"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 28 de março de 2012

QUE COMAM BAKLAVA

Políticas públicas de hoje são receitas para causar instabilidade no Oriente Médio

É infelizmente apropriado que Mohamad Bouazizi, o tunisiano cuja autoimolação acendeu o estopim para os primeiros protestos da Primavera Árabe, tenha sido um vendedor ambulante de comida. Desde o início, os alimentos desempenharam um papel mais importante nas insurreições do que a maior parte das pessoas se dá conta. Agora, a Primavera Árabe está intensificando o problema dos alimentos.

Estes começam com uma região em particular: o Oriente Médio e o norte da África compram metade de seus alimentos em países estrangeiros, e entre 2007 e 2010 a importação de cereais para a região aumentou em 13% para 66 milhões de toneladas. Ente 2007 e 2008, seus preços atingiram um pico, com alguns alimentos básicos dobrando de preço. No Egito, o preço local de alimentos aumentou 37% entre 2008 e 2010.

Não surpreende que esses picos tenham estimulado uma onda de revoltas do pão. Bahrein, Iêmen, Jordânia, Egito e Marrocos viram protestos relacionados a alimentos em seus territórios em 2008. Todos eles passaram por insurreições políticas três anos depois. A Primavera Árabe deve-se obviamente a muito mais fatores do que somente à comida. Mas esta teve o seu papel. “O pico do preço dos alimentos foi o último prego no caixão de regimes que não tiveram sucesso em garantir o seu lado do contrato social”, diz Jane Harrigan da London’s School of Oriental and African Studies.

28 de março de 2012
Fontes:The Economist - Let them eat baklava

Nenhum comentário:

Postar um comentário