"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 22 de junho de 2012

INDONÉSIA DIZ QUE EXECUTARÁ BRASILEIRO EM POUCAS SEMANAS

O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 50, condenado à morte por tráfico de drogas em 2004, será fuzilado nas próximas semanas, segundo o governo da Indonésia. O presidente do país, que está na Rio+20, recusou o último pedido de clemência, feito em 2008

O carioca Marco Archer, 50, foi flagrado ao entrar no país com 13,4 quilos de cocaína em 2003

Procurador disse ao "The Jakarta Post" que execução será em breve e que último pedido foi uma garrafa de uísque

O governo da Indonésia decidiu que o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 50, condenado à morte por tráfico internacional de drogas em 2004, será executado nas próximas semanas.


A decisão foi anunciada anteontem pelo procurador Andi Konggoasa ao "The Jakarta Post", o principal jornal em língua inglesa do país. Procurado, o Itamaraty informou que está ciente da situação e que está adotando medidas sobre o caso.

Marco será o primeiro brasileiro a ser executado em outro país -e o primeiro ocidental a ser morto na Indonésia. O país mantém cerca de 30 estrangeiros, entre eles outro brasileiro (leia texto nesta página), no corredor da morte -a maioria por tráfico.

A execução se dá por fuzilamento. Além dele, outros dois estrangeiros morrerão, segundo o procurador. A Indonésia não executa ninguém desde 2008.

Segundo o jornal, Marco já fez até o último pedido: uma garrafa de Chivas Label.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que está no Brasil participando da Rio+20, recusou o último pedido de clemência, feito em 2008. Foi a segunda recusa: a primeira ocorrera em 2006. Não há mais possibilidade de recursos na Justiça.

Nascido no Rio de Janeiro e instrutor de asa-delta, Marco foi preso em 2003 ao tentar entrar com 13,4 quilos de cocaína no aeroporto de Jacarta, ainda hoje uma das maiores apreensões de droga no país. A condenação veio em 2004: pena de morte.

Segundo ele, a venda da droga serviria para pagar uma dívida contraída com um hospital em Cingapura.

Em 1997, Marco sofreu uma queda de um parapente em Bali e teve que ser transferido para o país vizinho.

Não conseguiu pagar todo o tratamento e era constantemente cobrado.

Foi então que, segundo ele, viajou para o Peru para comprar a droga e tentar entrar na Indonésia para vendê-la.

A pena de morte para tráfico de drogas foi instituída no país em 1997, a exemplo do que ocorre em outros países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Malásia, Cingapura e Filipinas.

ARREPENDIMENTO

O brasileiro está preso em Nusakambangan, um complexo de prisões a 430 km de Jacarta. A Folha esteve com ele em 2010. Na época, Marco disse que estava arrependido do que fez e que sonhava em voltar ao Brasil.

Ele não é casado nem tem filhos. A sua mãe morreu em 2010 e ele tem duas tias. Uma delas, que está mais envolvida com o caso, ficou bastante abalada. A embaixada da Indonésia ficou de enviar um pedido de desculpas a ela.

RICARDO GALLO
EM BRUXELAS

Folha de São Paulo - 22/06/2012
in lilicarabina

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