"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 22 de setembro de 2012

A POESIA NA PROSA GENIAL DE CECÍLIA MEIRELES

 


A poeta, professora, pintora e jornalista carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A Primavera, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, implanta os seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.


PRIMAVERA

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul.
Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra.
Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume.
E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)

Marta Suplicy relaxou antes da hora. E Haddad, ao invés de subir, desceu nas pesquisas.


Há alguma coisa errada na estratégia do PT, digo, do ex-presidente Lula, que faz o que bem entende com o partido e com o governo.

Lula forçou Dilma Rousseff a demitir a ministra Ana de Holanda e substituí-la pela senadora petista, sob argumento de que, com apoio de Marta, o candidato Fernando Haddad enfim iria subir nas pesquisas. Mas o resultado foi exatamente o contrário, segundo o Instituto Datafolha.


Marta é a satisfação em pessoa

Agora, Celso Russomanno, candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, lidera a disputa ao manter os 35% das intenções de voto. José Serra (PSDB) continua está em segundo lugar, com 21%, um ponto acima da última sondagem, enquanto o petista Fernando Haddad caiu dois pontos, e agora tem 15%. Gabriel Chalita (PMDB) continua com 8% da pesquisa anterior, e Soninha teve uma oscilação de 5% para 4%.

Se a eleição na capital paulista fosse hoje, Serra e Russomanno se enfrentariam num segundo turno. Antes, o tucano estava tecnicamente empatado com o petista Haddad. Nas simulações de segundo turno, Russomanno venceria Serra por 57% a 31%. Se a disputa fosse com Haddad, o candidato do PRB seria eleito com 55% e o petista teria 30%.

A pesquisa Datafolha tem margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Foram entrevistadas 1.802 pessoas.

Resumindo: ao que parece, Marta Suplicy relaxou antes da hora e houve o chamado coitus interruptus. Ela está em êxtase com a nova função de ministra e não está nem aí para Haddad…

22 de setembro de 2012
Carlos Newton

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