"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

DIANTE DA OUSADIA CRESCENTE DO CRIME ORGANIZADO, POLÍCIA NÃO PODE AGIR COM DELICADEZA E FIDALGUIA

 


Chumbo trocado – Quando questões decorrentes da insegurança ocupam o cardápio do cotidiano, a população não demora a reclamar dos governantes, até porque a segurança pública é um dos itens a que o cidadão tem direito por determinação da Constituição Federal. Essa cobrança, que ao longo dos anos tem encontrado enorme guarida no ucho.info, exige providências por parte do Estado, pois o cidadão não pode viver refém da violência e do medo.

No contraponto, quando o Estado age no combate ao crime organizado, respondendo à altura aos ataques dos bandidos, sempre há alguém de plantão para falar em direitos humanos, como se fosse uma prerrogativa apenas dos fora da lei.
No caso da ação da Polícia Militar paulista que enfrentou e matou nove criminosos e prendeu outros cinco marginais em Várzea Paulista, pequena cidade do interior de São Paulo, há os que entendem que a operação policial foi demasiada.
A PM desmontou um tribunal paralelo mantido por facções criminosas para decidir o destino daqueles que cometem crimes que contrariam as regras do comando do grupo. Momentos antes da ação policial, os criminosos haviam absolvido um acusado de estupro.

Para esse tipo de situação existe o Poder Judiciário, a quem compete julgar e condenar, desde que provas existam contra o acusado. Não se pode ser complacente com o Estado paralelo, imposto pelo crime organizado, sob pena de a sociedade passar a viver em interminável bambolê, sem saber a quem respeitar.

Questionado sobre a operação que ficou a cargo da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), que agiu com base em denúncia anônima, o governador Geraldo Alckmin foi claro ao responder: “Duas coisas são importantes.

Primeiro, quem não reagiu está vivo. Segundo, nós tínhamos um grande número de criminosos com armamento extremamente pesado, participantes de uma facção criminosa, e que a polícia surpreendeu a todos deles”.
E há quem enxergou nessa resposta ranço da ditadura militar, quando a polícia matava a esmo e sumia com os cadáveres. As situações são totalmente diferentes e quem buscar explicações no passado quer aproveitar o momento eleitoral para causar tumulto.

Querer arrastar Alckmin para a era plúmbea nacional só interessa àqueles que enxergam na complacência com os criminosos uma forma de manter o País sob o manto da desordem, o que permite a instalação de modelos totalitaristas, as chamadas ditaduras.

Todas as vezes que o Estado fraqueja diante do crime, vem à baila a tese da tolerância zero, sistema de segurança pública que tem funcionado em diversos locais ao redor do planeta, como em Nova York, que há anos deixou de ser uma cidade violenta. Tratar com benevolência bandidos fortemente armados e com poder de reação é incentivar o crime organizado, dando aos mesmos a falsa sensação de que o Estado não sabe como enfrentá-los.

Esses tribunais paralelos, que da noite para o dia passaram a rechear os programas policialescos da televisão, existem há muito tempo. No sistema carcerário esses tribunais clandestinos funcionam em diversas unidades prisionais e servem para selar o destino daqueles que desrespeitam as regras impostas pelas facções. Não importa se o acusado transgrediu na prisão ou enquanto estava em liberdade. A sentença é decidida e a ordem dos chefões cumprida à risca e sem demora.

Há anos, em uma delegacia da capital paulista, um preso foi julgado e condenado à morte, por decisão dos chefes da organização criminosa que domina o sistema penal no mais importante estado brasileiro. Cumprida de forma cruel, a execução se deu em questão de minutos e o acusado foi esquartejado com o uso de lâminas de barbear. Resumindo, diante do ataque e marginais a polícia não deve ostentar candura.

17 de setembro de 2012
ucho.info

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