"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 28 de maio de 2012

SE FOR VÍTIMA DE UM ASSALTO, NÃO REAJA

Em tempos de violência urbana extrema, nenhum de nós está livre de ser vítima de um assalto. Por isso mesmo é que a atitude corajosa de um senhor de 67 anos, vigia de um posto de gasolina, ao enfrentar três bandidos desarmados, ao ser rendido durante um assalto na Zona Norte do Rio, em 11 de maio, resultando ferido no embate corporal, precisa ser objeto de análise técnica e reflexão.

Vítimas de assalto reagem de formas diferentes e podem estar assinando o próprio atestado de óbito. Muitos bandidos usam drogas e álcool antes do crime, porque também têm medo. Precisam de uma ação rápida para obter o êxito e abandonar o local.

A partir daí, a preservação da vida da vítima corresponderá à atitude que tiver na tentativa de controlar a situação adversa. Não tente contrariar os assaltantes retrucando suas atitudes. Entregue, sem contestar, os objetos que forem solicitados.

Mostre-se amistoso, apesar de todo o nervosismo, indicando que quer colaborar para que tudo saia bem. Informe qualquer todo gesto que precisar tomar, mantendo, em caso de assalto em via pública, as mãos para cima.

Se for surpreendido em assalto dentro do carro, mantenha-se imóvel com as mãos no volante. Cumpra, sem contestar, as determinações dos assaltantes. Lembre-se que você foi surpreendido e o momento lhe é perigosamente antagônico.

Se for tirar o cinto de segurança, anuncie tal atitude e peça consentimento. Tudo que for apanhar dentro do carro informe com antecedência, sem tomar nenhuma atitude que possa supor uma reação. Olhe firme para o marginal sem desafiá-lo no olhar. Continue amistoso e não agressivo. Forneça prontamente, caso solicitado, a senha dos cartões e colabore informando o melhor trajeto para chegar a um determinado caixa eletrônico.

Ainda assim, você precisará contar com a sorte. Evite chamar a atenção, caso cruze com uma patrulha, Os bandidos poderão matá-lo e reagir atirando nos policiais. No mínimo, você poderá ficar no meio de um fogo cruzado.

Normalmente, se você atender as ordens do assaltante, suas chances de sobreviver com vida e sair praticamente ileso aumentam muito. Jamais contrarie os assaltantes e diga-lhes que “tudo acabará bem”. Eles têm, pela intimidação das armas, o domínio da situação. Peça-lhes, se for oportuno, calma e tranquilidade em dado momento, comunicando-lhes que tudo que for solicitado será atendido. Não tente uma fuga desesperada. Ela pode ser fatal.

Após ser liberado pelos marginais, procure ajuda e ligue para a polícia (190), informando tudo que foi possível observar durante a ação, inclusive características físicas dos bandidos, marca e cor do veículo e direção tomada pelos assaltantes

Se for vítima de assalto em sua própria residência, aja também de modo solícito, sem tentar reação ou fuga. Seus parentes também poderão e pagar com agressões ou com a vida, caso você tente reagir ou fugir sozinho. Se for possível, fazer uso de um artifício que chame a atenção de vizinhos, sem que corra riscos, faça isso.

Assim, chega-se à conclusão de que a atitude corajosa do vigia do posto de gasolina foi de alto risco e tecnicamente não recomendável, ainda que os bandidos não estivessem armados.

E finalmente lembre-se: não use arma. A arma é muito mais um indutor de violência do que um instrumento de defesa. Deixe o uso da arma de fogo para profissionais que saibam usá-la quando se fizer necessário. Preserve a vida. Atos de heroísmo nem sempre acabam bem.

Milton Corrêa da Costa
28 de maio de 2012

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