"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

OS ÁRABES ISRAELENSES, 20% DA POPULAÇÃO TOTAL DO PAÍS, SÃO DISCRIMINADOS DE MUITAS FORMAS

 

Um estudo importante feito pela Adalah – Centro Legal pelos Direitos da Minoria Árabe em Israel, com sede em Haifa e formada por judeus e árabes, fez um levantamento detalhado das discriminações aos árabes israelenses, que são 20% da população total de Israel. Eis um pequeno resumo delas.


Protesto árabe em Israel

* A definição de Israel como “Estado Judeu” ou “Estado para o povo judeu” torna a desigualdade uma realidade prática, política e ideológica para os cidadãos árabes do país, que são marginalizados e discriminados pelo Estado pelo fato de não serem judeus. São frequentemente rotulados de “quinta coluna”. Pesquisa do Instituto Israelense de Democracia, em 2010, mostrou que 53% dos judeus pesquisados defendiam ações públicas que estimulassem os árabes a saírem de Israel.

* A pobreza é muito maior entre as famílias árabes (cerca de 50%) do que entre as famílias judias (cerca de 20%). Cidades e aldeias árabes têm piores índices de qualidade de vida. As aldeias árabes beduínas no deserto do Neguev são as comunidades mais pobres do país. De acordo com o Adalah, essas distorções têm causa direta na discriminação institucional contra os cidadãos árabes de Israel.

* Os cidadãos árabes não podem servir nas Forças Armadas. Isso é não apenas um estigma social, mas interfere diretamente no mercado de trabalho. Não são poucas as empresas que exigem o certificado de serviço militar como pré-requisito para contratação. Por falar em mercado de trabalho, apenas 6% dos servidores públicos são árabes. Detalhe: o serviço público é o maior empregador individual em Israel.

* Os árabes têm acesso restrito às terras, que são destinadas majoritariamente à população judaica. Cidades e aldeias árabes sofrem com superpopulação (apenas 2,5% da área total de Israel são ocupados por essas localidades). Enquanto isso, desde a criação de Israel, em 1948, foram construídos cerca de 600 cidades e povoados judaicos, contra nenhum árabe.

* Há números dolorosos nos setores de educação e saúde. O investimento estatal em escolas árabes é muito menor do que nas escolas judaicas. Estudantes universitários árabes são apenas 1,2% do setor universitário do país. Na sociedade do conhecimento, isso resulta em decadência e atraso. Cidadãos judeus vivem mais do que seus conterrâneos árabes. Bloqueios de toda espécie impedem um tratamento igualitário na rede pública de saúde.

* Cada um desses itens é detalhado com rigor na pesquisa do Adalah. Os desníveis de todos os tipos derivam em desconfiança, desalento, revolta e, infelizmente, racismo. Nenhuma sociedade verdadeiramente democrática poderá sobreviver quando parcela significativa de seus membros for jogada para o submundo da discriminação.

* Não pergunte por quem os sinos dobram: eles dobram por ti. Nós, judeus ou não, podemos ajudar, fortalecendo os setores que, em Israel, se rebelam contra o fundamentalismo religioso e o supremacismo. Há, em ambos os campos, um caminho fértil a percorrer, que desaguará em melhores perspectivas de solução para o conflito com os palestinos e os países árabes limítrofes com Israel.

(artigo enviado por Mário Assis)

05 de fevereiro de 2013
Jacques Gruman (Carta Maior)

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