Afinal foi marcada a data do julgamento do mensalão. Em torno dessa decisão,
choveram, de lados opostos, protestos contra as pressões. Para mim, uma questão
ociosa. Aqui e fora daqui, o Judiciário, como os outros poderes, sempre esteve
sujeito a pressões de indivíduos ou de grupos. Lula pleiteou que o julgamento se
fizesse após as eleições de outubro. Isso foi uma pressão? Sem dúvida.
O Globo, de 6 de junho passado, reiterando numerosas manifestações no mesmo sentido, exigiu em editorial: “o julgamento tem de começar logo”. Isso foi uma pressão? Sem dúvida. Em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro Marco Aurélio, do STF (nomeado por Collor), salientou que a pressão de Lula era legítima assim como o da imprensa antilulista. Ele disse o óbvio, mas com oportunidade.
Abandonemos esse assunto que já não atrai atenção. Observo que muitos oposicionistas estão menos interessados na aplicação da Justiça, isto é, punição dos culpados, do que nas consequências políticas do julgamento. Eles alimentam a expectativa de que a decisão do Supremo acarrete em dano irreparável ao PT, faça despencar a popularidade de Lula e, em decorrência disso, Dilma se afaste de uma desconfortável vizinhança.
A meu ver, essas suposições se inspiram naquilo a que os anglo-saxões chamam de wishful thinking (pensamento desejoso). Com ele, o indivíduo faz previsões com base não nos dados da realidade e sim no que gostaria que acontecesse. Isso não é pecado, mas toda a objetividade.
Evidentemente a ruptura de Dilma com Lula só é concebível se ele sofrer um colapso político. Não é preciso apelar para a História e sim para o simples bom senso para saber que a criatura só se rebela contra o criador quando acha que tem algo a ganhar com isso. Mas se a popularidade de Lula se mantiver num alto patamar, que ganharia de Dilma se rompesse com ele? Isso facilitaria a sua reeleição? Na presente situação, todos os interesses e conveniências confluem para a continuidade da aliança Dilma-Lula. Às vezes, é preciso acentuar o óbvio.
Vamos aguardar as consequências do momentoso julgamento. Elas serão avaliadas, não apenas pelas eleições municipais, mas também pelas pesquisas de opinião que virão depois.
O Globo, de 6 de junho passado, reiterando numerosas manifestações no mesmo sentido, exigiu em editorial: “o julgamento tem de começar logo”. Isso foi uma pressão? Sem dúvida. Em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro Marco Aurélio, do STF (nomeado por Collor), salientou que a pressão de Lula era legítima assim como o da imprensa antilulista. Ele disse o óbvio, mas com oportunidade.
Abandonemos esse assunto que já não atrai atenção. Observo que muitos oposicionistas estão menos interessados na aplicação da Justiça, isto é, punição dos culpados, do que nas consequências políticas do julgamento. Eles alimentam a expectativa de que a decisão do Supremo acarrete em dano irreparável ao PT, faça despencar a popularidade de Lula e, em decorrência disso, Dilma se afaste de uma desconfortável vizinhança.
A meu ver, essas suposições se inspiram naquilo a que os anglo-saxões chamam de wishful thinking (pensamento desejoso). Com ele, o indivíduo faz previsões com base não nos dados da realidade e sim no que gostaria que acontecesse. Isso não é pecado, mas toda a objetividade.
Evidentemente a ruptura de Dilma com Lula só é concebível se ele sofrer um colapso político. Não é preciso apelar para a História e sim para o simples bom senso para saber que a criatura só se rebela contra o criador quando acha que tem algo a ganhar com isso. Mas se a popularidade de Lula se mantiver num alto patamar, que ganharia de Dilma se rompesse com ele? Isso facilitaria a sua reeleição? Na presente situação, todos os interesses e conveniências confluem para a continuidade da aliança Dilma-Lula. Às vezes, é preciso acentuar o óbvio.
Vamos aguardar as consequências do momentoso julgamento. Elas serão avaliadas, não apenas pelas eleições municipais, mas também pelas pesquisas de opinião que virão depois.
Humberto Braga é conselheiro aposentado do
TCE-RJ
14 de junho ded 2012
Humberto Braga
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