"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

SANTOS NEGOCIARÁ COM O NARCOTERROR COMUNISTA. ISSO É POSSÍVEL?

  
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
Agora sabemos que as FARC dialogavam em segredo com emissários de Santos enquanto seqüestravam, plantavam minas, recrutavam crianças, atentavam contra a população civil e exportavam drogas.

A decisão do presidente Juan Manuel Santos de abrir “negociações de paz” com as FARC, após um período de “contatos” secretos com o bando terrorista, em Cuba e outros países, como ele e um porta-voz das FARC acabam de admitir publicamente, é o resultado de uma acumulação de problemas irresolvidos do governo colombiano.
 
Esse anúncio sobrevem após a queda da popularidade do chefe de Estado colombiano e em meio à maior crise de segurança que o país vive. O aspecto mais visível dessa crise, porém não o único, são os episódios recentes de terror continuado em quatro estados do sul da Colômbia, um grave atentado em Bogotá contra um ex-ministro e jornalista, Fernando Londoño Hoyos, a nova onda de ataques a populações e de destruições de infra-estruturas elétricas e os tumultos indígenas do Cauca que pretendiam beneficiar as FARC tirando a força pública de corredores estratégicos para a segurança nacional.
 
Para resumir, o plano de Santos de “dialogar” com as FARC não emerge no melhor momento de seu mandato, senão em uma fase de declive no qual não se destaca nenhum avanço político, social e militar do Estado colombiano em sua luta histórica contra a subversão narco-comunista. Pelo contrário, é o resultado da nova relação de forças imposta por esta ao Estado colombiano.
 
É também a conseqüência de um melhoramento da posição das FARC no cenário internacional. As FARC consolidaram seus bastiões em Cuba, Venezuela e Equador, e contam com redes de simpatizantes em cada país do hemisfério, inclusive os Estados Unidos. A ação diplomática colombiana frente a essa ameaça tem sido inexistente.
 
Queiram ou não os publicitários do palácio de Nariño, essa é a base política objetiva sobre a qual começará a nova tentativa de “diálogo” com as FARC. A essa desvantagem estratégica se lhe soma outra: o erro de Santos de aceitar o esquema predileto do defunto Tirofijo de “negociar no meio do conflito”. Esse esquema, no qual cada colombiano morto ou ferido pelas FARC pesa contra a Colômbia na mesa de negociação, explica por quê as FARC cresceram cada vez que o Estado colombiano dialogava com elas.
 
Desde já pode-se ver que esse processo, como os anteriores, não vai ser fácil nem promissor para a democracia colombiana, nem para a estabilidade do continente. O pior de tudo é que essa concessão de Santos às FARC custará a vida de centenas de colombianos.
 
As FARC de hoje têm pouco a ver com as FARC de 2010. Os oito anos de governos de Álvaro Uribe impuseram a essas hordas uma situação de desgaste, batida em retirada e isolamento como nunca antes. As FARC perderam cerca de 10 mil combatentes, entre baixas, feridos, capturas, extradições e, sobretudo, deserções.
Uribe havia conseguido a desmobilização de 52 mil homens e mulheres em armas (35 mil para-militares e 17 mil guerrilheiros). A força pública havia sido capaz de expulsar as FARC de vastos territórios, eliminar e encarcerar uma parte de sua liderança, confundir e humilhar os chefes restantes, obrigá-los a se refugiar na Venezuela e Equador.
Em inúmeros combates, sobretudo com as operações Fênix e Xeque, que o mundo inteiro admirou, o Exército e a Polícia colombianos demonstraram que as FARC já não podiam estar seguras em nenhum lugar. E o otimismo voltou a renascer no coração dos colombianos.
 
Porém, em apenas dois anos do governo de Santos essas conquistas se perderam. O desmonte da segurança democrática, a tolerância do Executivo ante os desmandos do poder judiciário e o agravamento da guerra jurídica contra as Forças Armadas paralisaram a força pública, confinaram-na a ações defensivas, e permitiu às FARC voltar a suas ofensivas, a ocupar territórios, a re-atualizar suas redes locais e internacionais, a montar atentados em Bogotá, a golpear as comunidades indígenas, a se infiltrar nos movimentos sociais, a reforçar seu negócio de drogas, e a impor na imprensa e nos meios de comunicação sua mentira acerca da “saída negociada do conflito”.
 
Agora sabemos que as FARC dialogavam em segredo com emissários de Santos enquanto seqüestravam, plantavam minas, recrutavam crianças, atentavam contra a população civil e exportavam drogas.
O quê Santos vai negociar nessas condições? O quê pode lhes propor, por exemplo, acerca de seus cultivo e tráficos de droga? Um status quo?
 
Até que ponto é possível continuar chamando isso hoje de “negociações de paz”? Planejada por alguém para embelezar um ato que era e que se confirmou nefasto para a Colômbia, essa fórmula caducou desde o fracasso das reuniões de três anos no Caguán.
O que o presidente Santos se propõe agora tem mais o aspecto de outra coisa. Teria que abrir um concurso para determinar qual é a definição mais exata do processo que Santos nos promete.
 
Pois o que se abre não será uma negociação de paz. Com as FARC isso é impossível. Mostra-o a experiência dos últimos 50 anos. Na bagagem intelectual dessa organização não existe a noção de intercâmbio, de negociação, de transação leal. Como movimento totalitário, as FARC só querem o poder e todo o poder.
 
Nesse sentido, nada têm a oferecer aos colombianos, salvo o caos, a destruição da economia de mercado, da propriedade, da região, das tradições, a abolição da democracia e a escravização de todos, como ocorre em Cuba e Coréia do Norte.
 
Apesar do respaldo de alguns porta-vozes da comunidade internacional, o ambiente externo tampouco é bom para essas “negociações”. Se Chávez for derrotado em 7 de outubro próximo, e se Cuba não ganhar seu intento de esmagar em sangue a revolta da cidadania, os chefes das FARC perderão suas guaridas. Se Chávez ganhar a eleição, os problemas e a cólera dos venezuelanos aumentarão.
 
Com um Mitt Romney na Casa Branca Washington poderia abandonar o neutralismo de Obama a respeito do chavismo, e a sorte mudará para os povos que padecem hoje o autoritarismo dos regimes de esquerda. É possível que as “negociações” com as FARC tornem Santos ainda mais impopular e lhe fechem toda a possibilidade de ser re-eleito.
Escrito por Eduardo Mackenzie

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