"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de setembro de 2012

EM BARCELONA, 1,5 MILHÃO DE CATALÃES PEDEM INDEPENDÊNCIA

Manifestação sem precedentes culpa Espanha pela crise em outrora rica região


Entre um mar de bandeiras separatistas, um milhão e meio de catalães marcharam nesta terça-feira pelas ruas de Barcelona para pedir independência da Espanha.
Para os manifestantes, o governo espanhol arrastou a região pela espiral da crise devido a um sistema fiscal que consideram injusto.

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"In, Inde, Independência", pedia a multidão enquanto balançavam bandeiras catalãs vermelhas e amarelas decoradas com uma estrela branca sobre um fundo azul em uma manifestação pela independência sem precedentes. "O que quer esta multidão? Um novo estado da Europa. Que quer esta gente? Catalunha independente", gritavam em catalão.

Trata-se da maior manifestação catalã desde 1977, quando a região ganhou uma autonomia parcial do governo espanhol depois da primeira eleição democrática pós-regime de Francisco Franco. Na época, os catalães queriam independência total. Em 2010, houve outro grande protesto, em ocasião da reforma do estatuto de autonomia da Catalunha. No entanto, os protestos passados reuniram dezenas de milhares de manifestantes, bem abaixo do 1,5 milhão desta terça-feira.

Marcha - Coincidindo com a Diada, a festa nacional catalã, a marcha deste ano foi impulsionada pela crise que obrigou essa região do nordeste da Espanha, outrora motor econômico do país, a pedir um resgate de 5,023 bilhões de euros ao governo central, acusado de impor um sistema fiscal injusto.

A manifestação convocada pela plataforma separatista Assembleia Nacional Catalã (ANC) superou todas as expectativas, lotando o centro de Barcelona. "Há uma série de fatores que fazem com que eu esteja aqui hoje", afirma Arnau Camí, um estudante de marketing de 21 anos. "A crise mostrou que somos diferentes da Espanha e que só a independência pode nos levar adiante", completou. "É agora ou nunca", afirma María Antonieta Vila, professora aposentada. "Esta sessão é decisiva, devemos pressionar o governo da Catalunha para que peça a independência", diz.

Segundo um estudo realizado em julho e publicado pelo diário catalão independentista La Vanguardia em 2011, 51,1% dos entrevistados são favoráveis à independência, contra 36%.

Em 2010, 47% eram a favor da separação, segundo o mesmo jornal. A Catalunha teve um déficit público de 3,9% em 2011, contribuindo a 8,9% do total do país contra 6% previsto. Antes rica região do nordeste da Espanha, a Catalunha é agora a mais endividada do país, com 42 bilhões de euros de dívida pública, ou seja, 21% de seu PIB.

Política - Horas antes do início da marcha, o presidente regional, o nacionalista Artur Mas, advertiu que a Catalunha buscará uma maior "liberdade" se não houver mudança no modelo de impostos, que estará sobre a mesa de sua próxima reunião com o presidente espanhol, Mariano Rajoy, dia 20 de setembro em Madri.

"Meu objetivo é tentar alcançar um acordo com o governo central no terreno econômico e dar à Catalunha as ferramentas para construir nosso futuro nacional", afirmou Mas. "Contudo, se não há um acordo no terreno econômico, a busca da Catalunha pela liberdade estará aberta", disse.

11 de setembro de 2012
(Com agência France-Presse)

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