"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 14 de janeiro de 2012

REVENDO HISTÓRIAS RECENTES...


EROS, O GRAU, OS PADRINHOS E AS COISAS ESTRANHAS.

O TSE – Tribunal Superior Eleitoral – vem fazendo uma verdadeira limpa na política nacional. De uns tempos para cá, sob a égide do Ministro Carlos Ayres Britto, o TSE acabou se tornando no pesadelo da banda podre da política que assola o país. Temerosos de que “o homem” acabe com seus sonhos de grandeza, realizados num paraíso de compras de votos e de abuso do poder econômico (entre outras irregularidades); essa turma encontrou no Ministro Eros Grau do STF – Superior Tribunal Federal – uma mão amiga que suspendeu todos os processos e ainda ameaça, caso a incompetência do TSE seja ratificada, provocar um imbróglio nunca antes visto na situação política desse país.

Se isso ocorrer, quase todos os políticos pegos com as calças na mão pelo TSE poderão recorrer das sentenças e serem reconduzidos aos seus cargos. O problema está justamente aí. Os mandatos acabam no ano que vem e a coisa poderá gerar enormes problemas e envolver indenizações polpudas caso não seja mais possível fazer o retorno dos condenados aos seus postos originais.

Fica a tristeza por saber que o ministro Eros Grau, nomeado por Lula, deu eco aos temores dos coronéis espertalhões que vivem de comprar votos e temem a chegada do próximo ano como o diabo teme a Deus. Afinal de contas, será em 2010 que Joaquim Barbosa (conhecido por ser linha dura com casos de corrupção envolvendo políticos) presidirá o tribunal e já deu mostras que continuará “fazendo a limpa” onde puder (o que, diga-se de passagem, já motivou mudanças na legislação eleitoral que está no senado; visando limitar o poder do TSE).

Outro ponto curioso e estranho é o fato da decisão dar-se justamente no momento em que uma personagem intrigante (e dotada de um poderoso padrinho) seria julgada pelo TSE acusada dos crimes e falcatruas que são tão rotineiros na classe política. Essa personagem emblemática é ninguém mais do que Roseana Sarney.

Não me cabe aqui questionar a retidão, a lisura e a competência do Ministro Eros Grau (e jamais farei isso). Mas, fica no mínimo estranho imaginar que a decisão tenha sido proferida num momento salvador e tão vital para a família Sarney e para o governo: o exato momento em que o país parece ter mergulhado no esquecimento todas as falcatruas, irregularidades e mamatas em que José Sarney e seus familiares se envolveram.


Para proteger Sarney e sua família, Lula foi capaz de arrastar na lama pútrida um dos poderes da República de maior respeito e tradição; ao mesmo tempo destruiu (sem pestanejar) moralmente e corrompeu a integridade de seu próprio partido em nome da garantia da impunidade de Sarney e da garantia de seu apoio político a Dilma nas eleições de 2010. Depois de pensarmos nisso, não seria uma coisa estranha imaginar que tal coisa tenha se repetido e que um pedido ao seu ministro indicado tenha sido providencial para salvar a cabeça de Roseana e garantir o esquecimento do noticiário sobre os Sarney. Pelo que sabemos dos Sarney; a frase “quem tem padrinho não morre pagão” é muito mais do que um ditado antigo nessa família.

O simples fato de ter sido Roseana a principal beneficiada pela medida zelosa do ministro, já qualifica a matéria como tema para uma “boa” teoria da conspiração. Pelo sim, pelo não o pedido de liminar foi recebido em 02/04/2009 e em 04/05/2009 uma consulta a Advocacia geral da União teve como resultado a improcedência do pedido. O processo estava “em Banho Maria” até que o PMDB entrou “na parada” em 11/09/2009 e, em apenas três dias a liminar foi concedida (veja aqui) no despacho o ministro Eros Grau vaticina: “(…)Em face da relevância da questão e do perigo de lesão grave(…)”. O engraçado é que, lá em Abril, não se percebia o tal “perigo de lesão grave”.

É ou não uma daquelas coisas estranhas?

Arthurius Maximus, setembro 15, 2009

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