"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PSDB DIZ QUE DILMA FAZ CAMPANHA COM VERBA PÚBLICA E INTIMIDA ELEITOR

 
 


No exercício da presidência do PSDB federal, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman veiculou em seu blog um texto com críticas duras à presidente Dilma Rousseff. Ele a acusa de fazer campanha eleitoral “com recursos públicos” e de fazer uma “verdadeira intimidação” dos eleitores.

Segundo Goldman, Dilma “correu por diversas cidades do país para participar de atos políticos a favor dos candidatos do seu partido, o PT.” Fez isso “consumindo dinheiro dos nossos impostos”, já que as despesas foram custeadas com verbas públicas –“desde os meios de locomoção até o uso de equipes de servidores.”

O envolvimento do Tesouro na campanha já seria, no dizer Goldman, “uma distorção das funções que o maior dirigente público deve respeitar.” O dirigente tucano anota que há algo “mais grave” na participação de Dilma na campanha municipal de 2012.

“De forma explícita ou implícita, ela procura convencer os seus ouvintes de que a eleição do seu candidato preferido é uma forma de garantir o acesso do novo prefeito aos recursos públicos federais”, escreve Goldman. “Portanto o povo daquele município só teria acesso a recursos para melhorar a sua vida se elegesse o seu ‘companheiro’.”

Goldman chama de “revoltante” a atitude da presidente. Por quê? “O que Dilma faz é uma verdadeira intimidação: levar o eleitor a votar naquele que ela quer para que ele possa ter aquilo que é o seu direito. Não é possível aceitar que cada cidadão do país seja tratado de forma diferenciada, dependendo da decisão livre e democrática que teve no ato de votar.”

No último parágrafo, o ex-comunista Goldman compara o procedimento de Dilma com os métodos do regime dos generais: “A ditadura militar era menos cínica e mais transparente. De imediato, impedia o acesso do cidadão ao voto livre. Dilma faz pior. Procura, na base da ameaça clara ou velada, obter, ou melhor, ‘comprar’, o voto do eleitor.”

Goldman arremata: “Uma vergonha para quem diz ter sido torturada por lutar pela livre expressão da vontade popular.” Vice-presidente do PSDB, Goldman foi à presidência interina da legenda por conta do afastamento temporário do titular Sérgio Guerra, com problemas de saúde.

Pela lei, um presidente da República não pode deslocar-se em voos de carreira e sem o aparato de segurança. O PT diz que, a exemplo do que fizera na presidência de Lula, devolve ao erário o dinheiro gasto nos deslocamentos eleitorais de Dilma. Porém…

Nem o partido nem o Planalto divulgam a contabilidade das viagens. O contribuinte fica sem saber se o partido devolve ao Tesouro apenas o dinheiro do combustível do avião presidencial ou se o ressarcimento cobre também as despesas com a hospedagem e o deslocamento em terra de Dilma e do seu staff.

Quanto à “intimidação” de que fala Goldman, a presidente costuma calibrar o seu discurso. Por exemplo: em Manaus, onde pediu votos para Vanessa Grazziotin (PCdoB), Dilma realçou em seu pronunciamento as parcerias que o governo federal oferece aos prefeitos em programas habitacionais e de creches.

Sem mencionar o nome de Amazonino Mendes (PDT), atual prefeito de Manaus, Dilma disse que a prefeitura se abstém de credenciar-se para receber as verbas federais. Algo que deixaria de ocorrer se Vanessa fosse eleita. Ficou subentendido que a população continuaria desassistida caso optasse pelo tucano Arthur Virgílio, que disputa a cadeira de prefeito com a preferida de Lula e Dilma.

Além de Manaus, Dilma participou nos últimos dias das campanhas de candidatos petistas em três municípios. Em Campinas (SP), pediu votos para Márcio Pochmann, que mede forças com Jonas Donizette, um filiado do PSB apoiado pelo PSDB.

Em São Paulo, Dilma escalou o palanque de Fernando Haddad, que disputa com o tucano José Serra, de quem Goldman foi vice e herdou a cadeira de governador de São Paulo, em 2010. Em Salvador, a presidente participou de comício de Nelson Pelegrino, adversário de ACM Neto, do DEM.

25 de outubro de 2012
Josias de Souza - Uol
 

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