"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de março de 2013

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

Quando se fecharão os salões para os 115 cardeais escolherem o Papa?

E quem investigará os ricos e poderosos empreiteiros, acima deles, só os banqueiros?

Por que o Iphan de Brasília doou a Marina do Aterro a Eike Batista, sem o Iphan do Rio saber de nada?


O Vaticano parece (e está mesmo) completamente desorientado. Não sabe quantos cardeais estão em Roma e muito menos onde estão os que chegaram há mais de uma semana. Os cardeais, sem bússola, não sabem para onde vão. Assim, conversam. Tudo informal, mas como passam os dias juntos, vão surgindo ideias.


Devagar, quase parando

A que parece majoritária: deixar traçado um plano de reforma para o futuro Papa, seja ele quem for, venha de onde vier. Seria uma espécie de Concilio Vaticano III, nos moldes do que foi feito com o Concílio Vaticano II. Não querem deixar o novo Papa com poderes sem contestação.

Só que essa reforma é quase impossível, o Papa tem sempre um esquema de atuação, muito acima até mesmo desses 115 cardeais. João XXIII deixou pronto o Concilio Vaticano II, com reformas que eram ansiadas e desejadas por quase todos. Veio Paulo VI, revogou tudo, não fez nenhuma reforma. Quem diz que houve mudança de mentalidade?

Outra ideia, minoritária, lógico, a de separar a parte administrativa do Estado do Vaticano, da doutrina da fé e da preservação dos milhões de fiéis, que vão diminuindo assustadoramente. (Para a Igreja). Seria uma espécie de terceirização, que acabaria os repetidos escândalos que consomem e ameaçam o Vaticano.

Em suma: não há suma. A vontade de mudança é grande, enorme, inimaginável. Mas o futuro Papa obrigatoriamente estará entre os votantes, pode até votar a favor. E depois, todo poderoso, abandonar tudo. De qualquer maneira, parece que neste março (ou só no final) não haverá fumaça branca. Mesmo se houver, logo, logo poderá estar mudando de cor.

AS EMPREITEIRAS-CONSTRUTORAS, RICAS E PODEROSAS DONAS DO BRASIL.
QUEM GARANTE A IMPUNIDADE DELAS?


A CPI da Delta levantou a ponta do escândalo (já denunciado por mim várias vezes na Tribuna impressa) quase eterno que domina o setor. E a Delta, na ordem de importância, não chega nem entre as 10 primeiras. Mesmo assim não conseguiram nada, a CPI ficou no vazio, governo e oposição, “caventizados” e abraçados. E Sergio Cabral montando guarda para ele e para as empreiteiras-construtoras.

Por que a terceira fortuna do Brasil (Listada pela Forbes) é a herdeira de um desses senhores poderosos? Notem bem: não é ele, é a herdeira.
Nos círculos desse setor, conta-se a seguinte historinha, nada absurda. Numa madrugada, o capataz de uma empreiteira teve que ligar para o patrão, com notícia desagradável:
“O senhor desculpe ligar a esta hora, mas houve uma tragédia, dois funcionários morreram soterrados”.
E o patrão, de forma fulminante, respondeu: “Soterrados, não, empedrados”. É que ele estava fazendo movimento de terra, mas cobrava como movimento de pedra, muito mais caro.

Confiram as obras para a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada, quase todas perto da casa do bilhão. Verifiquem o estádio do Corinthians, que fortuna. Garantido por empresas estatais, intermediadas pelo ex-presidente Lula. Não acontecerá nada, pelo menos nesta República, de ex-presidentes torcedores.

POR QUE O IPHAN DE BRASÍLIA DOOU A MARINA DO ATERRO A EIKE BATISTA,
SEM CONSULTAR O IPHAN DO RIO?


É mais um dos grandes escândalos. Vem se arrastando há tempos, já haviam decidido DOAR a propriedade pública ao empresário que já estava entre os 100 mais ricos do mundo, mas mesmo para ele, era bandalheira da grossa.
Agora, com a AUTORIZAÇÃO do IPHAN de Brasília, surgiram provas (não mais indícios ou sussurros) da escandalosa DOAÇÃO.

Por que não consultaram o IPHAN do Rio? Nem é caso de consulta, até mesmo de comunicação. Se não lessem jornais, arquitetos e engenheiros do Rio não saberiam de nada. Tudo é vago, mas rigorosamente conclusivo e lesivo para a maravilha que é o Aterro.

Construção de 15 andares de altura, que ninguém sabe como calcular. 633 vagas de estacionamento em pleno Aterro. Sem contar que Eike Batista vai construir muito mais do que a autorização que irá receber.

Só não receberá se houver um movimento nas redes sociais para impedir esse roubo ou usurpação do patrimônio público.

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PS – FHC diz que está escrevendo um livro “nada pretensioso”. Então, não é dele. E tem a audácia de dizer que foi “influenciado” por Euclides da Cunha, Raymundo Faoro, Florestan Fernandes, Gilberto Freyre. Idiossincrasia. Ignomínia.

05 de março de 2013
Helio Fernandes

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