"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 13 de outubro de 2012

POPULISMO, TRAIÇÃO E A VERDADE POR TRAS DO PAI DOS POBRES


 
Todo populista é, em síntese, um traidor. Afinal, ele trai os que nele votaram; trai os que nele acreditaram e trai a história de uma nação ao inserir nela páginas fantasiosas recheadas de mentiras e falsidades.

O populista é também o pior dos traidores. Como um vírus pernicioso; penetra nas defesas de um povo e as destrói, atacando seus pontos fracos e explorando suas vulnerabilidades com um discurso criado sob medida para iludir, enganar e seduzir os ouvidos mais desesperados.
Desta forma, trabalha minando os alicerces econômicos e sociais que permitem aos mais pobres melhorarem de vida e ascenderem socialmente de forma perene e sustentável.

Como um ilusionista, engana a plateia ávida por tudo, com a ilusão da resolução de seus problemas quando na verdade apenas maquia uma situação de penúria com uma momentânea ideia de pujança e fartura. Enquanto isso, usa e abusa dos aparatos do Estado em benefício próprio e mantém a estrutura social engessada como garantia de obter sempre uma “massa crítica” de “ouvidos ávidos” a sua disposição. Sem isso, não há como garantir a perpetuação de seus planos de poder.

Desta forma, o populista é prolífico em “soluções” imediatistas para os problemas que assolam as classes mais necessitadas, dando a elas a falsa impressão de ser um libertador ou um Messias reencarnado.
A verdade é que o “Pai dos Pobres” em pleno conhecimento de serem suas “soluções” para os problemas sociais e econômicos dos mais pobres meros paliativos travestidos de conquistas duradouras.
Ele sabe que assim, perpetuarão a condição de miséria de uma enorme parcela da população e, ao mesmo tempo, atuarão como elemento aprisionador da “vontade eleitoral” dessa massa que temerá perder suas “conquistas” no caso de uma alternância de poder.
 
Assim, o “Pai dos Pobres” cumpre o seu papel de “Messias Libertador” para a claque iludida ou cooptada; enquanto na realidade é um carrasco escravizador capaz de mantê-los reféns da miséria, do obscurantismo intelectual e de sua vontade para sempre.
 
Não é por acaso que faço essas colocações aqui. Desde a ascensão do “Lulismo” assistimos a essas práticas a todo momento. O mais estarrecedor (e um verdadeiro paradoxo) é o fato de que o próprio Lula criticava veementemente as famosas “bolsas auxílio”.
Segundo suas palavras elas eram criadas para enganar aqueles que só podiam “pensar com o estômago” devido a sua condição de miséria.
Mas, ao assumir o poder, Lula deixou de combater as reais causas da miséria e passou a proliferar essas bolsas como se fossem a solução de todos os problemas dos miseráveis de nosso país; no que foi seguido por sua sucessora.
 
Apesar de solucionarem algumas carências imediatas (e é aí que reside a enganação), as bolsas apenas mascaram a falta de renda e de perspectiva dessas populações.
Sua suspensão, invariavelmente, representa a volta imediata dos assistidos a condição de miseráveis instantaneamente; uma vez que as causas dessa miséria jamais foram atacadas e ainda estão presentes.
 
Ao mesmo tempo, as apregoadas conquistas visando garantir ganhos sociais aos mais pobres e aos trabalhadores médios, são anuladas por “falcatruas legais” realizadas através da utilização do aparelho do Estado objetivando subverter o sistema como forma de perpetuar um plano de poder e arrecadar verbas capazes de garantir a continuidade do populismo e engordar as contas bancárias dos “amigos do rei”.
 
Um exemplo claro disto é o que vem acontecendo no órgão fiscalizador do Ministério do Trabalho responsável pela fiscalização de infrações a lei trabalhista, fraudes no FGTS, combate ao trabalho infantil e ao trabalho em condições semelhantes a escravidão; a instituição vem sendo aparelhada politicamente e seus fiscais orientados a fazer “corpo mole” ao flagrar empresas contribuidoras do governo em infrações legais.
Ao mesmo tempo, os fiscais enfrentam forte resistência do próprio ministro (Brizola Neto PDT/RJ) e do Palácio do Planalto em relação a inclusão de empresas “amigas” nas listas sujas do trabalho escravo.
 
As denúncias partem auditora fiscal Vera Lúcia Albuquerque que pediu exoneração da chefia da Secretaria Nacional de Inspeção (SIT) do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Cargo que ocupava há cerca de um ano e dez meses. Ela afirma ter enfrentado toda sorte de pressões e imposições de políticos ligados ao governo visando impedir a punição de empresas transgressoras.
 
Ela relata em uma entrevista ao Blog do Sakamoto: “Estou indignada com o profundo desrespeito à inspeção do trabalho. Há uma tentativa de defender o empregador a qualquer preço.
O Ministério tem de estar a serviço da sociedade e não apenas de empregadores ou de interesses pessoais e partidários. Estão tentando colocar um cabresto político na inspeção do trabalho. Procurar o Ministro para tentar mostrar a ele os problemas não adianta, ele nunca aparece”.
 
Como pode ser visto facilmente, pelas declarações da ex-chefe da fiscalização, a sistemática de atuação de um governo populista consiste em dar com uma mão e tomar com a outra. Enquanto acena com benesses capazes de seduzir o chamado “povão”; atua “por baixo dos panos” para espoliar o Estado e o próprio povo, garantindo apenas para si as condições propícias para prosperar e se manter no poder.
Roubam, enganam e mentem com a facilidade própria dos psicopatas e se asseguram de escravizar eternamente aqueles a quem deveriam proteger com suas próprias vidas.
E você, ainda acredita neles?

13 de outubro de 2012
visão panorâmica

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