"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

QUANTAS PALAVRAS SÃO NECESSÁRIAS PARA UM BOM ENTENDIMENTO?:


 


Se o ouvinte ou leitor for inteligente e de boa fé, basta meia palavra ou até somente uma sílaba.

Se ele for pouco inteligente, mas de boa fé, com paciência e calma um bom amigo ou um professor dedicado conseguirá que ele compreenda o que lê ou ouve.

Se ele for estúpido, mas de boa fé, complica um pouco. Mas no caso dele ser estúpido e de má fé, danou-se. Nada penetra a muralha da burrice crassa misturada com má fé. É uma mistura letal.

Um exemplo simples. Quando eu, no dia do incêndio em Santa Maria, publiquei aqui no Blog um pequeno texto no qual dizia:

“Qualquer exibição de solidariedade é inútil diante da morte. O que esperamos de nosso Governo e da Imprensa é ação positiva. Lágrimas cada um tem as suas. Não precisamos de estímulo para sofrer. E chorar”.

Nem me passou pela cabeça que alguém pudesse depreender das minhas palavras que sou contra a solidariedade humana. E até agora acho que quem assim concluiu agiu de má fé. Numa frase com nove palavras, tirou a que não lhe interessava ler: exibição.

O que me revolta e sempre me revoltou e sempre me revoltará é o espetáculo do amor ao próximo que dura até o próximo acidente ou escândalo. Depois, volta tudo à estaca zero.

Por isso a palavra exibição.

Também em nenhum momento associei exibição à dona Dilma até porque acho que ela cumpriu suas obrigações de Chefe de Estado muito direitinho: tomou todas as providências necessárias, inclusive a antecipação do regresso.

Quanto a chorar, bem, nunca pensei que a presidente do Brasil fosse de plástico ou de mármore. É de carne e osso, é mulher, é mãe, é avó, é filha. Impossível entrar naquele galpão e não chorar muito.

Outra observação inacreditável foi a reação virulenta, brutal, contra a charge do Caruso. Pensei que fosse pelo fato de associarem o Chico às gargalhadas que ele, com seu talento, sempre provoca com suas charges de pura sátira.

Mas, de repente, me ocorreu que talvez eu estivesse sendo injusta. Vai ver a maioria das pessoas não sabia que charge não é sinônimo de piada.

A professora que nunca saiu de mim resolveu explicar: Charge é galicismo e significa crítica, sátira, cópia caricaturizada, por vezes ultrajada, de uma situação impactante.

Qual o que... A tal mistura letal foi mais forte que tudo e eis uma das respostas que recebi:

“Maria Helena Rubinato, só há uma palavra pra defini-la: Anta”.

Já relevei. O leitor é petista. A eles devemos perdoar tudo. Seu caminho está escorregadio, espinhoso e cheio de precipícios.

Hoje, a coalizão que nos governa, encabeçada pelo douto PT, elege duas figuras de proa para as presidências do Senado e da Câmara. Calheiros & Alves, uma dupla que já vem com o arco e as flechas apontando para o coração do Legislativo.

E eu é que sou uma anta?

01 de fevereiro de 2013
Maria Helena RR de Sousa

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