"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 16 de junho de 2012

PELA EUROCOPA

Na semana em que o alçapão da Vila Belmiro falhou em capturar um organizado e astuto gavião, deixando tudo em aberto para o confronto da próxima quarta-feira, o grande assunto do futebol mundial foi e ainda é a disputa da Eurocopa. Nenhuma competição no mundo é tão arriscada quanto ela, nem mesmo a Copa do Mundo.

E explico por que: na Copa do Mundo, é comum que a fase de grupos mescle algumas seleções mais fracas - como Coreia do Norte, Nova Zelândia, Honduras e Argélia, que estiveram no último Mundial - com outras consideradas favoritas.

Já na Eurocopa, simplesmente não tem jogo fácil. As 16 seleções que participam do torneio são as grandes forças do continente que reúne a maior quantidade de grandes forças do planeta futebol. Num grupo com quatro times fortes, uma bobeada e... adeus título.

Veja o caso do Grupo B, para mim o mais encardido: Alemanha, Portugal, Dinamarca e Holanda. A Holanda, vice-campeã do mundo, não chegou a jogar mal, mas tropeçou e agora só se classificará por milagre. Nos demais grupos, a situação não é tão diferente, com várias seleções de ponta passando sufoco.

Do que vi até aqui, salta aos olhos a eficiência da Alemanha, desde já - ou melhor, desde 2010 -, candidata ao título da Copa do Mundo do Brasil. O time alemão, que na África do Sul era jovem e contava com poucos jogadores famosos, hoje é muito mais rodado.

Uma seleção que combina organização tática com poder ofensivo, cujo nome da hora é o goleador Mario Gomez. O técnico Joachim Löw, que levou o jovem grupo a uma inesperada terceira colocação em 2010, hoje sabe que tem em mãos um time para sonhar mais alto. E sonhar mais alto quer dizer nada menos do que conquistar a Eurocopa e, quem sabe, o próximo Mundial.

Os espanhóis também estão jogando como devem. Depois de um empate duríssimo diante da Itália - que atuou bem, mas corre o risco de não se classificar -, os atuais campeões do mundo golearam os irlandeses e agora se medirão com a Croácia. Mas não se iluda: um tropeço diante dos croatas pode selar a eliminação da seleção mais festejada do momento.
Apenas para que tenhamos ideia de como é difícil conquistar a Eurocopa.

Além de Alemanha e Espanha, gostei até aqui do futebol da Rússia e da França, que parece realmente disposta a apagar o vexame que deu na África. Curiosamente, a Itália, que corre o risco de sair cedo, pode complicar a vida de qualquer um se seguir adiante.
A Inglaterra também vem jogando bem.
Decepção mesmo, até agora, além da Holanda, foi Cristiano Ronaldo. O português não consegue fazer a diferença para a sua seleção, que, apesar disso, vem fazendo boa campanha. Na condição de segundo melhor jogador do mundo e maior craque da Eurocopa, o gajo está devendo.

A próxima semana estará repleta de grandes jogos. No Brasil, o emocionante Corinthians x Santos, além das semifinais da Copa do Brasil. E a Eurocopa pegando fogo, com a rodada final da primeira fase, o choro dos eliminados, a festa dos classificados e o início dos mata-matas. Assunto não vai faltar.

MARCOS CAETANO - O Estado de S.Paulo
16 de junho de 2012

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