"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 30 de maio de 2012

NO CASO LULA-MENDES-JOBIM, OS FATOS COMEÇAM A FALAR POR SI. JÁ AS VERSÕES...

Está cada vez mais empolgante essa polêmica entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, apimentada pela interferência do ministro aposentado Nelson Jobim. Agora que a poeira está baixando, podemos tirar as primeiras conclusões dos fatos, não apenas das versões. Isso é importante, porque fatos não podem ser contestados:

FATO 1 - Lula pediu a Jobim que marcasse um encontro dele com Mendes no escritório de advocacia. E Jobim atendeu.

FATO 2 - Jobim mentiu, porque primeiro disse que está fazendo um trabalho com Mendes sobre a Constituição de 88, o ministro está sempre em seu escritório, houve uma coincidência e os dois se encontraram casualmente: “O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá”, disse Jobim ao Estadão. Simples assim. Agora sabe-se, com certeza, que não houve coincidência alguma. O próprio Jobim disse ao repórter Jorge Bastos Moreno, de O Globo, que o encontro foi marcado com três dias de antecedência.

FATO 3 - Jobim mentiu nas declarações ao Estadão, quando disse que esteve o tempo todo com os dois e em nenhum momento o assunto mensalão foi tocado. Depois, esqueceu deste detalhe fundamental e declarou a O Globo: “Quem tocou no assunto Mensalão fui eu, no meio da conversa, fazendo a seguinte pergunta: Vem cá, essa coisa do Mensalão vai ser votada quando?

FATO 4 – Ficou demonstrado que, além de armar o encontro Lula-Mendes, o servil Jobim ainda foi capaz de provocar o assunto.

FATO 5 – Jobim estava atrapalhando tanto a defesa de Lula que não aceita mais falar no assunto.


FATO 6 - Através de seus assessores, Lula diz que não tocou no mensalão com Mendes, mas não soube informar qual era o assunto que tanto lhe interessava, a ponto de fazê-lo pedir o encontro com o ministro do Supremo.

FATO 7 – Surge a informação do jornalista Fábio Pannunzio (publicada hoje aqui no Blog) de que Gilmar Mendes só deu a entrevista à Veja porque estava sendo difamado por Lula, e por causa disso o ministro do Supremo havia procurado por duas importantes repórteres de Brasília.

FATO 8 – Lula não pode desmentir Pannunzio. Se o fizer, o jornalista revelará o nome das duas jornalistas que foram informadas por Lula sobre supostas irregularidades de Gilmar Mendes. Vejam o que o ministro declarou hoje ao jornal Zero Hora: “Eu só percebi que o fato era mais grave, porque além do episódio (do teor da conversa no encontro), depois, colegas de vocês (jornalistas), pessoas importantes em Brasília, vieram me falar que as notícias associavam meu nome a isso e que o próprio Lula estava fazendo isso”.

FATO 9 - Lula está acuado pelos fatos. Por isso, até agora não deu entrevista, não fala nada. E isso é mais um fato, ou não?

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AS VERSÕES DE JOBIM

Em seu Blog, o jornalista Jorge Bastos Moreno ironiza as contradições de Jobim e reproduz o diálogo que teve a respeito dele com o ministro Gilomar Mendes, nos seguintes termos:
Gilmar me disse:
— Ele falou isso?! Não, não! Quando eu comecei a ficar intrigado, querendo sair onde o Lula iria chegar, foi o próprio Jobim que tentou interpretar o que o Lula queria dizer. Ele não só ouviu, como participou da conversa.
Eu saí em socorro do Jobim, dizendo a Gilmar:
— Por questão de justiça, devo esclarecerer que quando o Jobim me disse ter negado tudo ao repórter do Estadão, ele próprio ponderou que não tinha ainda lido a Veja, que estava se baseando na informação do repórter. Certamente, qdo ler a revista, com o senhor confirmando tudo, ele não terá motivo mais para negar.
Gilmar comentou aliviado:
— Ah, então ele está desmentindo sem ter lido a revista! Quando ler, certamente vai confirmar”.

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