"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de outubro de 2012

FAZ SUCESSO NA INTERNET UMA MATÉRIA DA ISTOÉ SOBRE O PASSADO DE DIRCEU COMO GUERRILHEIRO

 

O comentarista Luiz Fernando Brito Pereira, sempre atento, nos manda essa reportagem da isto é, publicada em em 3 de agosto, que faz sucesso na internet. Realmente, as revelações são muito interessantes.

PASSADO CONTESTADO

José Dirceu, segundo o juiz aposentado Sílvio Mota, seu ex-companheiro no treinamento de guerrilha em Cuba, levou uma vida mansa, protegido e privilegiado por amigos de Fidel.

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Mota quer distância de Dirceu

No fim de semana que antecedeu o início do julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu se recusou a participar de uma solenidade destinada a festejar um período obscuro de seu passado. O ato público, convocado por organizações de esquerda, pretendia relembrar o Movimento de Libertação Popular (Molipo), um grupo formado por 28 exilados brasileiros que treinavam guerrilha em Cuba nos anos 70. Dirceu, que era um deles, achou mais prudente evitar a aparição pública.

Além do ex-ministro, só há mais dois sobreviventes do Molipo: o juiz aposentado Sílvio Mota e o mestre-de-obras, também aposentado, Otávio Ângelo. Todos os demais foram mortos pela repressão quando retornaram ao Brasil. Sílvio Mota, contemporâneo das andanças cubanas de Dirceu, acha que o ex-companheiro fez bem em evitar as homenagens: “Ele nunca combateu de verdade”, diz Mota.

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PRIVILEGIADO

Sílvio Mota sente-se à vontade para desconstruir a imagem combativa do petista em sua passagem pela ilha de Fidel Castro. Ele guarda na memória a figura de um militante indisciplinado e cheio de privilégios. Segundo Mota, enquanto os integrantes do Molipo participavam dos exercícios militares pesados, Dirceu levava uma boa vida, protegido por autoridades cubanas. “Ele preferia passar seu tempo nas salas de cinema”, conta.

José Dirceu refugiou-se em Cuba em 1969, depois de ter sido preso no Congresso da UNE, em Ibiúna, no interior de São Paulo, e trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick. Em pouco tempo, tornou-se íntimo do então presidente do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, Alfredo Guevara, amigo de Fidel Castro. De acordo com o relato de Mota, Dirceu passou, então, a se aproveitar dos poderes de seu protetor para fugir do treinamento guerrilheiro.

“Dirceu era indisciplinado. Não combateu no Molipo, como também não havia combatido na ALN (Aliança Libertadora Nacional) no Brasil”, diz Mota.

Segundo o juiz aposentado, Dirceu logo conseguiu abandonar em definitivo o treinamento. Alegava dores nas costas. Assim, pôde livrar-se das horas seguidas de marchas na selva, sem alimentos na mochila e cantis vazios. Em condições insalubres, os militantes do Molipo passavam semanas sem banho, participavam de cursos de tiros e aprendiam a montar explosivos. Todos, menos o ex-ministro, réu do mensalão.

“O projeto de Dirceu sempre foi pessoal. E quis o destino que terminasse aparecendo essa sua verdadeira face oportunista”, diz Mota.

O juiz voltou ao Brasil em 1979, quatro anos depois de Dirceu. Depois da temporada em Cuba, os dois se viram poucas vezes. Mota chegou a se filiar ao PT, mas não seguiu carreira política. De Dirceu, prefere manter distância.

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