"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 14 de janeiro de 2012

SURTO PSICÓTICO NO TRÂNSITO PÕE EM XEQUE A PERIODICIDADE DO EXAME PSICOLÓGICO PARA MOTORISTAS

O administrador de empresas e artista plástico Michel Goldfarb Costa, de 33 anos, que atualmente não exercia atividade profissional e vivia de aplicações financeiras na Bolsa de Valores, causou, na manhã do dia 9, a um verdadeiro “dia de fúria” e pânico no trânsito de São Paulo, gerado por um surto psicótico dos mais violentos e inusitados. Roubou carros, provocou acidentes e deu cerca de vinte tiros pra todos os lados, dizendo-se- “perseguido”.

Apresentou-se dois dias depois num Distrito Policial, após ter sido decretada sua prisão temporária. Foi indiciado por tentativa de homicídio (uma das vítimas foi baleada gravemente na barriga e uma outra de raspão), roubo de carro e disparo a esmo de arma de fogo, além de crimes de dano, tendo colidido, durante a tresloucada ação, com dois automóveis e um ônibus, numa cena típica de filme americano: “Velozes e furiosos”

O delegado Marcos Antônio Manfrin disse acreditar que o administrador tenha tido mesmo um surto psicótico. “Aparentemente não há motivação, a não ser um surto”, afirmou. A namorada de Michel Costa prestou depoimento e o descreveu como uma pessoa fechada, com poucos amigos e quase nenhum contato com a família, e que não trabalhava.

Não é a primeira vez que surtos psicóticos acontecem no trânsito brasileiro, ainda que tal fato tenha sido inédito em sua tipificidade. Na noite de 23 de julho de 2008, no Rio de Janeiro, um cidadão, ao atravessar uma rua em companhia de seus dois filhos e por haver reclamado de um motorista, que momentos antes avançara o sinal vermelho, foi por ele agredido com um barra de ferro. Em estado de coma, sofreu uma cirurgia no cérebro. Até hoje tem sequelas pela brutal e injustificada agressão.

O motorista era portador de esquizofrenia paranóide. Os dois filhos da vítima, que presenciaram a cena, de 13 e 14 anos, na ocasião, também poderão adquirir graves sequelas psicológicas. No mínimo, terão aprendido que vivemos no mundo globalizado da violência, também produzido pelo comportamento assassino no trânsito.

No ano passado, num terminal rodoviário no Rio, um jovem de 25 anos resolveu furtar um ônibus (a chave encontrava-se na ignição e o motorista ausente), percorrendo, em desabalada e perigosa carreira, um trecho de mais de 20 km, causando no trajeto vários acidentes e sendo perseguido pela polícia. Ele retornava de um festa, era usuário de drogas e havia consumido bebida alcoólica em demasia, numa mistura explosiva que tem dado causa a muitas tragédias no trânsito brasileiro.

Tais fatos, de extrema agressividade e loucura ao volante, colocam em xeque atuais normas do Conselho Nacional de Trânsito quanto à necessidade da realização, quando da renovação da carteira de habilitação,deexame psicológico também para motoristas amadores. Atualmente a obrigatoriedade é para apenas para quem exerce atividade remunerada ao volante.

Quantos motoristas amadores, após a primeira habilitação, com o passar dos anos adquirem graves doenças mentais, alguns vivendo ad eternum à base de remédios controlados, e continuam dirigindo? Quantos são dependentes de drogas ilícitas e dirigem? Os Departamentos Estaduais de Trânsito têm ciência disso? Têm controle sobre essa grave questão? Por que não incluir imediatamente o exame psicológico na renovação da carteira, de 5 em 5 anos, também para motoristas de categoria A (motociclistas) e B (carros de passeio)?

Nesse contexto de perigo iminente em vias públicas coloca-se também em xeque a Psicologia de Trânsito, ciência que estuda e diagnostica o comportamento de condutores de veículos. Não há dúvida que a Psicologia de Trânsito precisa evoluir para detectar tendência a distúrbios psicóticos e dependência de drogas.

Fica aqui a proposta ao Conselho Nacional de Trânsito. A sociedade não pode ficar também a mercê dos loucos do volante. Trânsito é meio de vida, não de comportamento perigoso e desajustado.

admin | Geral | Comente | sábado, 14 de janeiro de 2012 | 07:05
Atenção, comentaristas. Excepcionalmente, agora de manhã, não teremos condições de postar comentários.
Carlos Newton

Pedimos desculpas aos comentaristas, mas excepcionalmente esta manhã e até o início da tarde, não teremos condições de postar comentários.

O motivo é que o editor do Blog estará trabalhando no interior da Baixada Fluminense, em área sem contato de banda larga móvel.

Esperamos restabelecer os comentários o mais rápido possível.

admin | Geral | Comente | sábado, 14 de janeiro de 2012 | 04:10
Depois da denúncia da ministra Eliana Calmon, Tribunal enfim pede que magistrados entreguem declarações de renda (mas nem sabe se eles atenderam)
Carlos Newton

Depois que a corregedora do Conselho Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, denunciou que desembargadores e juízes de Mato Grosso não tinham entregado suas declarações anuais de bens e rendimentos referentes aos últimos cinco anos, o Tribunal de Justiça decidiu pedir oficialmente aos magistrados do Estado que cumpram a lei. Detalhe: pediu, mas nem sabe se já entregarem, vejam só que esculhambação.

A medida decorre de uma inspeção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), realizada entre janeiro e fevereiro de 2011, que apontou que os juízes e desembargadores locais não estavam entregando as informações, como manda a legislação.
A irregularidade foi revelada no mês passado pela ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça. “Em Mato Grosso nenhum juiz entregou informações sobre a renda. É o local que mais me preocupa”, disse à época.

O CNJ afirma que, além de falhar na cobrança e no controle da entrega das informações, o TJ também não aplica as punições previstas em lei, que incluem demissão do cargo ou até exoneração do emprego.

“Todos os servidores públicos têm que apresentar suas declarações de bens e de renda de acordo com a lei e isso deve ser examinado pelos órgãos de controle, como a corregedoria e o Tribunal de Contas da União [TCU]“, disse Calmon em dezembro.

Para a corregedora, as declarações de bens são instrumentos de fiscalização que não podem “ficar dentro do arquivo”. “É para examinar se tem transação ilícita”.

A assessoria do CNJ disse que a íntegra do relatório da inspeção em Mato Grosso não pode ser divulgada porque ainda não foi submetida ao plenário do conselho.

Em nota oficial ao repórter Rodrigo Vargas, da Folha, o Tribunal disse que a situação foi tratada “ainda durante a inspeção” do CNJ e que enviou ofícios a todos os magistrados do Estado pedindo que encaminhem as declarações de Imposto de Renda de Pessoa Física dos últimos cinco anos.

A cobrança foi reiterada, ainda segundo o tribunal, em maio de 2011. “Os magistrados serão novamente oficiados em 2012 a entregar suas declarações referentes ao ano base 2011″, diz a nota.

A assessoria, porém, não soube informar se os magistrados atenderam aos pedidos, vejam só quanta irresponsabilidade e leniência.

Milton Corrêa da Costa
14 de janeiro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário