"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 22 de junho de 2012

TETO ELÁSTICO

 



O escárnio parece não ter fim. Esta semana, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de emenda constitucional (PEC) que, na prática, acaba com o teto salarial para o funcionalismo, que hoje está em R$ 26.700 mensais (em um país com renda per capita na casa dos R$ 2 mil mensais). A PEC ainda precisa ser aprovada no plenário da Câmara e no Senado.

Para Raul Velloso, essa proposta “tem um efeito semelhante ao de abrir uma tampa de uma chaleira, que está prestes a explodir”. Os marajás de Brasília nunca descansam quando o assunto é a expansão do butim da coisa pública. Isso sem falar que cerca de quatro mil servidores, políticos e magistrados dos três Poderes já ganham acima do teto, segundo o site Congresso em Foco. Subterfúgios como verbas extras fora do cálculo do teto explicam este absurdo.

O abuso da classe parasitária é tão escancarado no Brasil que seria compreensível a defesa da desobediência civil por parte dos hospedeiros explorados. Pagar todos os impostos nesse país é financiar esta pouca vergonha, e os políticos e seus apaniguados não demonstram um pingo de semancol. O teto salarial dos burocratas e governantes é tão elástico que mais parece uma lona de circo. O problema é que os palhaços somos nós, os pagadores de impostos obrigados a bancar a farra.

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Morreu ontem Anna Schwartz, a co-autora do clássico sobre a história monetária dos Estados Unidos com o Prêmio Nobel Milton Friedman. Apesar de Ben Bernanke, o presidente do Fed, enaltecer as lições sobre a Crise de 29 extraídas da obra, Anna Schwartz foi uma crítica das medidas do Fed nos últimos anos, pelo excesso de afrouxamento monetário. Ela morreu com 96 anos. Que descanse em paz.
 
Rodrigo Constantino
22 de junho de 2012

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