"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

TRÊS SOMBRAS DO PASSADO (OU A FADIGA DOS METAIS)

 

Vai mal a imagem dos três principais partidos nacionais. Na campanha para as eleições municipais de outubro, arriscam-se a receber cartão vermelho do eleitorado, com as exceções de sempre.

O PT sofre em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e outras capitais, ainda que lute com denodo para virar o jogo.

O PSDB arrisca-se a perder em cidades onde parecia absoluto sem conseguir recuperar a situação naquelas em que já vinha sendo derrotado. O PMDB não empolga, carente de renovação há algumas eleições e acomodado ao papel de acólito de outras legendas.



Significa o quê, esse desgaste? Pelo jeito, fadiga dos metais, aquela situação em aeronáutica quando um avião cai depois de voar muitos anos, sem que tenha havido erro do piloto, tempestade inusitada ou falta de gasolina. Simplesmente, os metais recusam-se a cumprir suas finalidades.

É bom lembrar que em momentos distintos, esses três partidos já exprimiram esperança e renovação. O PMDB foi o principal aríete que derrubou a ditadura militar. O PSDB exprimiu sangue novo retirado de um corpo já desgastado. E o PT foi, sem a menor dúvida, a coisa nova erigida em oposição à ortodoxia partidária.

Ainda vai aparecer um sociólogo capaz de diagnosticar o poder como o denominador comum que explica a tríplice débâcle. Houve tempo em que o partido do dr. Ulysses era absoluto nos planos nacional, estadual e municipal.
O governo Sarney encarregou-se de esgarçá-lo, sem que se debite ao ex-presidente o ônus da queda. Foram os correligionários os responsáveis por auferir as vantagens do poder sem dedicar-se à implantação de mudanças efetivas no país.

Vieram os tucanos, com Fernando Henrique, caindo no mesmo alçapão. Mudaram a Constituição por entender que um só mandato não bastaria para solidificar sua ideologia, mas preferiram valer-se de benesses de toda ordem em vez de produzir resultados.

Quebraram a cara, assistindo os companheiros ascenderem com críticas e programas diversos, mas faltou coragem ao PT para empreender, com o Lula, as reformas em torno das quais o partido se criou.

Também com avidez, dedicaram-se e ainda se dedicam os petistas a gozar o poder sem lembrar-se mais da reformulação das estruturas.
A tudo a sociedade assistiu e tem assistido, armada da única rejeição a ela permitida, o voto.

O resultado aí está: mesmo sem terem desaparecido, PT, PSDB e PMDB são sombras do que foram no passado. Trata-se de um enigma dentro de um mistério saber que estrutura partidária poderá substituí-los. Mas que vai aparecer, não se duvida.

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ESFORÇO REDOBRADO

Enquanto o Congresso dedica-se à ilusão de que consegue trabalhar nas poucas semanas de esforço concentrado, quando na realidade prefere o recesso remunerado, registra-se na outra ponta da Praça dos Três Poderes um verdadeiro esforço redobrado.

Empenha-se o Supremo Tribunal Federal em completar antes de novembro o julgamento dos réus do mensalão. Ignora-se a possibilidade, mas louve-se o esforço.

O presidente Ayres Britto não sabe o que revelarão as curvas do caminho, mas pisa no acelerador para entregar ao país, antes de cair na aposentadoria, os resultados de um dos principais julgamentos da história da corte.

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