"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 15 de março de 2013

O CAZAQUISTÃO É AQUI...

 

A classe média do governo Dilma
 
“Brasil fica estagnado na 85ª posição do IDH”, diz a manchete do jornal O Globo. Todo indicador é imperfeito e limitado, especialmente um que leva em conta alguns conceitos menos objetivos.
 
Ressalva feita, a constatação é clara, a despeito da pressão do governo pela mudança de cálculo: a qualidade média de vida no Brasil não melhora muito em termos relativos e continua lá atrás do ranking mundial. Estamos perto do Cazaquistão!
 
Também, pudera: possuímos uma das maiores cargas tributárias entre os países menos desenvolvidos, os serviços prestados pelo governo são precários, há muita corrupção e concentração de poder em Brasília, etc. A vida do pobre ou da classe média brasileira não é nada fácil. Transporte público caótico, péssima qualidade no ensino, hospitais públicos caindo aos pedaços, elevada criminalidade, e tudo isso mesmo depois de entregar “voluntariamente” quase 40% do que recebe de salário.
 
Dá para comemorar só porque o governo distribui esmola na medida certa para “reduzir” a miséria oficial? Dá para soltar fogos de artifício porque o crédito foi estimulado de forma irresponsável para criar a sensação de prosperidade, que é ilusória e insustentável? Como celebrar o modelo atual quando sabemos que a produtividade brasileira, fundamental para incrementar os salários de forma sustentável, simplesmente não cresce há anos?
 
Não sei quanto ao leitor, mas eu não me contento com tão pouco. Há quem tenha nascido para lagartixa, e jamais chegará a jacaré. Mas eu não posso vibrar com um IDH na 85ª posição, ao lado do Cazaquistão. Nem mesmo em uma sexta-feira!
 
15 de março de 2013
Rodrigo Constantino

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