"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

HENRI CARTIER-BRESSON: ALBERT CAMUS

O fotógrafo


(continuação) Bresson foi profundamente influenciado pelos surrealistas, o movimento que estimulava os artistas a explorar o significado que eles criam oculto em nosso dia a dia.

Entre os surrealistas, a fotografia tornou-se uma maneira de revelar o sentido que de outra forma ficaria invisível ou perdido. Quando capturado por uma foto, um simples gesto, um encontro casual, um cenário mundano podiam transmitir grande beleza, ou a força de uma tragédia ou a delícia do humor.

Bresson ficou conhecido por sua habilidade em descobrir essas ocasiões e preservá-las usando sua Leica para depois identificá-las como o que passou a ser chamado de “momento decisivo”.

“Fotografar é colocar na mesma linha de visão a cabeça, o olho e o coração. É um modo de vida”. Ele é como um pintor com uma paleta de luz, um desenhista que se vale da geometria da vida. Suas imagens estão sempre banhadas pela luz natural que banha o mundo – a luz refletindo a realidade – e que ele reconstitui no granuloso preto e branco da fotografia.

Bresson é famoso como fotógrafo humanista. Recusa qualquer cenário para fazer suas fotos e não admite manipular a cena por nenhum motivo. Seus retratos são, pois, um instante real na vida do fotografado.

Para um artista reconhecido como um dos melhores fotógrafos da paisagem humana, é curioso saber que ele preferia mesmo era conversar sobre desenho e pintura. (a continuar)

Cartier-Bresson, 1947 - © Ma

A fotografia

Albert Camus nasceu em 7 de novembro de 1913 em Mondovi, interior da Argelia, filho de um trabalhador agrícola e de uma jovem empregada de origem espanhola. Cresceu em sua aldeia, fez o liceu em Argel e em 1932 passou no exame que lhe permitiu entrar para a universidade, onde se inscreveu no curso de filosofia.

Começou a trabalhar como jornalista e escreve para o Alger Républicain, onde seus artigos logo chamam atenção. Vai para Paris e é contratado pelo Paris Soir. Por essa mesma época ele publica O Estrangeiro, romance que, em 1999, numa pesquisa sobre os melhores livros do século XX, ficará com o primeiro lugar.

Em 1936 ele funda o Teatro do Trabalho e escreve, com três amigos, a peça Revolta nas Astúrias, cuja encenação será proibida.

No início da Segunda Guerra Mundial ele se junta à resistência no mesmo grupo de Jean-Paul Sartre, seu amigo. Torna-se o redator chefe do jornal Combat. É nesse jornal que ele publica um editorial que ficou célebre: nele ele denuncia a utilização da bomba atômica pelos americanos.

Em 1942 publica O Mito de Sísifo. Em 1947 ele lança A Peste, metáfora sobre a II Guerra. O livro faz imenso sucesso. Sua obra – cujos temas giram em torno do absurdo e da revolta – é inseparável de suas tomadas de posição públicas sobre o franquismo, o comunismo e o drama argelino.

Apaixonado pelo teatro, Camus adapta para o palco o Réquiem por uma freira, de William Faulkner. Em 1957, recebe o prêmio Nobel de Literatura pelo “conjunto da obra que ilumina, de forma séria e penetrante, os problemas que se apresentam diante da consciência dos homens”.

Três anos mais tarde, em 4 de janeiro de 1960, esse pensador notável, que um dia declarou “Devo me dedicar a ser feliz”, morreu num acidente de automóvel, aos 46 anos...

02 de janeiro de 2013
in aluizio amorim

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