"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 30 de maio de 2012

"A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DE UM INDIVÍDUO SIGNIFICA A ABOLIÇÃO DE TODOS OS DIREITOS"

Publiquei nesta manhã um post sobre a intenção do governo de ampliar as áreas em que seriam aplicadas as cotas raciais. Até mesmo os cursos de… doutorado (!!!) teriam de se submeter a esse critério, o que é uma barbaridade.
É evidente que, se o “cotismo” vai valer para negros com base na suposição de que são discriminados, não há por que não estendê-lo a outros grupos que se digam também vulneráveis. Aos poucos, vamos deixando de lado duas questões essenciais:
a) o mérito ( e só ele deve contar quando se trata de desempenho intelectual) e
b) uma política pública de educação, de caráter universal, que busque atender a todos igualmente. Um país que se ocupe de articular reparações pontuais acaba fatalmente se descuidando do conjunto.
Muito bem! Lembrei-me de um trecho do texto What Is Capitalism, da brilhante Ayn Rand, uma liberal convicta, que está no livro Capitalism - The Unknown Ideal. Segue em azul. Volto depois.
Quando, numa sociedade, o “bem comum” é considerado algo à parte e acima do bem individual, de cada um de seus membros, isso significa que o bem de alguns homens tem precedência sobre o bem de outros, que são relegados, então, à condição de animais prontos para o sacrifício. Presume-se, nesse caso, implicitamente, que o “bem comum” significa o “bem da maioria” tomado como algo contrário à minoria ou ao indivíduo. Observe-se ser esta uma suposição implícita, já que até mesmo as mentalidades mais coletivistas parecem perceber a impossibilidade de justificá-la moralmente.
Mas o “bem da maioria” é nada mais do que uma farsa e uma fraude: porque, de fato, a violação dos direitos de um indivíduo significa a abolição de todos os direitos. Isso submete a maioria desamparada ao poder de qualquer gangue que se autoproclame a “voz da sociedade”, que passa a subjugá-la por meio da força física, até ser deposta por outra gangue que empregue os mesmos métodos.
Voltei

Ayn Rand era o pseudônimo de Alissa Zinovievna Rosenbaum (1905-1982), russa de origem judaica, cuja família emigrou para os EUA. Enveredou pelo caminho da filosofia, da literatura e da política. Foi uma das mais reluzentes e radicais expressões do pensamento liberal no século passado.
Não concordo com tudo o que dizia, não. As suas considerações sobre Deus, por exemplo, me pareciam amplamente insuficientes. Era uma ateia — agnóstica, no seu caso, seria mais preciso — convicta. Mas eu não preciso endossar 100% do que pensam as pessoas para encontrar aspectos admiráveis na sua produção. Há muitos vídeos seus no YouTube. Destaco um, com legenda, que tem tudo a ver com o Brasil destes dias. Volto para o encerramento.
Arremato
 
“A violação dos direitos de um indivíduo significa a abolição de todos os direitos”. Esse deveria ser um princípio indeclinável do estado democrático e de direito e uma divisa a orientar todos os votos no Supremo Tribunal Federal.

30 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo

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