Previsões sobre Brasília
Uma: “Brasília não existe”. Outra: “Brasília nunca será habitada por ninguém”. Mais outra: – “Os deputados não irão para Brasília”. Ainda outra: – “Brasília jamais terá energia elétrica ou telefonia”.
Estas são algumas das profecias de profetas engasgados por suas próprias profecias fajutas. Em 74, no Senado, Lucio Costa se emocionou:
“É estranho o fato, esta sensação de ver aquilo que foi uma simples ideia na minha cabeça se transformando nesta cidade enorme, densa, imensa, viva, que é Brasília hoje. Peço licença aos senhores, me deem um pouco de tempo. Estou muito emocionado”. Lucio Costa sabia o dizia.
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CAFÉ FILHO
1 – “Não vou baixar nenhum decreto considerando a área do novo Distrito Federal de utilidade pública. Considero a medida intempestiva e uma providência utópica”. (Café Filho, em abril de 1955, quando o marechal José Pessoa, presidente da Comissão de Localização da Nova Capital levou para ele os estudos técnicos definindo a área do Distrito Federal).
2 – “Afirma-se a necessidade da mudança da capital para garantir maior desenvolvimento econômico ao nosso hinterland. O argumento pró-mudança não tem nenhuma força”. (Correio da Manhã”, 1956).
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LACERDA
3 – “Brasília será a maior ruína da história contemporânea. A diferença das outras, é que nunca será habitada por ninguém, já que não ficará pronta”. E: “Brasília será para JK, o que as pirâmides são para os faraós: seu túmulo”. (Carlos Lacerda – 1957).
4 – “Para que tanta pressa? Satisfação da vaidade? Bobagem. Quando se efetivar a mudança, daqui a 4, a 8 ou 10 anos, far-se-á um obelisco monstro à entrada do El Dourado com a inscrição de que tudo aquilo é devido ao doutor Juscelino e dar-se-á seu nome à Praça dos Três Poderes. Creio que assim ficará bem para a posteridade”. (All Right, Correio da Manhã, 1958).
5 – “Antigamente era negócio da China: hoje negócio de Brasília. Meta número um (Brasília) já está paralisada: falta dinheiro para obras. Três coisas estão prontas: o palácio (do presidente), o hotel (dos turistas), 3) a cachoeira (que Deus fez)”. (Adirson de Barros, Tribuna da Imprensa, 3 de setembro de 1958).
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CORREIO, DIÁRIO, GLOBO
6 – “Luiz Jatobá leu uma crônica do jornalista Darwin Brandão, no “Noite de Gala”, da TV Rio. A crônica começava assim: “Nosso assunto hoje é a história de uma obsessão e de um obcecado. A obsessão: Brasília. O obcecado: JK. Brasília não existe”. (O Globo, 30 de setembro de 1958).
7 – “Dificilmente a nova capital será inaugurada em 1960 como deseja o senhor Juscelino”. (Eng João Carlos Vital (ex-prefeito do DF, 1958).
8 – “Brasília jamais será habitada. O poder executivo pode até levar sua estrutura para o Planalto Central, mas e os outros dois, Legislativo e Judiciário, são favoráveis à mudança?” (Diário de Notícias, 1958).
9 – “Brasília será o símbolo da leviandade e da inconsciência de um governo ou, antes, de um homem dominado pela vaidade de imortalizar-se, como os faraós, construindo porém, não para o próprio túmulo, mas o túmulo das finanças e do crédito brasileiro.” (Diário de Notícias, 1958).
10 – “A nova capital só fica pronta no prazo se a Novacap se transformar em fada madrinha de história da Carochinha e em vez de vigas de aço vindas da América, a peso de ouro, se utilize uma varinha de condão”. (Diário de Notícias, 1958)
11 – “Os deputados não irão para Brasília. Suponho que seria o caso de uma nova Lei revogando a anterior e dilatando o prazo para a mudança da capital”. (Carvalho Neto, UDN-PI, 1958)
12 – “Nada justificava e nem justifica a mudança da capital. Os motivos alegados a favor da mudança não convencem a ninguém que possua um mínimo de bom senso”. (Othon Mader, UDN-PR, 1959).
13 – “É um desatino!” (Deputado Adauto Lúcio Cardoso, UDN – GB) depois de chefiar uma Comissão Mista da Câmara que visitou as obras da construção de Brasília.
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JOPPERT E LUCAS LOPES
14 – “Tem-se objetado que a água do lago poderá ser absorvida pelo terreno, deixando-o vazio, total ou parcialmente. Que o perigo existe, não há dúvida, porque chuvas fortes e prolongadas não enchem os poços abertos, até 25 metros (…). Estará errada Brasília ou somos nós que estamos errados, argumentando contra ela? O futuro dirá”. (Maurício Joppert – ministro dos Transportes no governo José Linhares e presidente do Clube de Engenharia, 1959).
(JK telegrafou a ele na inauguração do Paranoá, dizendo: “Encheu”).
15 – “As decantadas maravilhas da região são ilusórias. Os seus característicos de riquezas naturais são os mesmos das pobres savanas tropicais do Brasil Central”. (Lucas Lopes, ex-ministro dos Transportes nos governos Café Filho e Nereu Ramos).
16 – “Brasília jamais terá energia elétrica ou telefonia. Nunca se comunicará com o restante do País”. (Gustavo Corção).
17 – “Juscelino, na sua paranóia progressista, continua a acelerar a construção de Brasília, como se o Brasil não estivesse sendo atingido pela crise. A crise social o persegue; sua mania de grandeza é Brasília”, (Correio da Manhã -1959).
Sebastião Nery
12 de março de 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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