"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 20 de novembro de 2011

OS ACORDOS DE WASHINGTON

Helio Fernandes e as doações por exigência do FMI. Entregamos o patrimônio, roubamos o povo, a dívida ficou impagável.

O comentarista Vilé Magalhães, nos envia mais um artigo do Helio Fernandes, escrito há três anos e que não perde a atualidade. Vilé diz que a dívida e o pagamento dos juros representam a maior traição para com o Brasil. “É muito dinheiro perdido no ralo da falta de patriotismo e como diz o mestre Helio, esse dinheiro aplicado em educação, saúde, segurança, etc., que maravilha viver. E quem começou foi o traidor do FHC seguido pelo outro, o sem vergonha do Lula”, desabafa o comentarista.

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OS ACORDOS DE WASHINGTON

Helio Fernandes

Já contei aqui há muito tempo o que se chamou de “Acordos de Washington”. Realizados no Brasil e na capital dos Estados Unidos. Participaram economistas “engajados” de lá e daqui. E mais importante. Estavam presentes FHC, ainda não presidente, e Nelson Rockefeller, um dos donos do mundo, por herança do nome.

Esses encontros eram preparados, planejados e monitorados pelos grandes bancos do mundo, sempre os mesmos. Os países ricos, muito bem assessorados pelos economistas do FMI, convenceram os países pobres (pobre, lógico, é força de expressão, principalmente em relação ao Brasil) de que só poderiam crescer e se desenvolver com AJUDA dos bancos multinacionais.

A primeira reunião ocorreu no Brasil em 1983, estávamos praticamente saindo da ditadura, quando a DÍVIDA EXTERNA cresceu bastante, a INTERNA ainda não existia.

A DÍVIDA EXTERNA, que pulou de 1 BILHÃO em 1960 para 60 BILHÕES naquele 1983, a partir daí passou a dar saltos fenomenais. É que os juros foram aumentados barbaramente, o que, logicamente, jogou o principal lá para o alto.

No ano de 2000, essa DÍVIDA EXTERNA estava em 240 BILHÕES. O grande incentivador desse crescimento foi FHC, que participou do fato duplamente. Como simples convidado em 1983 (aqui na filial) e em 1985 (lá na matriz), e depois como presidente.

Como o assunto é vastíssimo e afeta diretamente a nossa soberania, hoje vou escrever unicamente sobre a monstruosa DÍVIDA INTERNA.
Até 1992 não havia DÍVIDA INTERNA. Começou timidamente com Itamar Franco, já com FHC como ministro da Fazenda, logo a seguir. Quando o próprio FHC assumiu a presidência em 1º de janeiro de 1995, a DÍVIDA INTERNA estava em 62 BILHÕES.
(Tanto faz de dólar ou de real, inventaram a absurda paridade). Cumprindo como presidente o que fora acertado em 1983 e 1985, FHC foi elevando a DÍVIDA.

De 62 bilhões passou quase a 100 bilhões em 1997, 250 bilhões em 1998, já então com a REEELEIÇÃO comprada não pelo mensalão e sim paga à vista, a tanto por cabeça. Quando foi obrigado a deixar o governo (não obteve o terceiro mandato), essa DÍVIDA já beirava os 750 BILHÕES.


E mais grave ainda: FHC criou a Comissão de DESESTATIZAÇÃO, e colocou nela homens que passaram a exibir um ENRIQUECIMENTO COLOSSAL, sem qualquer explicação.

O próprio FHC ia para a televisão, várias vezes, muitas vezes, inúmeras vezes, sempre com o mesmo discurso: “Temos que vender empresas estatais para poder pagar os juros da DÍVIDA INTERNA”. Só que as estatais de todos os setores iam sendo entregues e a DÍVIDA crescendo cada vez mais.

Com FHC, os juros para pagamento dessa DÍVIDA chegaram a 48 por cento, não sei que palavra usar para rotular essa bandalheira. (Talvez seja essa mesma, b-a-n-d-a-l-h-e-i-r-a).

Essas estatais, que nas palavras do próprio FHC “estavam sendo vendidas”, na verdade eram apenas DOADAS, por causa dos preços inacreditavelmente baixos. Só para citar a Vale, cujo patrimônio era de 3 TRILHÕES, entregue por 3 BILHÕES. E ainda financiados pelo BNDES, que entregou fortunas ao Bradesco-Bradespar e a outros “donos” de bancos falidos, que passaram a potências financeiras e até políticas.

Entregamos tudo, não só as riquezas naturais, como minério, mas também as empresas que foram se organizando com favores especiais. O presidente Lula “pegou” a DÍVIDA INTERNA quase nos 800 BILHÕES e juros de 26 por cento. O que critico e vou criticar sempre no presidente Lula é o fato de não ter estancado a DÍVIDA, não ter feito o que venho pedindo há 30 anos para a DÍVIDA EXTERNA, e desde 2003 para a DÍVIDA INTERNA: uma M-O-R-A-T-Ó-R-I-A. Essa é a única saída para mostrar ao mundo como nos roubaram de todas as maneiras.

Pelos caminhos normais, a DÍVIDA INTERNA É IMPAGÁVEL, uma estranha duplicidade da língua portuguesa.

PS 1 – Lula diz que “zeramos” a DÍVIDA EXTERNA. Vamos fingir que acreditamos.

PS 2 – E a DÍVIDA INTERNA? Quanto tempo o Brasil resistirá ao pagamento desses juros sobre juros, que fazem essa DÍVIDA acumular cada vez mais?

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