"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 27 de junho de 2012

PARAGUAI, SOBERANIA E A PARANÓIA BOLIVARIANA


Começo este artigo com uma pergunta à você leitor: A deposição de Collor foi um golpe?
A resposta é uma só: Claro que não.

E o mesmo se deu no Paraguai. O ex-presidente Lugo foi deposto por um mecanismo constitucional; com o referendo da esmagadora maioria do Congresso Nacional Paraguaio; obteve o aval da Corte Suprema Paraguaia (por unanimidade) e foi substituído por seu vice-presidente eleito. Então, por gentileza, me expliquem onde está contido o golpe nessa equação?

A ideia de golpe é vendida pela esquerda retrógrada brasileira e por exemplos democráticos nada sérios como o presidente Chávez e seu conjunto de títeres na UNASUL. O Brasil, como no caso Zelaya, embarca na paranoia bolivariana e esquece que o maior determinante para identificar uma democracia não é ter um presidente eleito ou eleições diretas; é a submissão deste presidente (e de todos os políticos) as leis e a constituição.

Assim, se a Constituição Paraguaia prevê a deposição e todo o rito legal foi seguido à risca (mesmo que esdrúxulo aos nossos olhos), quem somos nós para interferirmos nos assuntos internos e soberanos de um país?
A interferência de Chávez e de seus simpatizantes na deposição de Lugo, vem muito mais do temor de que o mesmo lhes aconteça em seus próprios países do que, propriamente, pelo desejo de defender a democracia.

Aqui no Brasil, a ideia de que um presidente eleito por ampla maioria pode tudo (desde que tenha alta popularidade) foi vendida por Lula e usada para abafar todas as violações legais que o ex-presidente praticou durante seu mandato e continua praticando depois dele. Deixou-se de lado o princípio democrático de que todos são iguais perante a lei e se criou a figura do semideus político que tudo pode.

A ideia de que a popularidade é igual a legitimidade e não o respeito às leis e a subserviência de todos os cidadãos (do mais poderoso ao mais humilde) a elas o que define uma democracia foi instalada em nossas mentes visando referendar e desculpar as atrocidades de Lula à frente do PT.

Infelizmente, diferente dos hondurenhos e dos paraguaios, não tivemos a devida competência para mostrar que não desejamos semideuses e sim estadistas capazes de levar o Brasil para o lugar em que ele merece estar.

Portanto, se Lugo violou as leis de seu país e mostrou-se indigno de ocupar o cargo de presidente da república, os paraguaios têm todo o direito de dar-lhe “um pé na bunda” (exatamente como fizemos com Collor). É o desejo de manter os estados sul americanos sob o tacão da ideologia chavista que impele, essa gente que grita “golpe”, a querer ditar as regras que uma nação soberana deve seguir.
Lugo mostrou-se incompetente desde os primeiros dias de seu governo e foi incapaz de lidar com os problemas paraguaios; concentrando-se apenas em torná-los nossos (a a administrar sua prole até então oculta).

Da mesma forma que Evo Morales só se sustenta no poder boliviano pelos rios de dinheiro que recebe de Chávez e do Brasil, Lugo deixou de lado as reformas e os problemas de seu país para eleger o Brasil como um inimigo particular do Paraguai e perseguir brasileiros que vivem naquele país, atribuindo a nós a culpa de todos os problemas paraguaios e exigindo, como um chantagista barato, cada vez mais recursos a título de compensação “pelos danos”.

Essa desculpa das atrocidades cometidas na Guerra do Paraguai simplesmente não cola mais. Os paraguaios e as esquerdas (que anseiam em nos fazer sentir culpados pela ineficiência e corrupção alheios) se esquecem de que foi o Paraguai quem começou o conflito e que ele já aconteceu há mais de cento e quarenta anos (tempo mais do que suficiente para que os paraguaios fizessem alguma coisa por si).

Portanto, o Brasil embarca mais uma vez na canoa furada chavista e grande parte da imprensa vai na mesma linha sem se dar conta de que estamos cometendo um erro.

Lugo incentivou a violação de direitos civis e perseguiu cidadãos brasileiros que vivem e produzem no Paraguai; permitiu que grupos guerrilheiros se infiltrassem, armassem e treinassem os “sem-terra” paraguaios e permaneceu omisso enquanto essas milícias levavam terror e morte às margens de nossas fronteiras. Tudo isso sob a passividade criminosa de nosso próprio governo.

Se nem os próprios paraguaios estão reclamando da deposição de Lugo, quem somos nós para nos prendermos a um títere chavista e a um político sabidamente mentiroso e não confiável? Isso fica ainda mais grave quando o político em questão preside um país problemático às margens de nossas fronteiras e usa isso para extorquir o povo brasileiro como forma de esconder sua incompetência administrativa.

O Brasil deve, de uma vez por todas, deixar de lado a fantasia bolivariana e concentrar-se apenas em seus interesses e em se impor como nação dominante no continente, varrendo o bufão Chávez para o seu lugar de direito que é a vala comum da história destinada aos ditadores megalomaníacos e suas nações arrasadas por sua incompetência e sonhos de poder ilimitado.

Devemos assumir que temos muito mais a ver com a Europa e os EUA do que com a antiga URSS e abandonar o passado deixando, de uma vez por todas, o complexo de culpa que os agentes do atraso sempre quiseram nos incutir.
E você leitor, o que pensa disso.

27 de junho de 2012
visão panorâmica

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