"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 27 de junho de 2012

DENÚNCIA DO JORNAL BRITÂNICO

Jornal britânico denuncia como Arábia Saudita e Qatar dão armas e financiam rebeldes e mercenários na Síria

O jornalista Valter Xeu, do site Pátria Latina, nos envia reportagem do jornal britânico The Guardian, escrita por Martin Chulov (Beirute), Ewen Mac Askill (Washington) e John Densky (província de Idlib, na Síria), denunciando que a Arábia Saudita está assumindo o pagamento dos salários dos membros do “Exército Livre de Síria”, para aumentar a pressão militar ao regime de Assad.

A medida, que vinha sido debatida entre Riad e dirigentes do mundo árabe e dos EUA, foi adotada depois que os membros do governo saudita perceberam que toda vez que seu país e o Qatar fazem remessas de armas enviadas às forças rebeldes, através da fronteira Sul da Turquia, o impacto é muito positivo nos campos de batalha na Síria.

A reportagem mostra que a Turquia também permitiu o estabelecimento de um centro de comando em Istambul, que está coordenando as atividades em conjunto com os líderes rebeldes no interior da Siria. Acredita-se que esse centro esteja composto por no máximo 22 pessoas, a maioria, cidadãos sírios.

O repórter John Densky, do The Guardian, foi testemunha da transferência de armas aos rebeldes no princípio de junho, próximo à fronteira turca. Cinco homens vestidos ao estilo dos árabes do Golfo chegaram a um povoado fronteriço a Altima, na Síria, e entregaram 50 caixas de fuzis e munições, assim como uma grande carga de medicamentos, que trouxeram da cidade turca de Reyhanli.

Esses homens foram tratados com deferência pelos líderes rebeldes locais, e o fluxo de armas, segundo The Guardian, revitalizou a insurreição no norte da Síria. Nesse contexto, o pagamento dos salários dos guerrilheiros é visto como uma oportunidade para renovar a confiança da guerrilha e também para incentivar deserções nas forças armadas sírias. Como se sabe, o valor da libra síria se reduziu drasticamente desde que começou a revolta contra o regime de Assad há 16 meses, causando a uma dramática queda do poder aquisitivo da população. Assim, o plano saudita é pagar os salários dos guerrilheiros e mercenários em dólares ou euros, fazendo com que o valor dos soldos, na prática, seja maior do que antes.

free syria army
Rebeldes e mercenários sírios (reprodução de foto da Ag. AFP-Getty)


EUA APOIAM O PAGAMENTO

O senador americano Joe Lieberman, que apoia ativamente a oposição siria, examinou a questão dos soldos durante recente viagem ao Líbano e à Arabia Saudita. Seu portavoz, Whitney Phillips, revelou:
“O senador Lieberman pediu que os Estados Unidos proporcionem um amplo e robusto suporte à oposição armada siria, em coordenação com nossos sócios no Oriente Medio e Europa. Conclamou especificamente aos Estados Unidos a trabalharem com nossos sócios para proporcionar armas, treinamento, inteligência táctica, comunicações seguras e outras formas de apoio à oposição armada síria, para mudar o equilíbrio do poder militar dentro da Síria”. E acrescentou:

“O senador Lieberman também apoia a idea de garantir que os combatentes armados recebam um salário regular e suficiente, apesar de não crer que seja necessário que os Estados Unidos proporcionem diretamente este financiamento”.

A reportagem do The Guardian cita também que na semana pasada o The New York Times informou que a CIA estava operando no sul da Turquia, ajudando a decidir quais seriam os aliados combatentes da oposição que receberiam as armas.
Portanto, não é preciso dizer mais nada. Vamos parar por aqui.

Carlos Newton
27 de junho de 2012

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