"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O PIBÃO E A FALTA DE EDUCAÇÃO

A Veja elaborou um bom estudo sobre a desgraça que é a Educação hoje no Brasil, após a gestão Tarso Genro (2003-2005) / Fernando Haddad. Vai um resumo (íntegra aqui):


1. De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada em fevereiro, 51,4% dos brasileiros não reconhecem avanços no ensino público do país, o que constrasta com resultados dos mais recentes indicadores. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por exemplo, mostra que, entre 2007 e 2009, o desempenho dos alunos do ensino fundamental e do ensino médio subiu. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) também apontou avanços significativos, sendo que apenas o Chile e Luxemburgo superaram o salto brasileiro. Apesar da melhora, a posição do país do ranking ainda desaponta: 53ª posição da lista, atrás de nações como Colômbia e Trinidad e Tobago.


2. Apesar do crescimento significativo do número de cursos tecnológicos no Brasil (entre 2003 e 2009, o aumento foi de 324%), o Ministério da Educação (MEC) constatou que mais de 160.000 alunos recebem má formação nessas instituições de ensino. Até fevereiro de 2011, cerca de 38% dos cursos oferecidos foram avaliados: deles, 33% obtiveram conceito inferior a 1,95 e terão de passar por um processo de supervisão. Outros 40% obtiveram conceitos entre 1,95 e 2,95 pontos – o que significa que são apenas regulares.


3. De acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e divulgado em janeiro, das 1.793 instituições de ensino superior avaliadas, somente 25 obtiveram nota 5 – conceito máximo no Índice Geral de Cursos (IGC), que monitora a qualidade dos cursos de graduação e divide as instituições em faixas que vão de 1 a 5. Do total, 12 instituições obtiveram nota 1 e 687 ficaram com nota 2, conceitos considerados insuficientes pelo MEC. Na lista das instituições com nota 5, constam, por exemplo, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Instituto de Pesquisa (Insper), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e a Escola de Direito de São Paulo (Direito GV).


4. Em agosto, pesquisa baseada nos resultados da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo da Alfabetização – batizada Prova ABC – mostrou que, ao fim do terceiro ano do ensino fundamental, metade das crianças brasileiras não domina as competências básicas de leitura, escrita e matemática. O problema se concentra nas escolas públicas nacionais, especialmente no Nordeste, onde essa taxa chega a 63,5%. Já nas escolas públicas da região Norte, três em cada quatro crianças não conseguem fazer contas elementares de soma e subtração. A especialista em educação Elvira Souza e Lima classificou o resultado como "trágico".


5. Embora o Censo Nacional da Educação tenha registrado que o número de matrículas no ensino superior aumentou 110% entre 2001 e 2010, o número de jovens (entre 18 e 24 anos) matriculados em cursos superiores cresceu apenas 2,4 pontos percentuais no mesmo período – de 12%, em 2001, para 14,4%, em 2010. A meta do Ministério da Educação era chegar a 30% nesse período. Diante do fracasso, o Plano Nacional de Educação (PNE) estendeu o prazo para 2020. Mozart Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação, admitiu que o Brasil ainda está engatinhando quando comparado a nações como México ou Chile, que possuem índices entre 30% a 40% dos jovens matriculados no ensino superior.


6. Dados do Ministério da Educação (MEC) divulgados em setembro mostraram que as instituições particulares – além de alcançarem o primeiro lugar no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – são responsáveis por levar proporcionalmente mais participantes à avaliação federal. Em média, 70,4% dos estudantes de escolas privadas compareceram ao exame. Entre as unidades públicas, a taxa foi de 38,07%. A primeira supera a segunda em 85%. Para Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), alunos de escolas públicas têm a percepção – acertada, aliás – de que o ensino que recebem é fraco e não oferece condições para passar no processo seletivo de uma universidade pública.
Por Ricardo Froes

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