"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

BRAZUCA É O NOME DA BOLA


E no país dos párias de chuteiras, o ufanismo patriótico estúpido já batizou a bola da copa de 2014.
 
Agora ela é oficialmente chamada de BRAZUCA.
Nada mais apropriado para definir a brasilidade cretina de parcela da população que vive de torcer pelo futebol.
 
O mesmo futebol que transforma medíocres jogadores em "melonarus" semi deuses. Onde a "arte" de bater na bola é mais absoluta que o conhecimento e a educação.
 
O futebol que aliena e mata parcela de BRAZUCAS sem noção que não entendem mais nada da vida a não ser o amor ao clube do coração.
 
O futebol que empana o brilho de valentes juízes que estão na luta para transformar este país em uma nação séria e que segue as leis, tentando punir a bandoleiros que entenderam que pão e circo transformam uma população em prezas fáceis para seus planos de perpetuação no poder. Daí a Copa do Mundo na Pocilga.
 
O mesmo futebol onde a malemolência, a manha e a malandragem dão o tom antiesportivo que acaba se tornando lugar comum na vida das pessoas sem noção que acreditam que o jogo ainda se ganha no campo.
 
O mesmo futebol que hoje é responsável pelos maiores rombos e desvios corruptos em obras superfaturadas para a construção de estádiios em cidades que nem times em divisões importantes dos campeonatos da pocilga possuem, mas certamente farão o sonho de alguns idiotas por um mês com uma conta social que certamente ficará pendurada em nossas costas por algumas décadas.
 
Mas o que importa ser o Brasil uma potência mundial em mediocridade se somos os PENTA campeões da bola em busca do EXA que nos fará os melhores em porra nenhuma.
Brazuca.
Nada mais apropriado para coroar a mediocridade de uma nação de desdentados sem educação, sem saúde, sem segurança, sem cidadania.
Que acham engraçada a propria miséria, onde a tragédia humana é deixada de lado no próximo clássico, onde protestar nas ruas contra a bandalheira é coisa para mané.
O legal mesmo é sair às ruas em dias de jogo da "celessão", com a camisa amarela, de bandeira em punho, cantando o Hino Nacional em uma demonstração de orgulho ufano patriótico típico de uma colônia movida a pão e circo.
Abaixo a letra da Música de Gabriel o Pensador "BRAZUCA",
Bom para refletir.
Brazuca
Gabriel O Pensador
 
Futebol? Futebol não se aprende na escola
No país do futebol o sol nasce para todos
mas só brilha para poucose brilhou pela janela do barraco da favelaonde morava esse garoto chamado Brazuca
Que não tinha nem comida na panelamas fazia embaixadinha na canelae deixava a galera maluca
Era novo e já diziam que era o novo Pelé
Que fazia o que queria com uma bola no pé
Que cobrava falta bem melhor que o Zico e o Maradona eque driblava bem melhor que o Mané, pois é
E o Brazuca cresceu, despertando o interesse emempresários e a inveja nos otários
Inclusive em seu irmão que tem um poster do Romário noarmário
Mas joga bola mal pra caralho
O nome dele é Zé Batalha
E desde pequeno ele trabalha pra ganhar uma migalha
que alimenta sua mãe e o seu irmão mais novo
Nenhum dos dois estudou porque não existe educação propovo no país do futebol
Futebol não se aprende na escola
É por isso que Brazuca é bom de bola
Brazuca é bom de bolaBrazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Chega de levar porrada
A canela tá inchada e o juiz não vê
Chega dessa marmelada
A camisa tá suada de tanto correr
Chega de bola quadrada
Essa regra tá errada, vâmo refazer
Chega de levar porrada
A galera tá cansada de perder
No país do futebol quase tudo vai mal
Mas Brazuca é bom de bola, já virou profissional
Campeão estadual, campeão brasileiro
Foi jogar na seleção, conheceu o mundo inteiro
E o mundo inteiro conheceu Brazuca com a dez
Comandando na meiúca como quem joga sinuca com os pés
Com calma, com classe, sem errar um passe
O que fez com que seu passe também se valorizasse
E hoje ele é o craque mais bem pago da Europa
Capitão da seleção, tá lá na Copa
Enquanto o seu irmão, Zé Batalha, e todo o seu povão,
a gentalha da favela de onde veio, só trabalha
Suando a camisa, jogado pra escanteio
Tentando construir uma jogada mais bonita do que agrama que carrega na marmita
Contundido de tanto apanhar
Confundido com bandidoImpedido
Pode parar!!Sem reclamar pra não levar cartão vermelho
Zé Batalha sob a mira da metralha de joelhos
Tentando se explicar com um revólver na nuca:
Eu sou trabalhador, sou irmão do Brazuca!
Ele reza, prende a respiração
E lá na Copa, pênalti a favor da seleção
Bola no lugar, Brazuca vai bater
Dedo no gatilho, Zé Batalha vai morrer
Juiz apitou... Tudo como tinha que ser:
Tá lá mais um gol e o Brasil é campeãoTá lá mais um corpo estendido no chão

O país ficou feliz depois daquele gol
Todo mundo satisfeito, todo mundo se abraçou
Muita gente até chorou com a comemoração
Orgulho de viver nesse país campeão
E na favela, no dia seguinte, ninguém trabalha
É o dia de enterrar o que sobrou do Zé Batalha
Mas não tem ninguém pra carregar o corpo
Nem pra fazer uma oração pelo morto
Tá todo mundo com a bandeira na mão esperando aseleção no aeroporto
É campeão da hipocrisia, da violência, da humilhação
É campeão da covardia e da miséria, corrupção
É campeão da ignorância, do desespero, desnutrição
É campeão do abandono, da fome e da prostituição
 
03 de setembro de 2012
omascate

Nenhum comentário:

Postar um comentário