"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 24 de maio de 2012

O QUE A ESQUERDA ANUNCIA É ASSUSTADOR


          Artigos - Movimento Revolucionário        
A ditadura da “neutralidade de gêneros” é o novo absurdo da esquerda sueca: não basta a igualdade entre homens e mulheres, é necessária a proibição de todo e qualquer elemento cultural que aponte para a existência dos dois sexos.

“In 2010, the World Economic Forum designated Sweden as the most gender-equal country in the world.
But for many Swedes, gender equality is not enough. Many are pushing for the Nordic nation to be not simply gender-equal but gender-neutral. The idea is that the government and society should tolerate no distinctions at all between the sexes.”
(Via Hen: Sweden’s new gender neutral pronoun causes controversy, na Slate Magazine.)

A julgar pelos fatos, ser de esquerda é resultado de uma doença mental que se caracteriza por um defasamento em relação à realidade, e mesmo uma recusa da realidade. O indivíduo de esquerda recusa a realidade — a “Grande Recusa”, da Utopia Negativa de Marcuse e Adorno.

A esquerda, depois do desastre da queda do muro, começou por adotar a Teoria Crítica de Marcuse e Adorno. A Teoria Crítica consiste em criticar — critica tudo e todos —, mas não sugere soluções para os problemas. E depois da ação política demolidora e picareta da Teoria Crítica, a Esquerda passou à adoção dos princípios da Grande Recusa, segundo a Utopia Negativa.

A “grande recusa”, segundo Marcuse, significa a não-aceitação (neognosticismo) da realidade inerente à mais fundamental condição humana. O gnóstico atual recusa a condição fundamental da realidade humana e pretende escapar dela, e nesse movimento de escape em relação à realidade fundamental da condição humana, o gnóstico actual assume a irracionalidade e o absurdo como base de acção política ["delírio interpretativo", segundo o conceito de Paul Sérieux].

O gnóstico atual não consegue distinguir a injustiça, que pode ser corrigida, por um lado, e por outro lado, a condição fundamental da realidade humana, que o gnóstico atual também considera injusta, mas que não pode ser mudada sem que o indivíduo e a sociedade sofram a espécie de horrores perpetrados pela
 mente revolucionária durante o século XX (nazismo, comunismo, eugenismo, totalitarismos em geral).

***
A esquerda (ou o politicamente correto, ou o marxismo cultural), começou pela igualdade de oportunidades” entre os dois sexos, tendo como base o princípio da autonomia (Kant); mas agora, a esquerda entrou pela Grande Recusa e inicia, em nome da autonomia do indivíduo, a recusa da pré-determinação natural dos dois sexos.

Depois da política de “igualdade de gêneros”, eis que nos chega o conceito de “neutralidade de gênero”. Tudo o que identifique culturalmente (símbolos) a existência objetiva dos dois sexos, passa a ser proibido pelo Estado. Por exemplo, em algumas escolas suecas já é proibido às crianças o uso das palavras “rapazes” e “raparigas”, como se a realidade da natureza não estipulasse, de um modo fundamental, que existem rapazes e raparigas.

Na realidade, o que se passa é que a política repressiva de “neutralidade de gênero” vai desembocar em uma outra cultura de “não-neutralidade de gênero” — só que ainda não podemos saber os contornos dessa nova cultura não-neutral em relação aos dois sexos; e nem os próprios esquerdistas têm hoje a noção das consequências da sua política de neutralidade de gênero.


Provavelmente, países como a Suécia podem desembocar numa sociedade matriarcal, mas neste tipo de sociedade também não existe neutralidade entre os dois sexos porque isso é uma impossibilidade objetiva. “Neutralidade de gênero” é uma falácia e um absurdo. Resta saber se a sociedade matriarcal é melhor do que a sociedade patriarcal; eu tenho dúvidas.

A política de “neutralidade de gênero” é como o multiculturalismo: um dia destes, um político sueco virá a público dizer que essa concepção política já não faz sentido. Mas entretanto, já existem erros que serão pagos pela sociedade com “língua de palmo”, e devido ao delírio interpretativo dos intelectuais de esquerda.

24 de maio de 2012
Orlando Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário