"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 1 de janeiro de 2012

DÉLI: SUCESSOS URBANOS DO SÉCULO XX?

O peso crescente de uma megacidade indiana é motivo para pompa e comemorações

Fotos de Nova Deli
Essa foto de Nova Deli é cortesia do TripAdvisor

Há cem anos o mundo veio a Déli. Em 12 de dezembro de 1911 imensas fileiras de elefantes carregando príncipes percorreram o caminho da velha cidade do império mongol até um pedaço de terra transformado em um gigantesco anfiteatro rodeado por cúpulas. Cerca de 100 mil visitantes chegaram lá após atravessarem quilômetros em novas estradas e uma linha ferroviária especial. A festança era para um rei britânico que estava de passagem pela Índia, George V, para celebrar sua recente coroação, uma demonstração de força feita para atestar a permanência do domínio imperial.

Poucos dos que estavam presentes naquele dia sob o sol fresco de inverno podiam imaginar que os ocupantes ingleses seriam expulsos dentro de quatro décadas. A festa deixou todos maravilhados. Os jornais britânicos a chamaram de “o maior show do planeta”.

Esta semana os habitantes de Déli comemoraram o centenário com pouco mais do que um encolher de ombros pós-colonial.
“Não há muita badalação”, disse um ambulante, reparando na falta de agitação dos funcionários do governo. Ainda assim o evento também marcou a renascença de uma grande cidade, habitada por mais de dois milênios.

O rei George declarou Déli como a capital da Índia novamente, como ela havia sido sob o domínio mongol, relegando Calcutá a um simples entreposto comercial.
As largas avenidas e áreas verdes e os edifícios no novo estilo clássico de Sir Edwin Lutyen, com mais do que o ocasional floreio mongol: tudo isso fez muito bem à cidade.
William Dalrymple, um historiador, a chama de “um dos maiores sucessos urbanos do século XX”.

Agora, com o rápido crescimento econômico, Déli está florescendo. O censo deste ano mostrou que sua população – antes inchada devido aos refugiados punjabis, e mais recentemente por um constante fluxo de migrantes de todas as partes da Índia – chega a 16,7 milhões, comparado a apenas 410 mil em 1911. Contando os subúrbios o número aumenta para 21 milhões.

Já uma das maiores áreas urbanas do planeta, e crescendo rápido, sua dominância nacional é, portanto, assegurada (embora também o sejam a terrível poluição do ar, a falta de água limpa e o alastramento dos vastos guetos).
Os residentes de Déli são duas vezes mais ricos que a média dos indianos, ganhando cerca de 116.800 rúpias (2.170 dólares) por ano cada um. O status da cidade é comparável ao de um estado, como Washingtion, DC, nos Estados Unidos. Sua economia de $40 bilhões cresce 10,5% ao ano.

31/12/2011
Opinião e notícia

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