"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BOCA FALA, C... PAGA!

"Luíz Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol, quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos"
 

Luiz Felipe Scolari já chegou causando polêmica. Logo em sua primeira entrevista como técnico da seleção brasileira, na manhã desta quinta-feira, Felipão acabou criando um mal-estar com os bancários após uma declaração. Ao ser questionado sobre a pressão de ter que vencer a Copa do Mundo no Brasil, o treinador fez uma comparação com o trabalho dentro de um banco, o que acabou desagradando a classe.

- Quem joga futebol tem pressão, e os jogadores têm que saber isso. Tem que trabalhar nesse aspecto. Se não quer pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada, aí não tem pressão nenhuma - disparou Felipão.

Horas depois da polêmica declaração, o Banco do Brasil, citado por Scolari, emitiu uma nota lamentando o episódio, e aproveitou para alfinetar o técnico.

"O Banco do Brasil, junto com todo o povo brasileiro, deseja boa sorte ao técnico Luíz Felipe Scolari em seu novo desafio à frente da seleção, e torce para que as grandes conquistas do vôlei brasileiro, patrocinado pelo BB há mais de 20 anos, inspirem o trabalho da Seleção", diz um trecho da nota.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) também se manisfetou sobre o comentário de Felipão. Em nota assinada pelo presidente da entidade, Carlos Cordeiro, a Contraf-CUT forneceu dados e afirmou que o técnico "parece não ter conhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional".

"Luíz Felipe Scolari começou mal como novo técnico da Seleção Brasileira. Esperamos que ele não esteja tão desatualizado sobre futebol quanto está sobre as relações de trabalho nos bancos
".

Confira abaixo as duas notas na íntegra:
Banco do Brasil

"O Banco do Brasil, junto com todo o povo brasileiro, deseja boa sorte ao técnico Luíz Felipe Scolari em seu novo desafio à frente da seleção, e torce para que as grandes conquistas do vôlei brasileiro, patrocinado pelo BB há mais de 20 anos, inspirem o trabalho da Seleção.

Entrentanto, o Banco do Brasil lamenta o comentário infeliz do técnico Luis Felipe Scolari e afirma que se orgulha por contar com 116 mil funcionários que todos os dias vestem a camisa do Banco, com as cores do Brasil, e trabalham com dedicação e compromisso para atender com excelência às necessidades de nossos clientes e do nosso País.

Para a família BB, planejamento, respeito e organização são os segredos para uma estratégia de sucesso que transforma a pressão do dia-a-dia em motivação para as conquistas e para o apoio ao desenvolvimento do Brasil."

Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

Bancários repudiam declaração de Felipão

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) repudia a declaração do técnico Luis Felipe Scolari sobre o trabalho dos bancários do Banco do Brasil, feita na entrevista coletiva desta quinta-feira 29, no Rio de Janeiro, ao reassumir o posto de treinador da Seleção Brasileira.

Ao afirmar que, se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada, Felipão não apenas desrespeita os trabalhadores bancários, como demonstra total desconhecimento sobre a realidade do trabalho no sistema financeiro nacional.

Cerca de 1.200 bancários são afastados do trabalho mensalmente, por razões de saúde, vítimas do assédio moral e da pressão violenta para que cumpram as metas abusivas de produção e vendas impostas pelas instituições financeiras, inclusive o Banco do Brasil.


Carlos Cordeirof
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)
30 de novembro de 2012

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