous, o nazi-leaks.net, na Operação Blitzkrieg é sobretudo revelar a identidade de pessoas ligadas ao Partido Nacional Democrático alemão (NPD), de extrema direita, como por exemplo quem doa dinheiro para a legenda e clientes de lojas relacionadas a grupos neonazistas e dados pessoais de membros do NPD.

Caça aos nazis ou caça às bruxas?


No WikiLeaks do Anonymous aparecem os nomes, endereços, e-mails e números de telefone dos doadores do NPD, bem como quem encomendou roupas de treino com a inscrição “Deutsches Reich” na loja Nationales-Versandhaus.

Também aparece na lista negra do Nazi-Leaks quem já colaborou com o semanário de extrema-direita Junge Freiheit (Liberdade Jovem).

Sobre isso, o jornalista alemão Jonas Nonnenmann escreveu o seguinte no jornal Frankurter Rundschau: “Quem escreve em um jornal que publica as opiniões da extrema-direita é necessariamente um nazista? É razoável expor o nome de uma jovem que pode ter apenas 17 anos e que compra uma camisa estampada com o martelo de Thor, sem saber que este é um símbolo neo-nazista?”.

Mensalão-Leaks

Representantes do NPD já anunciaram que vão processar os responsáveis pelo site, ainda que eles sejam, digamos, Anonymous… Na verdade, o site já parece ter sido retirado do ar, o que não quer dizer muita coisa em se tratando de hackers.

Até mesmo alguns ativistas dedicados ao combate ao neo-nazismo torceram o nariz para o Nazi-Leaks. Um deles, citado pela Deutsche Welle, considera que a Operação Blitzkrieg é “boa para remover o lixo nazi da Internet por alguns dias”, mas criticou a divulgação de informações pessoais na rede, tendo em vista que alguns nomes identificados no site são, por exemplo, de pessoas que foram procuradas por publicações de extrema-direita para a realização de entrevistas.

Mesmo assim, a ideia de WikiLeaks temáticos aparecendo por aí poderia vir muito bem a calhar. No Brasil, talvez ajudasse a tirar alguns esqueletos do armário. Que beleza seria algo como um Mensalão-Leaks ou um site de vazamento de informações, com a credibilidade necessária e o cuidado para não promoverem autos de inquisição, dedicado a divulgar provas sobre tráfico de influência em Brasília.

E você, caro leitor? Contra quem, ou o que, você criaria o seu próprio “WikiLeaks” temático?

opinião e notícia
14 de janeiro de 2012

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