"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 26 de janeiro de 2013

E PARA O BRASIL MARAVILHA DOS FALSÁRIOS E DA GERENTONA SEUS CRÉDULOS

                                                      Rosas e espinhos


 
Com um discurso duro contra “previsões alarmistas” sobre o risco de racionamento de energia elétrica, devido ao baixo nível d’água dos reservatórios das hidrelétricas, e triunfante ao declarar que o país “vive uma situação privilegiada no mundo”, a presidente Dilma Rousseff formalizou a redução da conta de luz em cadeia de rádio e TV. Mas com uma surpresa à altura de quem já está em campanha pela reeleição. O corte será maior que o anunciado anteriormente.

Sentindo-se necessitada de construir alguma autonomia política em relação à sua sucessão, antes que a campanha eleitoral ganhe pique, e recuperar a confiança empresarial — condição antecedente para sua viabilidade diante do PT e dos partidos aliados, pois influenciada pela retomada do investimento produtivo e do ritmo do crescimento —, Dilma acomodou tais premissas em seu comunicado, sem escorregar.
Para os consumidores residenciais, o corte da conta de luz será de 18% (contra 16,2%, conforme anúncio feito em setembro), e, para as empresas, poderá chegar a 32% (antes, a 28%), dependendo do setor.
Na prática, será menos.
 
A Aneel, a agência de regulação do setor elétrico, começou a preparar a revisão extraordinária das tarifas de todas as distribuidoras, inclusive das que recusaram a renovação antecipada dos contratos de concessão (condicionada à aceitação do corte tarifário), já que o benefício será universalizado.

Qual será o resultado líquido da desinflação da conta de luz para os consumidores? A ata da reunião do Comitê de Política Monetária, em que o Banco Central decidiu manter a Selic em 7,25%, estima que a tarifa residencial deva ter uma queda de 11% este ano (e adiciona a previsão de 5% para o aumento da gasolina).
 
Uma pela outra, numa conta rasteira, o ganho liquido médio ao consumidor seria de 6%.
 
Na verdade, será um pouco menos, já que, para elevar o tamanho da redução tarifária, o subsídio do Tesouro Nacional, segundo informa a Aneel, passará dos R$ 3,3 bilhões inicialmente estimados para R$ 8,46 bilhões.
 
O dinheiro sairá da chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um encargo criado em 2002 para fomentar a geração e distribuição de energia e subsidiar outras fontes, como a eólica.
Como o Tesouro somos nós, pagamos, nós mesmos, o que recebemos.

Antônio Machado/Correio Braziliense
26 de janeiro de 2013

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