"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 11 de março de 2013

O CONFLITO ENTRE AS CORÉIAS: TRISTE HERANÇA DA GUERRA FRIA

 

 
A inquietação pelo tema surge diante da complexa questão da disputa territorial e política mal resolvida, onde o conflito surgiu na tentativa dos governos coreanos de reunificar a Coreia sob seus respectivos governos, o que os conduziu a uma guerra de grande escala que envolveu os países ao logo do fim da segunda Guerra Mundial e inicio da Guerra Fria em 1950, denominada Guerra da Coreia.
 
Um armistício de 1953 terminou o conflito estabelecendo uma zona desmilitarizada ao longo do paralelo 38; no entanto, os dois países continuam oficialmente em guerra entre si, visto que um tratado de paz nunca foi assinado, no entanto, no fim da década do século XX avanços de acordos com a Coréia do Norte melhoram as relações com os Estados Unidos (EUA), que retiram parte das sanções econômicas impostas.
 
Em 1999, com o avanço das conversas sobre o fim dos testes com mísseis a aproximação com a Coreia do Sul ganha impulso com a reunião de cúpula dos dirigentes dos dois países, em 2000, que abre perspectivas de reunificação da península Coreana.
 
Em 2002, o presidente dos EUA, George W. Bush inclui a Coreia do Norte, com o Iraque e Irã, na lista de países que apóiam organizações terroristas ou produzem armas de destruição em massa denominada o eixo do mal. No mesmo ano, o governo de Kim Jong I1 faz profundas mudanças orientadas para a economia de mercado, ao criar uma zona industrial especial em Kaesong e uma zona turística em Monte Kumgang.
 
As enchentes na agricultura em 2006 castigam a Coreia do Norte, onde foi seriamente afetada pela fome, onde a as Organizações das nações Unidas (ONU) retoma o programa de ajuda alimentar. Ao realizar seu primeiro teste nuclear em 2006, a Coreia do Norte aumenta o poder de barganha para exigir concessões economicas dos paises ricos, especialmente dos EUA.
 
Sob pressão internacional, em setembro de 2007, a nação diz que abandonará seu programa nuclear, mesmo em dezembro do mesmo ano, a Coreia do Norte restringe a passagem para a Coreia do Sul e ameaça fechar a fronteira, o que causa novo atrito entre os dois países.
 
No mesmo ano, os EUA concordam em ceder à Coreia do Sul o comando do próprio Exército em tempos de guerra a partir de 2012. Desde a Guerra da Coreia, os EUA controlam o Exército sul-coreano, e aproveitando o acordo, os dois países acertaram amplo tratado de livre-comércio.
 
Em março de 2008, Lee Myung-Bak assume a presidência na Coreia do Sul, endurece a diplomacia dizendo que não aumentará os investimentos na Coreia do Norte enquanto o país não abandonar o programa nuclear.
 
A Coreia do norte, em maio de 2009 removeu o armistício assinado após a guerra da Coreia, e em novembro de 2010, vários mísseis foram lançados pela Coreia do Norte em direção a Coreia do Sul, atingindo a ilha de Yeonpyeong, no lado do Mar Amarelo, proporcionando em média 65 mortos, com edifícios e casas sendo destruídas, com tiros pertos da fronteira entre os dois países.
 
Segundo a rede de TV de Seul, YTN, os militares sul-coreanos confirmaram a troca de tiros. De acordo com a fonte militar de Seul, que não pôde se identificar, a tensão se acentuou nos últimos dias depois que os EUA informaram que o país vizinho construiu instalações para o enriquecimento do urânio, o que poderia ser utilizado para fins bélicos.
 
A abordagem teórica utilizada neste trabalho visa opor uma visão realista das relações internacionais (RIs) (que coloca o Estado-nação como o ator mais importante no jogo das relações entre os povos e justifica o uso da força como condição inevitável para a sobrevivência deste mesmo Estado), no caso esta teoria ilustra a Coreia do Norte e uma visão liberal das RIS, notadamente do Institucionalismo Neoliberal, que acredita nas possibilidades de cooperação entre os povos e consideram as Organizações Internacionais instrumentos que viabilizam essa mesma cooperação por meio da aplicabilidade de suas normas, no caso esta teoria pode ser aplicada no caso da Coreia do Sul.
 
Segundo Robert Jackson (2007), para os liberais institucionais, as organizações fizeram uma diferença significativa, por exemplo, na Europa Ocidental após o fim da Guerra Fria (Keohane et al 1993). Na visão do autor as instituições agem como “amortecedores”, que ajudaram neste caso a absorver os “impactos” na Europa Ocidental com o fim da Guerra Fria e o processo de reunificação da Alemanha.
 
Enquanto os realistas vêem as organizações internacionais como simples “marionetes do poder” que não conseguem deter a anarquia internacional e promover a efetiva cooperação entre os Estados, para os liberais institucionais (Keohane 1989a: 2; Nye 1993: 38; Keohane et al, 1993) um alto nível de institucionalização reduz de forma significativa os efeitos desestabilizadores da anarquia multipolar identificada por Mearsheimer. As instituições compensam a falta de confiança entre os Estados, permitindo um fluxo de informação entre os membros, que, consequentemente, gera mais transparência às ações dos países e aos seus motivos. Em síntese, as instituições ajudariam a “criar um ambiente para o desenvolvimento de uma paz estável” (Nye 1993:39).
 
As Coreias, em particular a Coreia do Norte, voltou a ser assunto de agenda no cenário internacional, submerso não somente à repulsão de países contrários a sua política, mas recebendo ameaças de sanções econômicas dos EUA, e apoio da China nas relações comerciais.
 
Assim, as duas correntes teóricas, no qual o realismo aplica o estadocentrismo e o neoliberalismo estudos abrangente de segurança, na área militar, política, econômica, ambiental e societal, são aplicáveis plenamente, com base nos dados concretos do processo de integração das Coreias.
 
É importante destacar ainda, que seria aceitável desistir do planejamento dos governos em realizar construções e devolver as duas Coreias na reunificação da península Coreana, pois sempre haverá diferenças distintas entre as duas regiões.
 
Dessa forma, as contribuições que a ONU faz para o estado da Coreia do Norte são mais voltadas para ajuda humanitária no combate a fome e muito menos a democratização política, militar do Estado socialista, considerado um dos regimes mais fechados do planeta, no qual mantém sua fronteira vigiada e fechada para não ter fugitivos do país.
 
Considera-se nesse trabalho a análise que as Coreias promovem na história, atores que levam a resultados no qual AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) intervém e promovem um avanço nas negociações pela implantação pela paz, sendo caracterizado em fevereiro de 2007, a nação aceita fechar seu principal reator nuclear, em troca de petróleo e da liberação de depósitos bancários do país congelados pelos EUA.
 
O acordo é cumprido e em setembro a Coreia aceita desativar todas as suas instalações nucleares até o fim do ano em troca de 950 mil toneladas de óleo combustível ou ajuda econômica equivalente. Porém, o país alega dificuldades técnicas, e o desmantelamento do programa se arrasta por 2008. Em maio, a Coreia do Norte entrega documento com histórico nuclear e, em julho, anuncia que concluirá o desligamento até outubro.
 
Após desentendimentos com os EUA e ameaça de cancelar a desativação de um reator, a Coreia do Norte é removida do eixo do mal em outubro. Porém, no mês seguinte, o país impede a vistoria de inspetores no complexo nuclear, o que provoca um novo atrito com os EUA. Uma reunião do Grupo dos seis, tenta estabelecer um novo cronograma para o fim do programa nuclear norte-coreano.
 
Contudo, no final de 2010 com novos ataques da Coreia do Norte a vizinha Coreia do Sul, sendo considerado um caso isolado, a China sua parceira comercial do norte, no qual possui mais afinidades recebeu pressões internacionais para acalmar os norte-coreanos pelos bombardeios realizados. A Coreia do Norte pretende com seu programa nuclear, no qual o fim do programa ainda é inserto, cujo eventual visita em novembro, relatou a existência de uma nova usina nuclear no país.
 
Atualmente (2011), com suspeitas de enriquecimento de urânio, certamente seu objetivo é barganhar novamente os países ricos em busca dos recursos econômicos para o país, e tem como motivo, vestígios do fim da Segunda Guerra Mundial um alvo certo, em seu vizinho Coreia do Sul, que ainda não conseguiu assinar um acordo de paz, que enfim, consequentemente com a prática de bombardeios constantes, proporcionando pânico, mortes e instabilidade na região.
 
11 de março de 2013
Fábio dos Reis Garczarek
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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