"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 31 de julho de 2013

"NÃO TENHO NENHUM ENTUSIASMO POR FHC"


João Ubaldo Ribeiro-Escritor e jornalista

João Ubaldo


Nascido na Bahia na casa do avô materno, quando completou dois meses de idade, João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro junto com a família, mudou-se para Aracaju, Sergipe, onde passou parte da infância.

Seu pai, Manuel Ribeiro, advogado de renome na capital baiana, veio a ser o fundador e diretor do curso de Direito da Universidade Católica de Salvador. Sua mãe Maria Filipa Osório Pimentel deu à luz mais dois filhos: Sônia Maria e Manuel. Em 1957 estréia no jornalismo, trabalhando como repórter no Jornal da Bahia, sendo depois transferido para a Tribuna da Bahia, onde chegaria a exercer o posto de editor-chefe.

Editou juntamente com Glauber Rocha, revistas e jornais culturais e participa do movimento estudantil (1958). Apesar de nunca ter exercido a profissão de advogado, foi aluno exemplar. Nessa mesma Universidade, concluído o curso de Direito, faz pós-graduação em Administração Pública. Atualmente, João colabora nos editais O Globo, Frankfurter Rundschau (na Alemanha), Jornal da Bahia, Die Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), O Estado de São Paulo, A Tarde e muitos outros, exteriores e nacionais.

Em 1959, participa da antologia Panorama do Conto Baiano, com o conto Lugar e Circunstância; a antologia é publicada pela Imprensa Oficial da Bahia. Nesse período trabalha na Prefeitura de Salvador como office-boy do Gabinete e logo em seguida como redator do Departamento de Turismo. Em 1961, participa da coletânea de contos Reunião, editada pela Universidade Federal da Bahia, com os contos Josefina, Decalião e O Campeão.
Em 1963 escreve seu primeiro romance, Setembro Não Faz Sentido, com prefácio do colega Glauber Rocha e apadrinhamento de Jorge Amado. O título original seria A Semena da Pátria, mas por sugestão da editora, João alterou o título.

A Editora Civilização Brasileira lança, em 1971, o romance Sargento Getúlio, feito que garantiu a João o Prêmio Jabuti de 1972 concedido pela Câmara Brasileira do Livro, na categoria “Revelação de Autor”. Segundo a crítica da época, o livro contém o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa.

Publicou, em 1974, o livro de contos Vencecavalo e o outro povo, cujo título inicial era A guerra dos Pananaguás, pela Editora Artenova. Com tradução feita pelo próprio autor, vários romances tornaram-se famosos no exterior, entre eles o Sargento Getúlio que, lançado nos Estados Unidos em 1978, ganhou receptividade pela crítica do país.

Em 1981 muda-se para Lisboa, Portugal e, voltando ao Brasil, publica Política – livro ainda adotado em faculdades e republicado como Já Podeis da Pátria Filhos -, além de iniciar colaboração no jornal O Globo. Sua produção jornalística nessa época foi reunida em 1988 no livro Sempre aos Domingos.

Em 1982 inicia o romance Viva o Povo Brasileiro (intitulado primeiramente como Alto lá, meu general). Nesse ano participou doFestival Internacional de Escritores, em Toronto, Canadá. Viva o povo Brasileiro é finalmente editado em 1984, e recebe o Prêmio Jabuti na categoria “Romance” e o Golfinho de Ouro, do Governo do Rio de Janeiro. Inicia a tradução do livro para a língua inglesa, tarefa que lhe consumiu dois anos de trabalho, a partir do qual preferiu utilizar o computador. Ao lado dos escritores Jorge Luis Borges e Gabriel Garcia Marquez, participa de uma série de nove filmes produzidos pela TV estatal canadense sobre a literatura na América Latina.

Em 1983, estréia na literatura infanto-juvenil com o livro Vida e paixão de Pandonar, o cruel. Em 1989 lança o romance O sorriso do lagarto. Sua segunda experiência na literatura infanto-juvenil apresenta-se em 1990 com o livro A Vingança de Charles Tiburone. Neste ano João participa do já citado Frankfurter Rundschau e, retornando em 1991 ao país de origem, hospeda-se no Rio de Janeiro.
Em 1994 lança o livro de crônicas Um brasileiro em Berlim, sobre sua estada na cidade.
Publica, em 1997, o romance O feitiço da Ilha do Pavão, pela Editora Nova Fronteira. No mesmo ano, antes da publicação deste romance, João é hospitalado com fortes dores de cabeça devido uma queda. Fora escolhido, em 1999, um dos escritores em todo mundo para dar um depoimento ao jornal francês “Libération” sobre o milênio que se aproximava na época. João é detentor da cátedra de Poetik Dozentur (Docente em poesia) na Universidade de Tübigen, Alemanha e também consagrado na Avenida Marquês de Sapucaí.

Seu livro Viva o povo brasileiro foi escolhido como samba-enredo da escola Império da Tijuca para o carnaval do ano de 1987. Em 1993, foi eleito para a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. O estilo literário de João Ubaldo Ribeiro é basicamente traçado pela ironia e pelo contexto social do Brasil, abrangendo também cultura portuguesa e cultura africana. Antônio Olinto, escritor, crítico literário, diplomata e também membro da Academia Brasileira de Letras, diz que Ubaldo constrói sua estrutura muitas vezes começando a história pelo meio, como se ela já houvesse existido antes. “Mas como falar deste país sem o lanho do humor? Em tudo insere João Ubaldo a visão do humorista, que vê o que não aparece, identifica a nudez das gentes, entende os pensamentos ocultos”, diz Olinto, no mesmo artigo. Segundo ele, em Ubaldo Ribeiro o humor atinge seu auge em Vencecavalo e o Outro Povo.

Leia a entrevista, de um dos maiores escritores do país, agora com exclusividade no Panorama Mercantil.
 

Panorama Mercantil-Em 1999, o senhor disse a frase: “Escrevo por dinheiro”. A literatura o deixou rico?

João Ubaldo Ribeiro-
Me deixou numa situação vamos dizer, semelhante a de um funcionário aposentado do Banco do Brasil, não nos mais altos cargos, mais ali, talvez como um gerente, ou uma coisa desse tipo. Acho eu, embora minha aposentadoria do INSS – por mais imprudência minha do qualquer outra coisa – parece que é de R$1.200,00 ou R$1.300,00 , então não vivo de aposentadoria. Eu consegui viver uma vida de classe média. Até moro num bairro de rico, mas quando vim para cá não era assim. Eu consegui ganhar um dinheirinho com a venda de ‘O Sorriso do Lagarto’ para a televisão, e aí tive dinheiro para comprar esse apartamento onde eu moro no Leblon que hoje é ridiculamente valorizado, com a consequência que de patrimônio, acho que estou chegando perto de ser um milionário brasileiro. Não sei porque esse apartamento se valorizou grotescamente nos últimos anos, e eu vim para cá há mais de 20 ou 25 anos. Comprei esse apartamento que era de Caetano com esse dinheiro e fiquei nessa situação. Hoje não, hoje eu vivo de trabalho, vivo de escrever e ganho para me manter digamos assim, dos jornais para os quais eu colaboro. Eu ainda dependo dos jornais para escrever, quer dizer, não terrivelmente, não ia morrer até porque sempre tem alguma coisa ou outra para fazer por aqui para quem vive da pena (da escrita), mas não fiquei rico de jeito nenhum, nada! Tenho apartamento, estou comprando a casa de Itaparica onde nasci mas tem outros herdeiros, e estou comprando à parte deles. Então eu vou ficar com esse apartamento aqui que vale muito mais do que eu gastei, quer dizer, era um dinheiro que eu tinha na verdade, foi uma coincidência interessante, e depois se Deus quiser a casa de Itaparica. Mas eu não quero muito mais do que isso não, está tudo muito bem.

 
Panorama-O senhor afirmou uma certa vez, que gostaria de escrever novelas. A dramaturgia lhe encanta de alguma forma?
 
Ribeiro-Eu acho – ainda mais eu que sou desavergonhado – eu não tenho certeza assim quanto ao que eu falei de forma exata. Eu devo ter querido dizer – pelo menos é isso que eu acho – que eu gostaria de saber escrever novela, não provavelmente de escrever, porque do jeito que sou hoje, que era, e que sempre fui, eu não sei escrever novela. Talvez conseguisse aprender com o correr do tempo a ser um noveleiro pelo menos medíocre ou mediano, mas não tenho talento nenhum para dramaturgia. Fico até um pouco envergonhado, quando vejo nos meus currículos aqui pela internet, que sou um roteirista. Eu não sou um roteirista, eu colaborei em vários roteiros, mas eu nunca fiz um roteiro sozinho. Colaborei com amigos como é o Cacá Diegues, que é uma honra colaborar, porque é um dos nossos maiores e mais notáveis cineastas no mundo todo. Cacá é conhecido no mundo todo; premiado no mundo todo; festejado no mundo todo, então é muito bom e graças a Deus ele é meu amigo. Então Cacá me chama e faço com ele, mas sozinho nunca farei. Também já fiz roteiros com o Geraldinho Carneiro [poeta, letrista e roteirista mineiro], que também é um grande amigo meu e com quem eu tenho grande facilidade de comunicação e trabalho enfim, mas por essas circunstâncias, já que eu não sei escrever para teatro, eu não tenho jeito para dramaturgia, acho, sinceramente eu não sei. As coisas que tem aparecido em teatro lá na Bahia e aqui (Rio de Janeiro) com a Fernanda Torres e com o Domingos, são coisas feitas por outros. Eu acho que uma peça de Domingos de Oliveira [no caso 'A Casa dos Budas Ditosos', do livro homônimo escrito por João Ubaldo que tem como tema a luxúria], que com grande maestria, transformou um texto meu em espetáculo teatral de uma forma muito boa, já que ele não mexeu em nada do que eu escrevi, ele apenas armou a coisa em termos de monólogo, concebeu o espetáculo e deu certíssimo. Então foi mais graças ao talento de Domingos e de Fernanda, que também é uma grande atriz e fez o que todo mundo viu nessa peça, mas eu mesmo não escrevo não.
 
Panorama-O senhor começou a trabalhar com 17 anos como jornalista. É daqueles que dizem que o jornalismo que se fazia naquela época, é melhor do que o que é praticado atualmente?
 
Ribeiro-Eu acho que o jornalismo não era melhor e nem pior. Era o jornalismo que se podia ter naquela época, assim como o de hoje, é o que se pode ter na época de hoje. É evidente que eu faço – e muita gente da minha idade e até um pouquinho mais nova – restrições ao jornalismo de hoje, mas nada impede que se desconfie que se trata de coisa que os mais velhos sempre disseram sobre os tempos atuais, ou seja, não é provavelmente saudosismo, mas é uma visão das coisas às vezes não tão exata quanto se pensa, porque às vezes se reconstitui o passado de uma maneira um pouco fantasiosa, esquecendo certas desvantagens e assim por diante. Como estava dizendo, o jornalismo de antigamente era o melhor jornalismo que podia se ter, independente de coisas como censura e assim por diante, embora também já tenha feito comentários digamos “de velho” em relação ao jornalismo de hoje. Eu acho o jornalismo por exemplo escrito – mas reitero, é tavez perspectiva de velho, não tenho certeza – mas a tendência minha é achar que o jornalismo já teve expoentes mais brilhantes do que têm hoje, que já se escreveu melhor em jornal do que hoje, mas eu não tenho certeza disso. Isso pode ser uma afirmação como eu disse distorcida, até eu admito, por saudosismo no sentido talvez mais lapso da palavra.
 
Panorama-O senhor já criticou o PSDB e também faz críticas ao Governo atual, que é comandado por uma petista. Acredita que um intelectual deve manter esse livre arbítrio e não se filiar a nenhuma legenda para não ter o chamado “rabo preso”?
 
Ribeiro-Não, o intelectual propriamente não, aliás, acho que ninguém. Agora no meu caso, em primeiro lugar acho que sou um cético político, ou um São Tomé. Eu hoje depois de 70 anos – estou com 72 – tenho muito que ver para crer, para acreditar em políticos daqui. Acho que hoje, todo mundo tem um pé atrás. No meu caso, mas isso é escolha minha, é melhor realmente não se comprometer com lado nenhum, já que não me sinto atraído por nada desses partidos amorfos, pois todos vão para a televisão dizer a mesma coisa, coisa vagas como: “Queremos justiça social”; “Um Brasil para todos”; “Queremos melhor educação”; agora ninguém diz como fazer para a situação terrível que em certas áreas o Brasil se encontra. Veja a situação de segurança pública por exemplo, as reformas que não foram feitas como a reforma política, a reforma tributária e outras reformas duras de se fazer. Eu não quero me comprometer com ninguém, inclusive porque eu acho que escrevendo sobre tudo como escrevo em jornal, não gostaria de levantar suspeitas no leitor quanto a minha subordinação ou conluio com certos esquemas. Felizmente ninguém pode dizer isso de mim. Já me chamaram de “Puxa-saco do PT” que pra mim causou uma surpresa enorme, considerando o que eu já escrevi não sobre o PT, mas sobre os vários atos e acontecimentos ligados ao PT. Já me chamaram de tudo “A soldo de Fernando Henrique” e assim por diante, e isso mantendo a isenção que mantenho, já que não sou ligado a nada. Eu no meu caso, acredito que eu devo manter essa liberdade e não me filiar a partido nenhum, não quero correr o risco, de mesmo sem querer, estar defendendo pontos de vista do meu partido e muito menos por querer, de pegar uma coluna que me é entregue com outras obrigações para transformá-lo num veículo que no fundo é para meus interesses pessoais, não seria pessoais no caso, mas em última análise acabaria sendo. Então eu fico desfiliado, tão solto quanto é possível, tão isento quanto é possível, porque a isenção absoluta é uma quimera, uma ilusão.
 
Panorama-Voltando a história de escrever por dinheiro, por quê o senhor acredita que algumas pessoas, ainda se sentem chocadas, quando vê o artista ou o intelectual, falar de uma forma mercantilizada sobre o seu trabalho?
 
Ribeiro-Esse negócio de choque ante escrever por dinheiro, é uma ideia falsificada, romântica, e um pouco atrasada que nós persistimos em manter. E eu não sei fruto de que outras características culturais, porque isso é muito comum aqui, já que nos países saxônicos não é tanto assim não. Agora você veja, as pessoas estranham quando alguém diz uma coisa como eu sobre escrever por dinheiro ou querer ganhar dinheiro com o que produz artísticamente, e no entanto, a regra sempre foi essa. O artista que produz espontaniamente de acordo com as musas, com as nuvens, ou de acordo com os anjos ou seja lá o que seja, são uma exceção. Você observa que desde antes de Cristo, desde os dramaturgos gregos, se escreve e se produz arte em geral por ganhos materiais. No caso dos gregos por exemplo, inclusive num clima do maior baixa astral, fofocaria, intriga, porque havia muitas vantagens, prêmios e outras vantagens em ganhar os festivais em que concorreram Sófocles, Ésquilo, Aristófanes, Eurípedes e outros menos votados ou menos conhecidos dramaturgos gregos. A arte da Renascença foi praticamente toda produzida de encomenda. Rembrandt atendia por encomenda; Michelangelo dizem que era até interesseiro e que sem dinheiro ele não acabaria uma obra-prima. Vamos dizer que se eu tivesse encomendado o ‘Davi’ de Michelangelo Buonarroti, e se ele viésse me procurar para um segundo pagamento e se eu dissésse: “Senhor Michelangelo não vou lhe pagar não”, ele me responderia: “Em tão não tem mais Davi”; e isso era em toda arte. Eu estava outro dia, me lembrando vendo uma série de tv sobre os Tudors [dinastia de monarcas britânicos que reinou na Inglaterra entre o fim da Guerra das Rosas entre 1485 e 1603.] e Holbein [Hans Holbein (1497-1543), pintor alemão, um dos mestres do retrato no Renascimento] estava na corte de Henrique VIII cobrando pelos retratinhos dele; Bach [Johann Sebastian Bach (1685-1750) compositor e maestro alemão] era um puxa-saco conhecido. Ele fez as seis obras-primas universais que são os ‘Concertos de Brandenburgo’, para puxar o saco do Bargrave [John Bargrave (1610-1680), autor, colecionador, e um cânone da catedral de Canterbury na Inglaterra], e dizem que o Bargrave nunca ouviu os seis ‘Concertos de Brandenburgo’. Mozart [Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) compositor austríaco] de certa maneira, era empregado da cozinha imperial do imperador da Áustria na Europa Central. Mozart com toda certeza recebia ordens assim: “O senhor Wolfgang, me faça o favor, sábado vai chegar uma duquesa amiga minha de um ducado de não sei das quantas, e eu queria um concertinho alegre. Nada daquelas coisas mais tristes, não quero nada triste e também não quero nada requentado…”; Dickens [Charles Dickens (1812-1870), romancista inglês] dizem que morreu extenuado de tanto fazer conferências, e fazia os romances estraordinários que escreveu, para poder publicar em fascículos de jornais, e atender um público enorme. Da mesma maneira, Balzac [Honoré de Balzac (1799-1850), escritor francês] fazia isso para ganhar dinheiro; da mesma forma Dostoiévski [Fiódor Dostoiévski (1821-1881) romancista russo] fazia o seu trabalho para ganhar dinheiro, enfim, quando era para ganhar dinheiro era para ganhar dinheiro o não ganhar dinheiro era exceção. Eu termino com história contada, eu não sei se apócrifa, mas conto essa história de Picasso. Que Picasso estava sendo visitado por um possível comprador milionário americano, mas o deslumbramento dele já estava enchendo o saco do Picasso. Aí dizia que ele parou em frente a um quadro extasiado e disse: “Mestre o que significa esse quadro, essa coisa que me deu tanta emoção, o que o senhor quis dizer com isso?” aí Picasso responde: “200 mil dólares”. Os artistas são pessoas como outras quaisquer, apenas a profissão deles é considerada uma atividade artística. Nenhum artista verdadeiro, nem eu, que me considero talvez pretensiosamente um deles, se vende ou se prostitui por dinheiro, porque ele não vai fazer o que ele não quer, o que é contra os seus princípios, a não ser que seja um sujeito bastante pervertido, haverá exceções, mas um sujeito desses, deve ter algum problema. Mas normalmente o sujeito não faz aquilo que não faria, que é contra as suas convicções e princípios, de resto, a encomenda é a regra. Trabalhar por dinheiro para o artista é a regra, o resto é preconceito de quem dessa forma, deixaria a atividade artística somente para aqueles que tem o ócio e o lazer necessários para se dedicar a isso, e isso não dá certo.
 
Panorama-Muita gente diz que o Brasil é um país que não lê, mas os seus livros já venderam milhões de exemplares. Quem está errado: os estatísticos ou quem escreve outros livros que não estão sabendo agradar o público?
 
Ribeiro-É muito complexo esse universo, e eu não sei direito e não conheço direito para dar um bom palpite. Mas inicialmente, eu posso dizer que o Brasil percentualmente em termos relativos, tem realmente a circulação de livros grotesca, pequeníssima, mas em termos absolutos, considerando o tamanho da nossa população, o nosso mercado é significativo, em termos quantativos é. Por exemplo, eu sou muito bem vendido com o livro ‘Viva o Povo Brasileiro’ e republicado todos os anos na Holanda, o que é muito lisonjeiro, mas ser Best-seller na Holanda seria até ter uma vendagem muito pequena ou relativamete pequena no Brasil, porque em termos relativos o público da Holanda é muitíssimo maior do que o daqui, mas a população é muitíssimo menor, então o mercado daqui sempre significará alguma coisa. Agora o fato de só comprar livros estrangeiros, como esses que estão na lista de Best-sellers, eu não sei ao que se deve, mas nós somos um país colonizado culturalmente de uma forma avassaladora, na nossa língua etc. Outro dia eu estava assistindo aqui e contando de brincadeira, que passaram seis comerciais um atrás do outro, e todos eram com coisas em inglês. Produtos que se pronuncia em inglês para um menino que está sendo alfabetizado em português deve ser uma confusão horrorosa. Mas temos vontade de ser americanos, o que se vai fazer! E aí o Brasil compra esses Best-sellers internacionais, fabricados em série em conjunção com o cinema. Vampiros nos livros, vampiros nos cinemas, eu nem acompanho direito essas coisas. Vamos escrevendo o que Deus consente, e nem vou pensando muito nessas coisas não.
 
Panorama-O seu romance histórico ‘Viva o Povo Brasileiro’ tem setecentas páginas, ou seja, é um livro considerado difícil, mesmo assim ele é fascinante. Como o senhor explica esse fascínio?
 
Ribeiro-Ninguém sabe porque um livro interessa, ou porque um livro se dá bem dessa forma por tanto tempo e são dois livros ['Viva o Povo Brasilero' e 'Sargento Getúlio']. Em parte devido a esses dois, o resto que eu escrevo é republicado e reeditado periodicamente. Mas meus dois livros ‘Sargento Getúlio’ e o ‘Viva o Povo Brasileiro’ são interessantes, sendo que os dois já são bastante idosos tendo mais de 30 anos ou por aí, e ambos continuam sendo reeditados e não só aqui. Agora mesmo eu recebi um nova edição de bolso por outra editora de ‘Sargento Getúlio’ em alemão. Eu não sei explicar esse negócio do meu livro… Eu gostaria de arriscar e dizer porque ele é bom, mas nem disso eu tenho certeza. Eu acho bom claro, é meu filho e eu acho bom, mas deve ter muito gente que não acha.
 
Panorama-Por quê a internet é a perdição de um escritor?
 
Ribeiro-Eu sei que já escrevi isso numa crônica se não me engano, ou já disse, não estou negando a autoria não, porque eu sei que já disse, só não me lembro em que contexto eu disse esse negócio. Não sei se disse isso no sentido de que a internet facilita as coisas demais; ou que o sujeito checa o que o escritor diz. Eu sinceramente não me lembro disso. Eu repito que não estou negando a autoria pelo contrário, eu me lembro de ter dito isso, agora em que contexto eu não sei. Não sei se estava falando que o Google facilita demais para o sujeito checar a informação que outrora era difícil de conseguir, não sei se é porque o escritor fica distraído com a internet e larga o texto de lado, eu não sei.
 
Panorama-O senhor disse que não têm interesse teórico pela literatura. Nos fale mais sobre isso.
 
Ribeiro-Não é que eu não tenho interesse teórico em literatura, eu posso até ter em determinado momento da minha vida, em determinadas circunstâncias. O que não gosto é de papo literário, ou seja, conversar o tempo todo sobre literatura. Analisar romances, analisar momentos da história literária do país e assim por diante. Em certa ocasiões, eu gosto tanto de um papo literário quanto por exemplo de um papo sobre futebol ou música, ou fofoca da vizanhaça de Itaparica, da vizanhaça aqui do Rio não, mas de Itaparica sim. Enfim, fofocas inocentes bobas como quem casou, ou quem largou a noiva, essas coisas. Conversando sobre literatura com naturalidade sim, mas eu não gosto de mesas redondas discutindo: “Olha a vertente disso, olha a vertente daquilo…” ou “O problema da identidade…”, eu sei é que não gosto de papo literatóide, literatóide não, literato mesmo, me entedia. A não ser quando pinta naturalmente, ou quando um companheiro de ofício trocando confidências comigo, ou trocando experiências enfim, não é ojeriza, é que não sou tão interessado nisso quanto às vezes pode se pensar por eu ser um escritor profissional.
 
Panorama-Qual a importância de um prêmio literário para um escritor se firmar no mercado, ou mercado e prêmios são coisas completamente distintas?
 
Ribeiro-Depende, alguns prêmios não, alguns prêmios eu acho, eu não saberia dizer quais, mais a experiência de uma forma meio nebulosa que me veio assim na cabeça, é que em alguns casos, o prêmio chama a atenção para o trabalho do indíviduo e assim por diante. Eu acho que depende da importância do prêmio, da divulgação e assim por diante, mas o prêmio não faz o livro não, isso eu tenho certeza. O prêmio ajuda quando é em dinheiro principalmente. Prêmio sem dinheiro, pergunte a maioria dos escritores para responder com sinceridade, a maioria deles com certeza vai dizer que prêmios como: troféu, canudinho, estatueta é muito bom, mas prêmio bom mesmo é em dinheiro. Escritor só é rico em filme de Hollywood. O Tom Clancy com aqueles filmes de Guerra Fria, aí sai no jornal: “Escritor ganha 10 milhões de dólares” e pensam que os escritores são assim. A maioria dos escritores, ou ensinam da Universidade, ou têm outra ocupação, ou vivem matando cachorro a tapa. Eu hoje como já disse, não poderia provavelmente subsistir, até porque já estou velho, se parasse de trabalhar por não remuneração. Mas trabalho e não paro, porque iria me fazer falta. Tenho certeza que não seria uma coisa calamitosa, mas cortaria a minha fonte de renda digamos regular.
 
Panorama-”O senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais”. Esse trecho foi retirado de um artigo seu escrito em 1998 com o título ‘Senhor Presidente’. E agora que Fernando Henrique Cardoso está prestes a se tornar um imortal como se sente?
 
Ribeiro-Ao contráro dele, não vou pedir para que vocês esqueçam o que escrevi não. E de fato escrevi isso. De fato não tenho nenhum entusiamo por Fernando Henrique, mas também escrevi esse negócio contra o presidente digamos (digamos o contra), ou o então presidente Fernando Henrique. Mas o que eu vou dizer agora é diferente, porque eu sei que ele é candidato, até já me mandou comunicar isso, me mandando os seu livros de presente, como os candidatos da Academia geralmente fazem. E aí, já me perguntaram o que eu iria fazer, e eu não vou fazer nada, ainda mais a esta altura, sabendo que ele está entrando com a aprovação praticamente geral dos outros acadêmicos. Eu não vou chegar agora, e chamar a imprensa aqui para hostilizar a candidatura dele, e para fazer escândalo dizendo coisas como: “Só por cima do meu cadáver” ou “Me oporei, isso é uma afronta…”, ou qualquer coisa assim, porque depois se eu fizesse isso, muitos iriam dizer, que eu queria aparecer, eles teriam toda razão. Porque só um sujeito que quisesse aparecer, armaria um circo desses, e só teria efeitos de chamar atenção e dar material para matérias semi-fofoqueiras ou fofoqueiras nos jornais. Não ia adiantar coisa nenhuma, iria chamar atenção para mim com: “O que ele quer fazer”. Eu sei que não vai dar certo e além de tudo, eu também não encaro como um desastre para a Academia o ingresso de Fernando Henrique. Ele não é meu candidato digamos assim, mas não sou inimigo dele, aliás não sou inimigo dele e nem de ninguém. Não quero fazer frente a ele, barrar a entrada dele, fazer discurso lá na Academia contra o ingresso dele, isso não se faz, já que aquilo é uma casa democrática. Eu não mando naquilo e mesmo se mandasse, meu temperamento não seria conivente com um tipo de discriminação dessas. Se a Academia fosse constituída de minha escolhas, aí já era outra coisa. Agora eu também sou obrigado a reconhecer, que o FHC inegavelmente, tem estatura intelectual para engressar numa Academia de Letras, isso ele têm! Não vou também negar isso. É só comparar a estatura intelectual de Fernando Henrique com o geral. Ele está acima ou então está a altura do melhor nível que nós temos, eu não vou negar isso, eu só não retiro o que falei sobre ele nesse artigo. Ele não vai entrar na minha vaga porque para isso seria necessária que eu morresse, eu acho que não vou me suicidar se ele entrar e nem quero que ninguém me assassine se ele entrar, espero também que não [risos.]. Segundo, agora que ele vai entrar, eu não vou fazer barricada na porta para ele não entrar, e chamar a imprensa para fazer escândalo porque seria ridículo. E não se trata de um inimigo meu pessoal, e já seria ridículo passar minha inimizade para a Academia como se eu mandasse na Academia, enfim, estou explicando para que não digam que eu não tenho palavra ou sei lá o quê, e se ninguém entender, tudo bem.
 
Panorama-O senhor foi amigo de um grande jornalista, o polêmico Tarso de Castro fundador de ‘O Pasquim’. Existe espaço para jornalistas como ele na imprensa atual, ou o politicamente correto dominou todos os espaços inclusive a imprensa?
 
Ribeiro-Um jornalista como Tarso, sempre teria que ter lugar, eu não sei se ele está tendo no momento um substituto. Eu não sei se esse substituto está começando a aparecer, ou se haverá um substituto, ou seja, alguém que desempenhe o mesmo tipo de papel, já que o mesmo papel, acho que seria impossível. Eu não sei como seria Tarso no tempo da internet, dos smartphones, dos iPads. No início ele seria tecnófago, mas depois ele provavelmente aderiria, eu não sei como seria. Mas eu acho que para um sujeito como o Tarso [ para o raciocínio emocionado nessa parte, porque se lembrou do mesmo, já que mora no apartamento que pertenceu ao jornalista falecido]. Eu espero que sim, que haja lugar para um homem como ele controvertido e polêmico como você diz aqui, mas era um homem honesto. Ele era só um porra-louca financeiro, mas Tarso poderia ter morrido rico amigo que foi de Jango, de Brizola, amigo mesmo não só encostador. Podia ter se locupletado de diversas formas mas enfim, é a vida!

31 de julho de 2013
Eder Fonseca, jornalista, Diretor-Executivo do Portal Panorama Mercantil
 

GASTANDO A NOVA PALAVRA...

Megadilma


“Talvez, junto com as redes sociais, uma das coisas e dos fenômenos mais importantes que vai caracterizar o século XXI é o surgimento de megacidades. E nós estamos aqui em uma megacidade, São Paulo é uma megacidade. Outras megacidades se espalharão pelo mundo, e já se espalham pelo mundo. A China tem megacidades, algumas cidades em alguns países ocidentais também são megacidades”.

Dilma Rousseff, nesta quarta-feira, durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana, Drenagem e Recuperação de Mananciais, em São Paulo, internada por Celso Arnaldo ao repetir o entusiasmo redundante de quando aprende uma nova palavra.

31 de julho de 2013
Augusto Nunes

DEPOIS DE ESCONDER O NAMORO, O PT AGORA JURA QUE NÃO CONHECE AS FARC NEM DE VISTA

 

“Nunca houve participação das Farc no Foro”, mentiu em Buenos Aires o companheiro José Eduardo Cardozo, conselheiro da campanha de Dilma Rousseff, escort da candidata em passeios internacionais, secretário-geral do partido e representante da sucursal brasileira do Foro de São Paulo ─ um dos codinomes da Irmandade dos Órfãos do Muro de Berlim.

Até agora, Cardozo vinha agredindo a verdade sem tanta ferocidade: só fazia de conta que as FARC e o PT nunca passaram do flerte ao namoro.
Nesta quarta-feira, na discurseira de abertura da 16ª edição do Foro, perdeu a vergonha de vez. E afirmou que os velhos parceiros não se conhecem nem de vista.

Em 2008, ao chorar a morte do amigo Raúl Reyes, o presidente venezuelano Hugo Chávez contou onde conhecera o n° 2 das Farc, único guerrilheiro da história a morrer de pijama: “no Foro de São Paulo”, diz aos 3m19 do vídeo que ilustra o post.
Centenas de gravações semelhantes atestam que as Farc andam de mãos dadas com o resto da irmandade desde os tempos em que o Foro ainda era só um brilho no olhar de Fidel Castro. Em nome da turma, Cardozo nega o colosso de provas. Sem ficar ruborizado.

No começo do ano, ao anunciar que desistira da candidatura à reeleição, o deputado federal em fim de mandato insinuou que só retomaria a carreira parlamentar se o Congresso mudasse. Pela cara de coroinha que nunca bebeu o vinho da missa, imaginou-se que o companheiro estava incomodado com a falta de seriedade dos colegas.
Pelas mentiras que anda contando, pode-se deduzir que resolveu mudar de rumo por achar o Congresso sério demais.

Cardozo já foi apresentado como um indício de que havia gente ética no PT pós-mensalão. Hoje é só mais uma evidência de que a Era Lula transformou o sistemático assassinato da verdade em instrumento de ação política.


 
PUBLICADO EM 19 DE AGOSTO DE 2010

O CABARÉ DOS ÓRFÃOS DA UNIÃO SOVIÉTICA




No vídeo que ilustra o post republicado na seção Vale Reprise, Hugo Chávez conta que conheceu os companheiros Raul Reyes e Lula em 1995, durante a reunião do Foro de São Paulo realizada em San Salvador.
Reyes,  o número 2 na hierarquia das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas, estava lá como representante do bando que nasceu sonhando com o paraíso comunista e, há pelo menos 20 anos, sobrevive explorando o narcotráfico.
Lula, então convalescendo da primeira derrota para Fernando Henrique Cardoso e já a caminho da segunda, baixara na capital de El Salvador para falar em nome do Partido dos Trabalhadores.

Gravado em 2008, o vídeo transformou-se numa prova contundente de que, ao contrário do que recitaram desde sempre os chefes do PT, as Farc são sócias fundadoras da confraria concebida por Fidel Castro para mostrar, uma vez por ano, que o comunista não é uma espécie extinta.
Como nenhuma prova é suficientemente irrefutável para mentirosos patológicos, os pontapés na verdade prosseguiram. Assim que começa a quermesse anual dos órfãos da União Soviética, algum companheiro é escalado para jurar que as Farc jamais participaram do Foro.

Nestes dias, os sacerdotes da seita lulopetista estarão trocando afagos públicos com lhamas-de-franja, viúvas-de-tango, filhotes-de-passarinho, ditadores-de-adidas e outras obscenidades cucarachas. Mas vão fingir que não viram nem de longe alguém procedente da selva colombiana. Nos bordéis de antigamente, as prostitutas topavam tudo, menos beijo na boca.
No cabaré das velharias ideológicas, o PT topa qualquer ligação promíscua, aprova qualquer perversão. Mas só anda de mãos dadas com as FARC sem testemunhas por perto.

31 de julho de 2013
Augusto Nunes

FACEBOOK RETIRA DO AR PÁGINA QUE FACILITAVA DOAÇÃO ILEGAL DE CRIANÇAS NO BRASIL

Prática constitui infração ao Código Civil, afirma juiz da Vara da Infância e da Juventude de São Paulo

 
Adoção
Adoção (Thinstock)
         
O Facebook está sendo usado no Brasil para facilitar a doação ilegal de crianças. Umas das páginas, a comunidade "Quero doar meu bebê", já foi retirada do ar pela administração da rede social após denúncias de usuários. A prática — ainda que não envolva transação financeira ou qualquer outro tipo de recompensa — constitui infração ao Código Civil, segundo Reinaldo Cintra, juiz da Vara da Infância e da Juventude do Foro Regional da Lapa, em São Paulo. "O poder familiar é irrenunciável. Os pais não podem entregar seu filho para uma terceira pessoa sem intermediação da Justiça", diz Cintra. 

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Criada no dia 27 de junho, a página "Quero doar meu bebê" foi curtida por quase 150 pessoas. Nela, usuários que se identificaram como mulheres se diziam dispostas a doar seus filhos. "Meu nome é Gisele, tenho um filho de quatro meses e não tenho condições de criá-lo", contava um post, de 29 de junho.

No mesmo dia, a dona da página, que se identifica como Lays Cristina Ferreira Nunes, pediu que interessados em adotar crianças divulgassem seus e-mails para facilitar a operação. A reportagem tentou entrar em contato com a proprietária da página, mas não obteve resposta às mensagens enviadas.

Muitas pessoas responderam o post de Lays, divulgando seus endereços eletrônicos. "Sou da Europa, mas moro no Brasil. Estou muito interessado em adotar um bebê. Tenho 42 anos e tenho preferência por uma criança do sexo feminino e negra", dizia um dos comentários. "Casal branco, com vida estável. Não posso engravidar e sou de São Paulo. Quero adotar um bebê", afirmava outra publicação.

Segundo o juiz Reinaldo Cintra, a facilitação da doação não assistida pela Justiça torna-se crime se envolver transação financeira ou outros benefícios. Em todos os casos, havendo dinheiro ou não, cabe à Justiça tomar a guarda da criança para, em seguida, incluí-la em uma nova família que esteja no cadastro oficial de adoção.

Para Fernanda Beatriz Gil da Silva Lopes, assessora da Infância e da Juventude do Ministério Público do Estado de São Paulo, todos os agentes envolvidos na negociação (quem entrega, quem adota e quem facilita) infringem a lei. A especialista chama a atenção ainda para o fato de alguns pais registrarem essas crianças recém-nascidas como seus filhos. "Essa prática é ilegal. Trata-se de um crime contra o estado de filiação ou falsa paternidade", diz.
 
Recife — Outros casos de páginas no Facebook para facilitar a adoção foram registrados no Brasil. O delegado Adenir Oliveira, do Departamento de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA), de Pernambuco, investiga um caso de suposta negociação de bebê realizada através da rede social. Uma das páginas sob investigação é "Quero doar — Quero adotar seu bebê Recife-PE". O delegado afirmou que pediria ao Facebook a remoção da página do ar, além de uma cópia de todo o conteúdo veiculado ali.

Apesar de o bebê ter morrido na última sexta-feira, Oliveira afirmou que ainda se trata de um crime. A mãe foi ouvida, mas não foi presa. A infração, segundo o artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pode levar a reclusão de um a quatro anos e multa.

31 de julho de 2013
Renata Honorato, Veja
(Com Agência Estado)

JULGAMENTO DO MENSALÃO SERÁ RETOMADO EM 14 DE AGOSTO, INFORMA BARBOSA




O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, encaminhou ofício hoje (31) aos demais ministros da Corte informando que o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, será retomado no dia 14 de agosto, a partir das 14h. A expectativa é que a Corte leve pelo menos um mês para analisar os 26 recursos apresentados pelos réus, os chamados embargos de declaração.

A atitude de avisar os ministros com pelo menos dez dias de antecedência foi acertada em reunião administrativa feita no dia 22 de maio. Embora o julgamento dos recursos não admita nova manifestação do Ministério Público ou dos advogados, o aviso também permitirá que eles se preparem com antecedência.

Ainda não foi definido se a Corte manterá a figura do revisor, posto ocupado pelo ministro Ricardo Lewandowski, durante o julgamento principal. A Corte também terá que discutir a metodologia de julgamento, definindo se julgará os embargos declaratórios todos de uma vez ou individualmente.

Os embargos declaratórios pretendem esclarecer pontos omissos ou contraditórios no acórdão, documento oficial que resume e consolida as decisões do julgamento. A maioria dos réus pede redução da pena ou absolvição, além da substituição de Barbosa na relatoria do processo e anulação do acórdão.

No semestre passado, Barbosa disse que a análise dos embargos infringentes ocorreria depois dos embargos declaratórios. Esse tipo de recurso permite novo julgamento quando há pelo menos quatro votos pela absolvição.

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

                

RESTA SABER SE O GIGANTE PEGOU DE NOVO NO SONO PESADO, OU NÃO


Uns fomentam a violência com a máscara do anticapitalismo. Outros convocam um golpe militar, com a máscara do anticomunismo. Em comum o mesmo rancor pela democracia, o mesmo projeto totalitário.

A violência institucional dos mascarados e da polícia tira o povo das ruas. São manobras patéticas para capturar a rebelião dos brasileiros.

Tem mais:  o governo finta as demandas por serviços decentes e menos corrupção com mais propaganda do “país das maravilhas” e a reforma política para garantir a reeleição.
O PT ressuscita o projeto de controle da mídia (censura à imprensa) e volta a defender os mensaleiros, atacando o presidente do Supremo Tribunal Federal.

Centrais sindicais e movimentos sociais comprados pelo governo fazem um Dia Nacional de Lutas para apoiar o governo.

Acossado no início pelos brasileiros nas ruas, o Congresso Nacional começa a votar uma “agenda positiva” pautada pela sociedade e logo depois relaxa e volta a zombar da sociedade.

Partidos e candidatos se aproveitam da confusão para aniquilar os adversários. Governo, Congresso, partidos e sindicatos se desmoralizam e alimentam o falso dilema entre participação e representação, uma estratégia para desacreditar o voto e continuar no poder.

Os que se assustaram com o povo nas ruas estão agora tranquilos, confiantes em suas estratégias de captura da rebelião. Parece mais distante a conexão da nova política com a política tradicional.

Resta saber se o gigante pegou de novo no sono pesado, ou não. Se pegou, vai acordar hora dessas. Quem pensa que povo não pensa é porque já esqueceu de junho. E julho nem acabou.

No mais tardar, o gigante acorda ano que vem para o acerto de contas com as urnas.

(artigo enviado por Mário Assis)

31 de julho de 2013
Altamir Tojal
(Esse Mundo Possível)

MARCHA DAS VADIAS ATACA O CRISTIANISMO

              Lixo humano: a marcha das barangas mal comidas


Baranga-Camões


Um lixo pedindo respeito?...



Como é que vai saber se apoiou?...


Olha o nível da barangada...


O que será um cu laico?...
 
31 de julho de 2013

IMGEM DA HORA


GOVERNO NA UTI – Médicos cruzam os braços em diversas cidades brasileiras e fazem ato de protesto diante do Palácio do Planalto porque, como profetizou lobista Lula, a saúde pública no Brasil está a um passo da perfeição (Valter Campanato – ABr)
 
31  de julho de 2013

EVENTUAL FECHAMENTO DO BANCO DO VATICANO PODERÁ DESENCADEAR ONDE DE CRIMES

 

Jogo de xadrez – No voo que o levou de volta a Roma, após participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, o papa Francisco conversou com os jornalistas que estavam a bordo e tratou de diversos temas.

O assunto que mais repercutiu certamente foi o do homossexualismo, mas é preciso que o planeta esteja atento a uma importante declaração do papa sobre o futuro do Banco do Vaticano, originalmente batizado como “Istituto per le Opere di Religione” (IOR).

Palco de escândalos dos mais variados há pelo m
enos cinco décadas, o IOR foi um dos motivos que levaram Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, a renunciar. O argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, determinou uma devassa no Banco do Vaticano objetivando sua reestruturação, mas não está descartado o seu fechamento.

O Vaticano assinou um termo de cooperação com o governo italiano para o combate à lavagem de dinheiro, uma das principais atividades da instituição financeira da Praça São Pedro nos últimos tempos. O IOR tornou-se um reduto de segredos invioláveis, o que tem preocupado a comunidade financeira internacional.

A decisão do papa Francisco de reestruturar o Banco do Vaticano ou até mesmo extingui-lo precisa ser analisada com cautela e de forma ampla, inclusive com a atenção voltada para os episódios do passado. Funcionando de maneira criminosa desde os tempos do papa Paulo VI, o IOR movimentou o dinheiro imundo de muitas organizações criminosas, algumas das quais com influentes representantes na Santa Sé, religiosos ou não.

O primeiro chefe da Igreja Católica que decidiu promover uma faxina no Banco do Vaticano foi o italiano Albino Luciani, o papa João Paulo I, que acabou assassinado 33 dias após assumir o comando da Santa Sé. Luciani foi vítima de uma quadrilha que atuava com largueza no Vaticano e que não aceitou a ideia de ver interrompidas as criminosas ações financeiras do bando. Albino Luciani, de acordo com informações oficiais foi vítima de enfarto, mas na verdade sofreu envenenamento por cianureto, produto misturado ao chá.

O segundo papa que tentou fazer uma assepsia no IOR foi João Paulo II (Karol Józef Wojtyła), que sofreu um atentado na Praça São Pedro. Wojtyla foi atingido por um tiro disparado por Mehmet Ali Agca, membro da máfia turca, que à época operava em conjunto com o governo da então União Soviética.

É importante e necessário acompanhar as declarações do papa Francisco, que muito tem falado sobre corrupção. Esses discursos, em especial, não têm apenas os países onde a corrupção corre solta, como é o caso do Brasil, mas também o Vaticano.

Qualquer que seja a decisão em relação ao “Istituto per le Opere di Religione” (IOR), alguma reação dos criminosos deverá existir, pois o papa estará tirando o brinquedo predileto de muitas quadrilhas que atuam dentro e fora da Itália. Na hipótese de o banco ser fechado, o dinheiro imundo que lá está depositado terá de ser devolvido aos seus verdadeiros donos. Acontece que esses tubarões do crime acreditaram em prepostos que integram a Igreja Católica em todo o planeta. Uma ruptura dessas relações de confiança provocará uma sequência de crimes.

Jorge Mario Bergoglio é conhecido por sua humildade e simplicidade, mas não foi apenas por essas razões que ele decidiu continuar morando na Casa Santa Marta, abrindo mão do palácio papal. Bergoglio sabe muito bem com quem está lidando e sabe do perigo que corre. E não são por acaso seus reiterados pedidos para que os fiéis orem por ele.

31 de julho de 2013
 ucho.info

NÃO AOS MÉDICOS CUBANOS - JAIR BOLSONARO



PROTESTO NA AVENIDA PAULISTA MOSTROU QUE O PT PRECISA DA PM DE SÃO PAULO PARA O GOLPE FINAL


(Foto: Gabriela Biló - Futura Press/AE)

Xis da questão – Nem mesmo o mais tolo dos seres humanos acreditaria na informação de que o protesto criminoso realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, na noite de terça-feira (30), teria sido organizado a partir das redes sociais.
Com aproximadamente 300 participantes, a maioria com máscaras ou com o rosto coberto por panos e camisetas, o protesto teve como alvo o governador Geraldo Alckmin, mas não passou de um ato criminoso contratado por alguns partidos de esquerda.

Com atos de vandalismo explícito e excesso de violência, os marginais de aluguel depredaram lojas e bancos, o que obrigou a Polícia Militar, que chegou ao local com antecedência, reagir à altura e prender vinte manifestantes, cinco dos quais continuam presos. Os vândalos atenderam às ordens dos contratantes, que esperavam não chegar desmoralizados à 19ª reunião do Foro de São Paulo, grupo que reúne a escória da esquerda latino-americana.

Um bando de ditadores criminosos, que fazem do socialismo a senha para a impunidade, sonha em fazer do lobista fugitivo Lula o mais novo caudilho do grupo. O ex-metalúrgico é um manipulador profissional, que insiste em passar à opinião pública uma imagem de incompreendido e vítima do preconceito das elites, discurso chicaneiro que há muito perdeu o prazo de validade.
 
A estratégia de colocar Geraldo Alckmin como alvo do protesto passa pelo projeto petista de tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista. Para emplacar o golpe final, que permitirá a instalação de uma ditadura comunista no País, o PT precisa assumir o comando do mais rico e importante estado brasileiro, São Paulo, onde a Polícia Militar tem mais integrantes do que os exércitos de muitos países.

A estratégia da esquerda verde-loura é velha e ultrapassada, pois ditadores détraqués se valeram desse truque no passado. O PT precisa saber que os paulistas não permitiram que essa barbárie ocorra, pois a PM há de defender os interesses maiores de um povo ordeiro e trabalhador, que ao longo do tempo transformou o estado em locomotiva do País.

Lula e seu bando podem tentar o que for, inclusive contra o ucho.info e seu editor, como vem acontecendo nos últimos anos por meio de capatazes da esquerda, mas neste site a resistência será dura e implacável. Que não pense esse bandoleiro da política nacional que nos intimidaremos diante de qualquer ameaça.
 
31 de julho de 2013
ucho.info

BRASIL VIRA PIADA EM TELEJORNAL CÔMICO NOS EUA


 

O LOBO DE SABONETE


          Artigos - Movimento Revolucionário        
A concatenação das frases é calculada para injetar na mente do leitor uma conclusão pela qual o sr. Santayana, se espremido contra a parede, poderá em seguida se isentar de toda responsabilidade. 
O apelo hipócrita à retórica antinazista como escudo de proteção é aliás um dos traços mais velhos e inconfundíveis da desinformação comunista.

O sr. Mauro Santayana, escrevendo na 
Carta Maior do dia 14 (http://cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=6197), não vem com choradeiras: esbraveja, ameaça, pede prisão para toda uma categoria de indivíduos que ele rotula genericamente de “hitlernautas”, mas dos quais não cita um nome sequer nem fonte onde se possa encontrá-los.
Pelo artigo entende-se, no máximo, que fizeram uma passeata e escrevem contra o Foro de São Paulo nas suas páginas da internet.
 
Os “hitlernautas”, segundo ele, são todos uns belos neonazistas, e seus websites constituem “o espelho de certas organizações fascistas internacionais” (sic), das quais ele também não cita nenhuma.
 
Investindo contra alvos tão indefinidos, o sr. Santayana está livre para acusá-los do que bem entenda e até para lhes imputar crimes cometidos sete décadas atrás, quando eles ainda não haviam nascido e a internet não existia: “Sob seus olhos frios, seus gritos carregados de ódio, milhões de inocentes foram torturados, levados às câmaras de gás, e incinerados, em Auschwitz, Maidanek, Birkenau, Dachau, Sachsenhausen – e em dezenas de outros campos de extermínio montados por ordem de Hitler.
Os hitlernautas não devem ser subestimados.”
Ele pode, é claro, alegar que não quis dizer isso, que apenas fez um paralelo histórico. Mas a concatenação das frases é calculada para injetar na mente do leitor uma conclusão pela qual o sr. Santayana, se espremido contra a parede, poderá em seguida se isentar de toda responsabilidade. Digo mesmo que isso é um dos traços característicos da sua maneira de escrever.  Por exemplo: a palavra “espelho”. Quer ela dizer que as páginas acusadas apenas se parecem, na imaginação do sr. Santayana, com as de “certas organizações fascistas internacionais”, ou que seus autores têm alguma ligação com essas entidades?
É quase impossível que o leitor, se tem algum respeito pelo sr. Santayana, não aposte nesta segunda hipótese. Mas o próprio articulista, se alguém lhe exigir as provas que ele evidentemente não tem, será o primeiro a alegar que só quis insinuar uma vaga semelhança, sem acusar ninguém de coisa mais substantiva. O estilo é o homem: o sr. Santayana parece um lobo feroz, mas é um lobo esculpido em sabonete, pronto a escorregar, diluir-se e desaparecer ao primeiro sinal de perigo.

P
ara não dizer que tudo no seu artigo é insinuação vaga, ele informa que os referidos saem de casa levando coquetéis Molotov (um hábito notoriamente direitista, como se vê pelo nome), jogam pedras na polícia, quebram prédios públicos, saqueiam lojas e põem fogo em carros da imprensa.
Em vista de tão nefandos crimes, conclui o articulista: “Cabe ao Ministério Público, com a ajuda da Polícia Federal, identificá-los e denunciá-los à Justiça, para que sejam julgados e punidos, em defesa da democracia.”
Se ele permanece mudo quanto aos nomes dos acusados, não é porque não os conheça: é porque sabe que entre os agitadores infiltrados na massa de manifestantes e responsáveis pelo atos acima referidos não há um único “direitista”, seja isto lá o que for – só militantes de partidos de esquerda e funcionários da Presidência da República. O silêncio, pelo menos nessas horas, é mesmo de ouro.
Eu, porém, que não sou pago para defender uma agenda específica e sim para escrever livremente o que bem deseje, posso tranqüilamente citar algumas fontes onde o leitor encontrará os nomes e os fatos que o sr. Santayana lhe sonega:

·
      http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1295714-servico-secreto-da-pm-diz-que-psol-recruta-punks-para-protestos.shtml

Viram quem saiu às ruas levando um coquetel Molotov? Viram quem contratou e pagou punks para destruir prédios públicos, bater na polícia, etc.? Viram quem apadrinha e protege os vândalos? Entendem por que o sr. Santayana não pode apontar nomes e fatos, apenas escondê-los e achincalhar a multidão genérica dos inocentes sob o rótulo fácil e boboca de “hitlernautas”?
 

O apelo hipócrita à retórica antinazista como escudo de proteção é aliás um dos traços mais velhos e inconfundíveis da desinformação comunista. E não uso a palavra “desinformação” como um vago insulto, como o fazem os próprios comunistas (o sr. Valter Pomar, por exemplo). Uso-a no sentido técnico e estrito da palavra, para designar operações de engodo estratégico como aquela montada pelo governo soviético nos anos 30: alimentar e fortalecer o poder nazista para jogá-lo contra as potências ocidentais e depois posar de defensor do mundo contra o “flagelo nazista”.
 
A coisa foi um sucesso:  deu a Stálin o domínio sobre meia Europa e ainda forneceu a gerações de mentirosos profissionais comunistas um chavão de fácil manejo e uso praticamente ilimitado: chame o adversário de nazista e instantaneamente ele parecerá culpado de tudo o que os comunistas fazem. E o emprego desse ardil não foi só literário: para dar-lhe mais credibilidade, a Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental comunista, criou, subsidiou e espalhou na Alemanha Ocidental dezenas de organizações neonazistas para fins de diversionismo e camuflagem.
Com a unificação das Alemanhas, o “neonazismo”, é claro, definhou um bocado.

31 de julho de 2013
Olavo de Carvalho
 
Publicado no Diário do Comércio.

TEORIA DO CAOS E PSICOLOGIA JUNGIANA APLICADA À ECONOMIA

           
          Artigos - Economia 
Foi o psicanalista Carl Jung quem alertou que a política moderna havia se tornado uma religião e que haveria terríveis consequências para todos.

Em março de 1998, Murray Rothbard escreveu um fascinante ensaio intitulado "
Teoria do Caos: Destruindo a economia matemática desde dentro?" no qual ele observou que a teoria do caos contém implicações "radicais". Àqueles que não estão familiarizados com a teoria do caos, trata-se de uma descoberta matemática aplicável às áreas meteorológica, física, biológica e econômica. De acordo com a teoria do caos, sistemas dinâmicos voláteis são altamente sensíveis às pequenas diversidades contidas nas condições iniciais. Rothbard explica:

"Há duas décadas, Edward Lorenz, um meteorologista do MIT se viu diante da teoria do caos ao descobrir que até mesmo a menor das mudanças climáticas poderia trazer enormes e voláteis mudanças no clima. Chamando isso de Efeito Borboleta, ele assinalou que o bater das asas de uma borboleta no Brasil poderia causar um tornado no Texas."

Imagine as implicações dessa teoria nas finanças internacionais. Um pequeno distúrbio pode produzir uma mudança completamente inesperada em toda a economia global. O resultado não só seria inesperado, como seria virtualmente impossível de prever (por conta da complexidade das interações de todos os fenômenos de menor escala). O verbete sobre "Caos" na Enciclopédia de Filosofia de Stanford nos informa que a teoria do caos postula uma sensível dependência (das condições iniciais) de dentro de um sistema que é determinista e não linear.
O verbete assinala que Aristóteles "já estava ciente de algo similar ao que chamamos de dependência sensível". Mas o entendimento que Aristóteles tinha disso era mais epistemológico que metafísico. Acerca do assunto, o filósofo escreveu que "o mínimo desvio inicial da verdade é multiplicado mais tarde por mil". Em outras palavras, uma mentirinha no começo pode levar a uma completa ruptura com a realidade em algum momento — um corolário epistemológico da teoria do caos. (retornaremos a essa ideia a seguir).

Chegando ao âmago do assunto, Rothbard diz: "a conclusão da teoria do caos não é que o mundo real é caótico ou imprevisível e indeterminado em princípio, mas que na prática muito dele é imprevisível"; Pois se nos encontrarmos dentro de um sistema dinâmico (matematicamente preciso e determinista) em que a previsão é efetivamente impossível, nossa matemática subitamente cessaria de ter qualquer serventia. De acordo com Rothbard, a teoria do caos tem "implicações subversivas (...) para a economia matemática ortodoxa, pois se as teorias acerca de expectativas racionais violam o mundo real, então elas violariam o equilíbrio geral também (...) e todo o resto do aparato neoclássico."


Evidentemente, Rothbard não estava endossando a teoria do caos. Ele estava se divertindo com o uso de conclusões matemáticas para confundir os métodos matemáticos aplicados à economia. Neste caso os erros dos economistas são vários e são sérios. Para se certificarem, os economistas tencionam apresentar um quadro realista da atividade econômica, mas na verdade a falsificação dessa ciência é palpável. O sociólogo William Graham Sumner publicou um ensaio em 1902 intitulado "
Propósitos e consequências" em que ele ofereceu uma distinção entre fatos e intenções, isto é, o primeiro é real enquanto o último é irrelevante ao desfecho. 

A coisa mais importante a se entender na economia não é apenas que somos incapazes matematicamente de chegar a prognósticos precisos, mas que (segundo Sumner) “ideais como liberdade perfeita, justiça ou igualdade (...) nunca podem fornecer motivos racionais ou científicos para as ações ou pontos de partida para esforços racionais”. No entanto, tudo dentro da civilização que se desmorona hoje se resume a esse tipo de coisa, considerando uma escala maciça. Constatamos então o corolário da “ação humana” na teoria do caos. Um pequeno equívoco (financeiro) no início pode levar a um colapso total no fim. A política econômica oficial dos Estados Unidos pode ser caracterizada deste modo. Ela está à mercê de slogans moralistas que não têm ligação com o fator econômico (ou com a matemática financeira). Eis algo que está além do caos e dos números: o caos do coração humano.

Considere o discurso do presidente Obama acerca da crise financeira na última quarta-feira em que ele falou sobre conquistar um “crescimento econômico mais durável”. Segundo Obama, “os ganhos nos últimos dez anos continuaram a fluir para o 1% que está no topo”. É lamentável para a república, mas duas intenções foram confundidas no discurso: primeira, a intenção do crescimento econômico; e depois, a intenção de tornar a economia justa. De acordo com Sumner, a ciência econômica pode nos dizer como promover o crescimento na economia, mas não pode nos dizer como tornar a economia justa. Sumner diria que as duas intenções são conflitantes, pois por natureza não é garantido que uma economia crescente é uma economia justa.
A natureza permite apenas que uma economia crescente peça menos regulamentação governamental que uma economia estagnante. (Há, além disso, o problema em estabelecer um padrão científico de justeza e a impossibilidade prática em aderir a ele.)

O caos que pode ser liberado a partir da mania de igualdade econômica não pode ser menos que o causado pelo bater de asas de uma borboleta no Brasil. “O anseio por igualdade”, escreveu Sumner em outro ensaio, “é uma característica dos costumes modernos. Na Idade Média a desigualdade era um postulado em todas as doutrinas sociais e instituições”. Conforme Sumner explicou logo depois, “A afirmação de que todos os homens são iguais é talvez o dogma mais falso [...] já colocado na linguagem humana; cinco minutos de observação dos fatos mostram que os homens são desiguais por conta de uma vasta gama de variações”.

Aqui temos um constructo matemático (igualdade) aplicado às unidades irregulares (homens). Pode se chamar isso um “pequeno equívoco” no começo da modernidade. Em nenhum estado existente foi possível tornar os homens iguais mesmo em princípio (i. e. perante a lei). Tão desiguais são as verdadeiras condições da vida e tão imunes a intromissões exógenas, que a igualdade deveria manter-se como uma ideia puramente matemática. Como tal, Sumner chama isso de “fantasma político”. Segundo Sumner, “não sabemos de nenhuma força dentre aquelas que podem agir em nome da satisfação dos desejos humanos que tenha o poder de satisfazer o anseio de igualdade [...] e não sabemos de nenhuma interferência ‘estatal’, isto é, por um comitê de homens, que possa modificar o modus operandi dessas forças a fim de produzir esse resultado”.

Ainda assim, as borboletas da igualdade bateram suas asas e mais do que um tornado foi provocado. A comédia resultante foi há muito tempo parodiada na Revolução dos bichos de George Orwell onde os animais da fazenda se levantaram a fim de estabelecer um regime igualitário. E o que eles descobriram? “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros”. A situação produzida pela igualdade de todos os animais da parábola é, na verdade, uma espécie de insanidade (um erro multiplicado por mil). Na chefia da revolução constatamos um porco chamado Napoleão cujos tenentes foram rápidos em afirmar: “Ninguém mais que o camarada Napoleão crê firmemente que todos os bichos são iguais. Feliz seria ele se pudesse vos deixar tomar decisões por vossa própria vontade; mas, às vezes, poderíeis tomar decisões erradas, camaradas; então, onde iríamos parar?”

O fantasma político da igualdade é possivelmente o principal fator que influi para o colapso da economia hodierna. É uma pequena ideia do submundo da sociedade pré-moderna que provocou um furacão político na França em 1789 e na Rússia em 1917. E continua a trazer uma tempestade após a outra. E não apenas tempestades políticas, mas ruína econômica e colapso. No coração propõe-se um grande projeto que fará irmãos todos os homens. Então os fatos mostram uma terrível série de eventos: governos de terror, empobrecimento universal, guerra e matança maciça. “Motivos e propósitos estão no coração e no cérebro do homem”, escreveu Sumner. “Consequências estão no mundo dos fatos”. O que quer que seja produzido pela orbita não-periódica de partículas ou pelo bater de asas da borboleta, não se compara com o que Sumner descreve como o caos da consciência humana, que está “infectada de ignorância humana, absurdidades, autoengano e paixão...”

Você deve se perguntar de onde vem essa infecção de ignorância. Foi o psicanalista Carl Jung quem alertou que a política moderna havia se tornado uma religião e que haveria terríveis consequências para todos. E se há uma religião que se coloca acima de todas as outras religiões políticas, essa religião é a igualdade. Jung questiona: há algum autoconhecimento em tal religião? Há algo de bom nela? Ou ela é uma cria do caos?

De acordo com Jung na obra Presente e Futuro, "a revolução comunista tirou a dignidade do homem numa escala bem superior do que a psicologia coletiva democrática o fez, pois retirou dele a liberdade tanto no sentido social como moral e espiritual" [§559]. Mas isso não é para deixar psicologia coletiva democrática fora do gancho. A ideologia igualitária infectou o Ocidente muito mais profundamente do que jamais infectou o Oriente. Durante a revolução contra-igualitária tentada na Europa durante as décadas de 1930 e 1940, Jung notou um perigoso sintoma psicológico no Ocidente: "(com o advento do nazismo) nas sombras pode-se apenas tatear. Hoje, esse dano já se localiza além dos limites políticos (i. e. Hitler), embora achemos que estamos do lado do bem e nos regozijemos da posse dos ideais corretos".

Na psicologia jungiana, a sombra refere-se aos aspectos de si próprio aos quais o ego consciente não pode ver. Assim, o que aconteceu de 1939 a 1945 não foi apenas a guerra mais destrutiva da história humana. Jung viu que o "oponente espiritual e moral [do homem ocidental], tão real quanto ele, é arrancado de seu próprio peito para habitar o outro lado geográfico da linha de separação que agora não é mais expressão de lima medida política e policial externa e sim algo bem mais ameaçador, a saber, a cisão entre o homem consciente e o inconsciente". Dizendo de modo simples, o que Jung quer transmitir nessa passagem é que o Ocidente estava começando a perder seu espírito coletivo; pois se o Leste comunista representou a liberdade diminuída, o Oeste representou a sanidade diminuída. Essa, talvez, é a mais chocante conclusão alcançada pelo grande psiquiatra.

Se quisermos testar a ideia de Jung, temos de estudar a economia americana a fim de procurar as chocantes evidências da insanidade coletiva em curso. A grandeza da dívida nacional, a dimensão das tributações e as obrigações fiscais locais, estaduais e federais nos dão um razoável panorama. Mas esses aspectos, com efeito, dificilmente arranham a superfície. Se examinarmos o comportamento do mercado de ações na última década, teremos de fato bases para proclamarmos uma condição psicótica generalizada em boa parte do sistema financeiro. Existem até analistas financeiros que fazem referência explícita à insanidade de Wall Street. Pegue como exemplo o livro de David J. Scranton intitulado
 Stop the Financial Insanity: How to Keep Wall Street’s Cancer From Spreading to YourPortfolio [NT: Detenha a insanidade financeira: como impedir que o câncer de Wall Street se dissemine no seu portfólio]; ou o artigo no Finance Blog de Anthony Robbins "Financial Insanity: How to find the Best Investment Opportunities in Turbulent Economic Times" [NT: Insanidade financeira: como encontrar as melhores oportunidades de investimento em épocas de turbulência econômica]; ou veja também a paródia da insanidade financeira hodierna no Zerohedge intitulada "A bit of Humor amid the Financial Insanity" [NT: Um pouco de humor em meio a insanidade financeira]. Neste último podemos ler uma definição de banco como "uma cavidade sem fundo no chão que engole dinheiro e incautos", enquanto uma bolha é definida como "Pré-requisito fundamental para que funcione a economia anglo-saxã".

Se a teoria do caos estiver certa e um bater de asas de uma borboleta no Brasil puder gerar um tornado no Texas, o que poderia produzir a insanidade coletiva de toda uma civilização? Carl Jung escreveu que o homem civilizado é estranho ao "ponto de vista dos seus instintos" e que a própria civilização é "a fonte de todos os distúrbios psíquicos e das dificuldades provocadas pela alienação crescente do homem de sua base instintiva...". A teoria do caos encolhe diante da realidade caótica da insanidade humana bruta. Se você quiser ver caos, olhe nos olhos de uma pessoa insana. Ou você pode ouvir os pronunciamentos sobre as finanças do presidente dos Estados Unidos.


31 de julho de 2013

Jeffrey Nyquist               
Publicado no Financial Sense.

Tradução: Leonildo Trombela Júnior