"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 24 de junho de 2012

O MUNDO ESTÁ FICANDO MENOS MONÓTONO, MAIS INTERESSANTE

 
Hoje estamos sabendo que Mohammed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, ocupará o poder no Egito. É claro que não é o desfecho que Israel esperava com a queda de Mubarak.
Eis porque o sionismo está apreensivo com o desenrolar da situação na Síria. Afinal, em Israel também existe aquele ditado: “Depois de mim virá quem bem de mim fará”. Mursi certamente se beneficiou da pregação de Mohammed Abdo (1849-1905), discípulo de Al Afghani, grande mufti do Egito no começo do século vinte.

Muita coisa vai acontecer. Vamos ver, por exemplo, o que a Irmandade Muçulmana vai fazer em relação à Saïka palestina na Síria. A Saïka, como se sabe, foi criada por Damasco como uma organização de resistência paramilitar à margem da central de resistência palestina, a O.L.P. Outras organizações de obediência pro Síria, sobretudo de extrema esquerda, geralmente incontroláveis, atuando de modo bem diferente do desejado pela O.L.P., provocam grandes represálias, afinal. algum controle, no entanto é obtido pelo governo al Assad.

Vamos ver o grande jogo. O conflito maior entre a lógica revolucionária e a lógica do Estado. A vitória, ainda que parcial, do Egito e da Síria em 1973 conquistou a revolução palestina que nem sequer tinha sido convidada a participar. E veio a demonstração, tanto do Cairo, como também de Damasco, do que foi chamado de “Injustiça histórica” do grito de guerra palestino condenando os supracitados governos e pretendendo que só a revolução poderia vencer Israel.

A Turquia pode se entender com Washington à vontade. Já passou a época do Império Otomano, assim como está findando a do Império Americano. O que se conhece como lógica do Estado é simplesmente o respeito pelas resoluções da ONU e também o cessar fogo, e as negociações com Israel para a obtenção de uma “paz justa e durável”.
O problema é que nem Israel, nem a O.L.P., adotam a lógica do Estado. Esta última existe ainda, mas está na moita, aguardando o que vai acontecer, tal como a Fraternidade Mulçumana esteve (inclusive na clandestinidade) por 84 anos.

Para ser justo, nem mesmo a Síria seguiu a lógica do Estado, já que ela própria se proclamava Estado revolucionário. O apoio que o governo Erdogan tem dado de Istanbul (com n, e não com m) aos Estados Unidos em nada vai mudar a situação do Oriente Médio.

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