"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 2 de dezembro de 2012

NORTE E NORDESTE CONCENTRAM 96% DAS 500 PIORES CIDADES DO PAÍS

Já das 500 maiores notas no IFDM, 90% são no Sul e Sudeste
 
Apesar da queda da desigualdade na última década, o Brasil ainda é um país partido. Das 500 maiores notas do IFDM, 90,8% são das regiões Sul e Sudeste. Na outra ponta, nas 500 pontuações mais baixas, 96,4% se concentram no Norte e no Nordeste.
— O desafio para esta nova década é levar o desenvolvimento para os extremos do Norte e para o interior do Nordeste. No Norte, a região mais atrasada do país, apenas dois dos 449 municípios têm alto desenvolvimento. Já, no Nordeste, 67% das cidades têm desenvolvimento regular ou baixo — disse Guilherme Mercês, da Firjan, acrescentando que o Norte se destoa das demais regiões. — A evolução, ao longo da década, foi muito lenta, corroborando desigualdades.
empregos em 1% das cidades

Segundo Tatiane Menezes, professora da Universidade Federal de Pernambuco, programas de transferência de renda reduziram a miséria, mas não resolveram a questão da desigualdade.

— No Nordeste, em 2002, viviam 60% dos pobres. Em 2010, isso caiu para 50%. Houve ganho de renda, certamente, mas há ainda um longo caminho a ser percorrido. É preciso investir mais em educação, que é o que dá acesso a melhores empregos, melhores condições de vida — explicou a professora.

Para Mercês, a Região Sul se consolidou como a mais desenvolvida e com a menor desigualdade entre os municípios. Ele diz isso porque 97,2% das cidades da região têm desenvolvimento moderado ou elevado. Em 2000, eram 55,1%. Já o Sudeste possui os municípios mais desenvolvidos (86 dos cem primeiros), mas a desigualdade é uma das marcas da região, acrescentou ele.

— No Sul, o desenvolvimento aparece de forma mais homogênea. Apesar de ter municípios mais desenvolvidos, o Sudeste tem mais disparidades do que o Sul — afirmou o especialista da Firjan.

Segundo Mercês, a desigualdade ainda se sustenta no mercado de trabalho. De acordo com a Firjan, metade da força do trabalho formal do país está empregada em apenas 1% dos municípios.

Outro retrato do Brasil partido recai sobre as seis cidades com desenvolvimento baixo — Jordão (AC), São Paulo de Olivença (AM), Tremendal (BA), Bagres (PA), Porto de Moz (PA) e Fernando Falcão (MA). Nos seis municípios juntos, há somente 3.200 empregos formais. E os indicadores de saúde e educação não são nada melhores. Enquanto, no Brasil, cita ele, 40% das crianças até 6 anos estão em creches, nesses municípios o indicador não passa de 25%.

02 de dezembro de 2012
Fabiana Ribeiro - O Globo
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário