"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DE PÉS E MÃOS AMARRADOS


A liminar passada por don Marco Aurélio Mello no ultimo minuto antes do recesso do Judiciário vem abrir a porta da ratoeira onde estavam ameaçados de ficar presos 115 juízes acusados de corrupção que vinham sendo investigados pelo Conselho Nacional de Justiça.

Suspende, também, a ação de desratização que essa corregedoria nacional do sistema Judiciário estava preparando para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) onde está em curso um mal disfarçado trem da alegria que permite aos meritíssimos arrancar dos cofres públicos proventos muito mais altos do que a lei autoriza.

O Judiciário, como se sabe, funciona como o pé de cabra da nomenklatura para arrombar os cofres públicos e, em plena crise do euro e demais sinais da tempestade que vem vindo, pressiona o governo por um aumento de módicos 56%, transferíveis, uma vez obtidos, a todo o funcionalismo público.


Com este golpe, cai por terra uma das últimas defesas de que o país dispunha contra a sanha da horda de bárbaros que assalta o Brasil desde a instalação da nova ordem petista.

O Brasil jaz agora, amarrado de pés e mãos, para o que quiser fazer dele a companheirada.

Na semana passada o governo petista se recusou a assinar, em Genebra, um acordo internacional patrocinado pela Organização Mundial do Comércio para o estabelecimento de normas para compras governamentais e licitações considerado como “um verdadeiro tratado internacional anticorrupção“. O chanceler Antônio Patriota, isolado nessa confissão pública de péssimas intenções, apenas disse laconicamente que o acordo “não é do interesse do Brasil“.

A oferta e a recusa têm a ver com a orgia em torno da Copa do Mundo e da Olimpíada que está criando uma nova nobreza brasileira…


Poucos dias antes a Comissão de Ética Publica do Executivo, que nunca chegou a ter autoridade legal, tinha sido pulverizada no episódio Carlos Lupi quando a sra. Dilma Roussef, ao receber o relatório circunstanciado da entidade recomendando a demissão do ministro ladrão ameaçou prender os membros da Comissão chamados de “velhos gagás” por um dos esbirros de Lupi de mais extensa ficha na polícia.

O Legislativo ha muito tempo que está morto, faltando apenas enterrar.

Desistiu até de legislar. Hoje limita-se a processar projetos de inciativa da Presidência ou suas Medidas Provisórias. E quanto à fiscalização, joga numa retranca cerrada e ostensiva para que ela não ocorra em hipótese nenhuma, seja barrando a instalação, seja travando o funcionamento de CPIs.


A fiscalização de si mesmo, então, nem pensar. Não ha ato flagrante de obscenidade ou agressão à moral e aos bons costumes que possa ser enquadrado na figura da quebra de decoro parlamentar nos dias que correm.

Mais corrompida que os políticos, mostram as pesquisas de aprovação do governo, está a massa dos brasileiros que manda dizer que fecha os olhos a tudo desde que a ladroagem siga lhe atirando no cocho as migalhas do consumo subsidiado e da esmolinha maior que o salário.

Resta em pé, por enquanto, a pequena parcela da imprensa do Sul e do Sudeste que não vive de publicidade paga por governos.

Mas no ritmo em que vamos, não tardará para que também nesse quesito, alcancemos o padrão argentino.

Fernão Lara Mesquita
dezembro 21st, 2011

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