"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

“Oposição” ensaia pedir investigação sobre mágica evolução patrimonial da família Lula no pós-Mensalão




Animada com a surpreendente condenação do núcleo político do Mensalão, a até agora ineficiente e inexpressiva “oposição” ao PT no Congresso já ensaia promover uma devassa sobre a magnífica evolução do patrimônio de Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares. De olho no redesenho de forças para a campanha de 2014, adversários e inimigos de Lula ameaçam fazer agora aquilo que não fizeram antes, por conveniência ou erro de estratégia política, quando o escândalo foi denunciado no meio do primeiro mandato presidencial. Ontem, dentro do plenário do STF, se falava de tal assunto, com informes vindo da Câmara e do Senado.

As pré-condições para alvejar Lula foram escancaradas com o resultado final do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. Todo mundo sabe que José Dirceu de Oliveira e Silva se transformou no grande bode expiatório. Embora todos saibam que ele não era o único ou o maior chefe da quadrilha, ele pagará o pato junto com os companheiros José Genoíno e Delúbio Soares. Os três podem até pegar penas que os levem a uma pequena temporada na prisão ou a uma forçada prestação de serviços à comunidade. Dirceu, Genoíno e Delúbio pagarão para o chefão deles ser poupado? Eis a questão...

O Alerta Total já antecipou na edição de 10 de outubro. Sob a presidência de Joaquim Barbosa no STF, a partir de 18 de novembro, o mito Lula deverá enfrentar o rigor da Justiça – com o agravante de que agora não tem mais foro privilegiado para se blindar. Barbosa deverá retirar o estranho segredo de Justiça sobre o Processo Investigatório 2.474. Os 77 volumes em sigilo apuram as supostas irregularidades no convênio entre o Banco BMG e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com a participação da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), para a “operacionalização de crédito consignado a beneficiários e pensionistas”. O caso contra Lula dormita “blindado”, desde 2007, no Supremo.

A petralhada pretende retaliar pesado. Exigirá que o STF tenha o mesmo rigor com o julgamento do chamado Mensalão Mineiro. Mas este contra-ataque pode se transformar em um Arakiri. Afinal, o escândalo não compromete apenas e diretamente o tucano Eduardo Azeredo e, indiretamente, o provável presidenciável Aécio Neves. Quem também dança, mais ainda, neste processo é Marcos Valério Fernandes de Souza. Já condenado a 40 anos, um mês e seis dias de prisão pelos crimes do atual Mensalão, será que Valério aceitará, passivamente, passar um mínimo de 6 anos e 8 meses preso em regime fechado, em silêncio obsequioso?

Valério é uma bomba que pode estourar no colo do PT, bem antes de ser também pego pelo Mensalão Mineiro. Se Valério sair do controle, sem dúvida, vai sobrar para o chefão Lula. Até agora, o que ele tem feito é ameaçar abrir o bico. Já mandou amigos lançarem a versão na revista Veja de que Lula seria o chefe maior do Mensalão. Toda semana, vão e vêm os boatos de que pode conceder alguma entrevista bombástica ou liberar o vídeo (produzido por um cineasta que contratou) para revelar o que ainda não foi dito claramente sobre o famoso escândalo de corrupção. Blefe ou não, Valério é um terror permanente para a petralhada. Só precisa rezar para não fazer companhia a Celso Daniel e outros cadáveres politicamente insepultos do nada Admirável Novo Mundo a Petralhagem...

Voltando ao Boi numa fria, o resultado do segundo turno eleitoral pode radicalizar o processo de tentativa de implosão política e judiciál do mito Lula. Mesmo vencendo em São Paulo com o incomPTente Fernando Haddad – o que é possível em função do desgaste pessoal de José Serra -, Lula perde força para a guerra de 2014. Seu futuro dependerá, primeiro, do estado de saúde. Segundo, que a conjuntura econômica internacional desfavorável não atrapalhe o desempenho do governo Dilma. E, terceiro, que os novos processos do Mensalão, milagrosamente, não atinjam diretamente o chefe maior do PT.

Aliado tradicional, como PSB, ensaia voo solo com Eduardo Campos ou em parceria com os tucanos – dependendo da habilidade de Aécio Neves, que também sonha com o trono do Palácio do Planalto. A fidelidade do PMDB é pragmática e sempre pende para o lado que tenha mais certeza de vencer a eleição. Outro risco de traição para o PT é o sinal dado pelo PRB – ligado à Igreja Universal do Bispo Edir Macedo -, que pode lançar Celso Russomano como candidato a vice na reeleição de Geraldo Alckmin para o governo do Estado de São Paulo.

O cenário começa a ficar esquisito e com sérios riscos de que as futuras disputas de poder saiam do controle e abram caminho para a sempre ameaçadora ruptura política – que pode descambar para uma ruptura institucional. Vendo que perderá o poder, o PT investirá na radicalização ideológica e investirá de forma covarde contra aqueles que considera inimigos maiores: os adversários políticos e a liberdade midiática. A confusão política lembra bem a famosa República de Weimar da Alemanha pré-nazista, quando os extremismos abriram espaço para a ascensão de Adolf Hitler.

Os santos guerreiros de Lula lutarão para destruir tudo que lhes pareça dragões da maldade. O resultado final desta batalha fanática e suicida tende a ser nada bom para a Democracia no Brasil. A pergunta que se faz sempre que tal cenário se desenha tem respostas complexas e repletas de dúvidas. Será que os militares estão preparados para atuar como o poder moderador no conflito radical que parece inevitável? Ou quem poderia assumir tal papel é o Supremo Tribunal Federal agora revigorado como poder republicano perante a opinião pública e publicada?

O tempo (que pode ser curto) será o senhor de tão complicadas e complexas respostas político-institucionais.

Em tempo: sobre uma crise judiciário-militar em curso, leia:
Dilma teme que denúncia contra General Enzo provoque crise de hegemonia no EB e afete seu governo

Reforça as colunas, Barbosa

O herói nacional Joaquim Barbosa tem uma viagem programada para a Alemanha, para tratamento de saúde, entre 27 de outubro e 3 de novembro.

Barbosa precisa cuidar da coluna – problema que o atormenta e que quase lhe levou a pensar em pedir aposentadoria do Supremo Tribunal Federal, tempos atrás.

Barbosa precisa reforçar a coluna (nos sentidos detonativo e conotativo) porque sua gestão na presidência do STF sofrerá grandes pressões por todos os lados, nos próximos dois anos.

Atraso previsto

Joaquim Barbosa tinha a previsão de que o julgamento do Mensalão seria encerrado hoje, com a conclusão da dosimetria das penas dos 25 condenados.

Mas a intenção foi atropelada por pelo menos três motivos: os conflitos no plenário do STF, a falta de metodologia para a definição das penas e uma vontadezinha do Palácio do Planalto para que o julgamento só termine depois do segundo turno eleitoral.

Com a viagem de Barbosa para a Alemanha, o julgamento ficará suspenso por uma semana e só deve ser encerrado na segunda semana de novembro.

O prazo é limite porque o atual presidente do STF, Ayres Britto, promete resolver tudo antes de sua aposentadoria e da posse do sucessor Joaquim Barbosa.

UFC do STF

Como de costume, a sessão de ontem do STF foi marcada pela batalha verbal entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, com Ayres Britto de juiz de octógono.

No ponto mais fervente da pancadaria oral, o relator Barbosa chegou a perguntar ao revisor Lewandowski se ele advogava para Marcos Valério – alvo da dosimetria da pena.

Lewandowski também se fez de marrento e ironizou se Joaquim pertencia à Promotoria.

Ayres Britto precisou intervir na luta para lembrar que, no plenário do STF, eram “todos juízes”...

Estupro eleitoral

Um exemplo hediondo mostra como a interpretação de algumas leis precisa ser revista no Brasil.

Em São Paulo, a conveniente interpretação do Código Eleitoral acaba de beneficiar com a liberdade um desempregado de 37 anos – suspeitíssimo de ser o estuprador de uma indefesa criancinha de cinco anos de idade.

O crime hediondo teria ocorrido em agosto, na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Professora Ana Marchione Salles, no Jardim Popular, Zona Leste da capital paulista.

A regra é clara

Pela Lei Eleitoral, nenhum eleitor pode ser detido ou preso cinco dias antes e 48 horas depois do encerramento das eleições, exceto em casos de flagrante ou mediante sentença condenatória.

Como a prisão dele não foi em flagrante tivemos de soltá-lo para não ferir a lei eleitoral”.

Foi o lamento legal do delegado titular Marcel Druziani, do 24º Distrito Policial, em Ermelino Matarazzo, que ainda investiga se funcionários da Emei falharam na segurança da menina.

Desenho do monstro

O crime ganha dimensão mais tétrica porque a polícia chegou ao bandido graças a um desenho do monstro barbudo que a agrediu, feito pela própria criancinha, a pedido da mãe:

Eu pedi para ela desenhar quem a atacou. Ela mesma que fez a barba comprida do homem e o cabelo encaracolado. Ela desenhou o agressor na frente de um dos investigadores, que ficou com um dos desenhos”.

A criança contou que brincava sozinha no pátio da escola quando foi agarrada, beijada e estuprada pelo monstro barbudo.

Luis Inácio malhado

Vamos malhar o nosso Judas”.

Eis o título do cartaz da manifestação programada para hoje nos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Curitiba.

Os aposentados da aviação civil, lesados pelo governo do Luiz Inácio, farão um panelaço contra o Luis Inácio que não cumpre o pagamento do que eles têm direito a receber no fundo Aerus.

No caso, o Luis Inácio a ser malhado (o escrito com a letra S, de Sapo Boi Barbudo) é o Luis Inácio Adams – Advogado-Geral da União – que joga contra os aeroviários e aeronautas aposentados.


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

25 de outubro de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
alerta total

Nenhum comentário:

Postar um comentário