"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 28 de março de 2012

A MECÂNICA

O governo nunca vendeu automóvel, lingerie ou chocolate. Logo, não há razão para ser anunciante.

Antigamente quando o governante entregava uma obra pública, ele discursava e os jornais noticiavam o fato. O governante pode, a qualquer tempo, requisitar o uso dos meios de comunicação, especialmente aqueles objeto de concessão, como rádio e televisão. E deveria haver avanço nesta matéria por iniciativa do Congresso Nacional.

Aí os tempos mudaram. Aqui no Brasil, na época do governo militar, era necessário criar uma imagem, uma aparência de país grande, construtor, rico e protetor. O slogan mais contundente foi: Brasil. Ame-o ou deixe-o.

Isaac Newton, em Londres, na sua Principia Mathematica (1687) depois alongada em mais dois cadernos, ensina a mecânica clássica, o movimento dos corpos e a gravitação universal.

Voltando ao Brasil, aqui concebemos a mecânica de Isaque Nilto que consistia na transferência de dinheiro público para os meios de comunicação. Como o governo não pode dar um cheque de alguns milhões para o dono da televisão, descobriu-se que as agências de publicidade poderiam fazer o caminho da formiguinha por apenas vinte por cento do total da transferência. E assim foi feito. Proliferaram agências por todo país para formarem o grande formigueiro nacional.

Baixaram regulamentações, embutiram caixa dois para despesas de campanha, dividiram comissões financeiras e criaram festivais de premiações onde uma agencia premia a outra e todos saem vitoriosos. É engraçado... Usam gravatas com elefantes voadores, falam palavras do idioma de Isaac Newton e pensam que são mais geniais do
que Leonardo Da Vinci ou inventivos como Miró.

Outros fazem fortuna num mandato governamental. Alguns em dois mandatos.

Aqui na capital vemos muitos que se imaginam como Oliver Stone quando na verdade mais se parecem com Ronald Biggs. Aquele do assalto ao trem pagador na terra do primeiro Isaac, o genial Newton da mecânica clássica.

28 de março de 2012
editorial, sérgio rubim

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