"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 16 de outubro de 2012

ENQUANTO ISSO, NA TAL CPI DA "SOBRIEDADE E FOCO" (CACHOEIRA) DOS FALAZES... ACORDO DARÁ SOBREVIDA À CPI

 

Após emitir vários sinais de que os trabalhos da CPI do Cachoeira seriam concluídos até 4 de novembro, sem a necessidade de prorrogação, o PT, agora, costura uma saída menos desgastante para encerrar as investigações. Nos bastidores, alguns parlamentares governistas se articulam para que a comissão trabalhe apenas um mês a mais.
Esse período seria utilizado somente para debater o relatório final. Dessa maneira, não haveria tempo hábil para ampliar o foco das investigações nem para quebrar o sigilo de mais 12 empresas fantasmas do esquema criminoso abastecido pela Construtora Delta. A ideia é uma prorrogação pela metade, um "enterro com um pouco mais de dignidade", como disse um membro da CPI.
Na tarde de hoje, uma reunião de líderes vai definir o rumo da comissão. Ontem, o vice-presidente, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), declarou que o PT vai defender a prorrogação, mas não falou por quantos dias.
"Entendemos que (a prorrogação) é necessária para o debate em torno da apresentação do relatório. Não sei ao certo o tempo que seria necessário." Teixeira informou que conversou com o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), e que ele também apoia a extensão dos trabalhos.
Na semana passada, Odair Cunha deu a entender que a prorrogação não seria necessária. "Eu tenho um prazo, que é o dia 4 de novembro. É com essa data que estou trabalhando. Não é verdade que, se os trabalhos não forem prorrogados, os fatos não serão investigados.
Não vou antecipar o relatório, mas muito já foi feito. Com as informações que nós temos hoje na CPI mista, já podemos produzir um relatório consistente", declarou.
Ontem à noite, os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Miro Teixeira (PDT-RJ), considerados independentes, jantaram juntos para definir as estratégias.
"Prorrogar por apenas 30 dias é apenas uma desculpa para encerrar a investigação. Desde a semana passada, escutei essa conversa de ampliar por mais 30 dias. Isso é uma saída clara para não ficar feio", afirmou Randolfe.


De acordo com o parlamentar, esse prazo costurado pelos governistas cobre apenas o período em que a CPI não funcionou em virtude das eleições municipais. "Agora é que estamos descobrindo os repasses feitos para as empresas fantasmas. A comissão começa a apontar novas relações", disse o senador.

A ideia dos chamados independentes é coletar assinaturas para um requerimento de prorrogação dos trabalhos por, no mínimo, três meses. O argumento é que ainda há mais de 500 requerimentos para serem apreciados.

A prorrogação depende das assinaturas de um terço dos integrantes da Câmara e do Senado — 171 deputados e 27 senadores.
Entre os pedidos a serem analisados, estão quebras de sigilo de empresas que seriam ligadas à organização criminosa que foi alvo da Operação Monte Carlo.

Habeas corpus
O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conseguiu habeas corpus do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas continuará preso na Penitenciária da Papuda. A Corte reconheceu que a prisão dele, pela Operação Monte Carlo, já excedeu o prazo legal. Apesar da decisão, Cachoeira continuará detido em função da Operação Saint-Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal.


JOÃO VALADARES Correio Braziliense
16 de outubro de 2012

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