"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 27 de julho de 2012

O DESTINO DE CADA UM

Às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal, os principais réus do mensalão aguardam os desdobramentos jurídicos do escândalo que estourou em junho de 2005 e já deixou sequelas políticas em alguns deles. Apesar da onda de absolvições no plenário da Câmara, três parlamentares, dois deles considerados caciques tiveram seus mandatos cassados: José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE). Outros, como o ex-presidente do PT José Genoino, passaram a ter uma atuação política bem mais discreta da do passado.

Cotado como um dos principais nomes palra suceder Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 homem forte do governo nos três primeiros anos de mandato do petista, Dirceu passou a atuar, após a cassação, nos bastidores do PT. Tornou-se também consultor empresarial, aproveitando a expertise de seus tempos de chefe da Casa Civil. Apesar de publicar um blog com suas opiniões políticas e econômicas, começou a ser visto com ressalvas por integrantes de cargos públicos, que optaram por encontrar-se com ele de maneira reservada para não iserem vistos ao lado daquele que é considerado pelo Ministério Público Federal como o “chefe da quadrilha do esquema do mensalão."

Roberto Jefferson, que a exemplo de Dirceu também teve seus direitos políticos cassados, seguiu conduzindo as principais negociações políticas do PTB. Mas perdeu diversas batalhas internas no partido, que optou por permanecer ao lado do governo do PT — tanto com Lula quanto com Dilma. Responsável pela célebre frase “Sai daí, Zé, para não tornar réu um homem inocente”, Jefferson tem dito que seu destino está ligado ao do ex-chefe da Casa Civil. E ameaçou: “Se o Dirceu quiser politizar o julgamento, quem se dará mal é o Lula”.

A partir da denúncia feita em junho de 2005 pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), de que seu partido teria recebido uma oferta em dinheiro por parte do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para votar a favor do governo alguns projetos no Congresso, as acusações se tornaram rotina e, a cada dia, novos nomes apareciam nos jornais. Duas CPMIs fo-ram criadas para apurar as denúncias e três parlamentares perderam as vagas na Câmara

Um ano depois de deflagrado o esquema, a denúncia chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), e cresceu a expectativa de que o caso teria fim. No entanto, na maior casa de Justiça do país, os adiamentos se tomariam frequentes e o processo judicial passou a se arrastar.

Na semana que vem, o esquema que apareceu graças a uma gravação de um empresário envolvido em negociações fraudulentas chega finalmente ao plenário do Supremo e o fim da novela ficará nas mãos dos 11 ministros.

Presidente do PT e responsável por autorizar os empréstimos feitos pelo partido perante os bancos Rural e BMG—intermediado pelo empresário Marcos Valério—José Genoino mergulhou em depressão após o escândalo. Amigos relataram ao Correio a dificuldade que o antes falante parlamentar tinha de sair de casa. Elegeu-se deputado federal em 2006, mas não conseguiu reeleger-se em 2010. Nomeado secretário especial do Ministério da Defesa, trilha um caminho mais discreto e apagado.

Em silêncio

Tesoureiro do PT e apontado como um dos prováveis condenados no julgamento do Supremo Tribunal Federal, Delúbio Soares foi expulso do PT e manteve o silêncio sepulcral sobre o assunto. Ameaçou filiar-se ao PMDB, mas Lula acalmou-o e ele manteve-se sem ligação partidária. Em 2011, foi refiliado ao PT, sendo elogiado por sua disciplina político-partidária de manter-se quieto sobre o mensalão. Cogitou candidatar-se a vereador, porém, uma vez mais, Lula mandou-o ficar quieto, evitando holofotes em pleno ano eleitoral.

Correio Braziliense (DF)

Da Redação

27 de julho de 2012

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