"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

IMPRESSÕES DO EQUADOR, ONDE É COSTUME FAZER PLEBISCITOS PARA OUVIR O POVO

Impressões do Equador, onde é costume fazer plebiscitos para ouvir o povo

Passei sete dias consecutivos viajando pelas principais cidades do Equador. O país tem quatro regiões geográficas principais bem distintas. São elas a região amazônica, a região serrana montanhosa situada na cordilheira dos Andes, a planície litorânea e o arquipélago de Galápagos. Percorri as montanhosas e perigosas estradas equatorianas visitando Quito, a capital, Baños, Riobamba, Cuenca e Guayaquil, atravessando toda a região, quase metade do país.

É um pequeno país (de apenas 256 mil km quadrados). Assim como o Chile, não faz fronteira com o Brasil. Já teve sérias disputas territoriais com seu vizinho Peru. Importante produtor de petróleo, o qual é responsável por metade da receita de exportações do país, e por um terço da receita tributária do Governo, o país também é grande produtor de bananas e atum.


Rafael Correa, vestido à caráter

Após atravessar um período de instabilidade política, econômica e institucional entre 2000 e 2006, e depois da dolarização da economia realizada em 98, Rafael Correa foi eleito presidente da República, tomando posse em janeiro de 2007, inaugurando mais um governo caracterizado como uma democracia participativa, na qual o povo é chamado a se manifestar diretamente nos plebiscitos e referendos sobre assuntos públicos relevantes.

Assim ocorreu em 2007, quando 64% do eleitorado equatoriano aprovou a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Em 2008, o eleitorado voltou a expressar-se novamente, aprovando o conteúdo da Constituição de Montecristo por 81% dos sufrágios.

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RELAÇÃO COM EUA

O principal parceiro comercial do Equador é os Estados Unidos, mas o presidente Rafael Correa nacionalizou, mediante lei, todo o setor de hidrocarbonetos, que abrange petróleo e gás, contrariando os interesses de poderosas corporações empresariais norte-americanas.

Além disso, o governo equatoriano de Correa concedeu asilo político a Julian Assange, atualmente o inimigo político número um da Casa Branca, devido à divulgação dos documentos secretos do governo americano.
O Departamento de Comércio americano já decidiu cancelar as preferências tarifárias que produtos equatorianos possuíam para serem vendidos no mercado americano; agora tais produtos serão taxados no mercado interno dos EUA e haverá diminuição da receita de exportações do Equador, país já prejudicado pela redução do montante de investimento externo na sua economia.

Ao contrário da Bolívia, cuja população é majoritariamente de origem indígena, o Equador tem apenas 12% da população de origem indígena, a qual habita maciçamente a região do altiplano, da serra montanhosa andina equatoriana.

Haverá eleições presidenciais em janeiro de 2013, e a impressão que o visitante externo tem é de que o Presidente Rafael Correa será reeleito, dando continuidade à sua “Revolución Ciudadana”, apesar das defecções políticas que a Alianza País, seu grupo político-partidário, teve nos últimos tempos, quando dissidências de esquerda resolveram lançar uma candidatura própria, e não apoiar a reeleição de Correa, alegando autoritarismo do Presidente.
Um dos principais líderes dessa dissidência é o ex Ministro de Correa Gustavo Larrea, importante figura política do país.”

O patrimônio histórico, colonial de Quito é fantástico, considerado o mais relevante da América Espanhola, e suas igrejas e museus são belíssimos, o mesmo podendo ser dito de Cuenca.
Em Riobamba, onde morou Bolívar, a principal atração é a travessia de trem pelo cenário montanhoso da região, lindíssimo. Guayaquil, situada na planície litorânea, é a maior cidade e maior centro econômico, onde há monumentos muito bonitos, principalmente os dedicados à memória de Bolívar.

A impressão que tive, ao percorrer os 425 kms que separam Quito de Cuenca, e mais os 175 kms entre Cuenca e Guayaquil, é que o Equador é um imenso canteiro de obras: ao longo de toda a rodovia Pan Americana, que cruza toda a região montanhosa andina do Equador até a planície litorânea do Norte do País em Esmeraldas, são incontáveis as obras de melhoramentos, rodoviárias e sociais, que estão sendo executadas. As cidades de Cuenca e Riobamba também são canteiros de obras.

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