"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O SUICÍDIO DA ÁGUIA - PARTE VII


Por que Obama foi reeleito e o quê esperar do futuro
 
 
Parte I

Analisarei a reeleição de Obama como o desenvolvimento natural da tendência exposta nos artigos anteriores com o mesmo titulo: a vitória da esquerda radical do Partido Democrata, do shadow party, forjada no movimento dos revoltos contra a guerra do Vietnã nas décadas de sessenta e setenta. Deixarei de lado as várias evidências de fraude em inúmeros distritos – num deles os votos apurados foram 141 a 158% maiores do que o número de eleitores inscritos [[i]], em vários não era exigido nenhum documento de identidade, noutros alguns eleitores votaram duas vezes -, nem discorrerei sobre a já óbvia falsidade de seus documentos, inclusive o Birth Certificate. Olavo de Carvalho tem abordado exaustivamente estas últimas e tem muitas novidades sobre as primeiras.

Vitória de Obama ou suicídio republicano?


‘Os líderes cristãos e conservadores assim como os cidadãos tradicionais, os ‘caipiras’ (grass-root citizens,) devem deixar claro que sob nenhuma circunstância comprometeremos o cerne de nossas crenças morais e espirituais para apoiar liberais [[ii]] sem Deus (godless) tipo Romney para cargos públicos, não importa quantas vezes a cúpula liberal do Partido Republicano em Washington nos assegure ele foi escolhido porque jamais seria elegível um candidato 100% a favor do casamento tradicional, a favor do ‘rule of law’ e cristão’. Isto é falso!

Gregg Jackson, jornalista conservador

Qualquer que seja o ângulo pelo qual se analise a vitória de Obama é forçoso reconhecer os flagrantes erros dos republicanos. Uma máxima que já está se tornando rotina é a de que quanto mais o Partido Democrata radicaliza à esquerda, mais os Republicanos seguem o mesmo caminho, tentando se apossar das teses dos “liberais” (socialistas). Centenas de milhares de republicanos não votaram simplesmente porque consideravam que não havia diferença entre os candidatos.

Romney tratou suas bases mais sólidas de maneira morna e indiferente. Rick Santorum estava certo quando disse que Romney era o pior republicano em todo o país para enfrentar Obama. Ele estava certo porque Romney fez de tudo para esnobar sua própria base constituída de eleitores evangélicos conservadores que poderiam ter virado a eleição a seu favor nos estados-chave (key swing states) (veja aqui o mapa eleitoral por distritos).

Além disto:

1 – Recusou assinar o compromisso pró-vida de Susan B. Anthony List’s Pro-life Presidential Leadership Pledge e Personhood USA’s Republican Presidential Candidate Pledge (http://www.personhoodusa.com/press-release?page=4);

2 – Reafirmou sua oposição a proibir monitores homossexuais de escoteiros e sabe-se que em seu governo em Massachusetts foi extremamente benevolente com os movimentos gay;

3 – Se opôs ao candidato de seu próprio partido ao senado, Todd Akin, 100% pró-vida respeitado por todos da base republicana tradicional;

4 - Permitiu propaganda pró-aborto de sua candidatura nos estados-chave;

5 – Declarou que a legislação abortiva, inclusive de menores de idade, não estava na sua agenda;

6 – Declarou que a oposição Síria ‘partilha nossos valores’ quando de fato não passam de organizações terroristas que matam judeus e cristãos e que Assad é o mais pró-cristão dos líderes da região;

7 – Não só esnobou como se afastou completamente do Tea Party, movimento de retorno aos ideais republicanos, fundado logo após a derrota de McCain, outro RINO (republican in name only - republicano só no nome) como Romney;

Romney fez uma campanha de bom moço, apelando para a racionalidade e sem atacar Obama com a força com que Reagan atacou Carter em 1980. No seu primeiro discurso de campanha, em 1º de setembro de 1980, disse Reagan:

‘Carter nos diz que os descendentes daqueles que se sacrificaram para recomeçar suas vidas nesta terra de liberdade, devem abandonar o sonho que dirigiu seus ancestrais para uma nova vida numa nova terra. E é verdade! Sua administração é uma litania de desespero, de promessas quebradas, de esperanças sagradas abandonadas e esquecidas. Quando se mostra a miséria econômica o que ele responde? Que é apenas uma recessão, não uma depressão. (...) Carter se refugia atrás de um dicionário. OK, se ele quer uma definição eu lhes darei uma: uma recessão é quando seu vizinho perde o emprego, uma depressão é quando você perde o seu, e uma recuperação é quando Jimmy Carter perder o dele’!

Naquela época o Partido Republicano queria realmente o poder e soube escolher. Bush também foi uma excelente escolha conservadora e por isto foi duramente atacado. É claro que a mídia esquerdista clama que Romney apelou demais para as idéias de ‘extrema direita’ e que não foi ‘suficientemente moderado’. Este apelo ao apaziguamento em todas as instâncias da vida humana é um paradigma da modernidade, ou pós-modernidade, sei lá! Quanto mais agressivo o oponente, mais deve ser apaziguado. Baseado nisto tratam-se bandidos a pão-de-ló, pede-se desculpas a terroristas como fez Obama na Líbia (voltarei a este ponto adiante) e não como Reagan mandando bombardear Trípoli e a cidade de Kadhafi, e recomenda-se Israel a não reagir aos foguetes dos terroristas do Hamas.

A verdade da eleição americana é exatamente a oposta. Mas a elite republicana pensa diferente e tem nomeado contra Obama candidatos como McCain e Romney, que são mais liberais do que muitos democratas não radicais que gostariam de votar num republicano porque não estão satisfeitos com a agenda extremista de Obama. Como fizeram em 1980: Reagan ganhou milhões de votos democratas defendendo uma plataforma nitidamente conservadora, só perdendo em seis Estados e no Distrito de Columbia. Obteve 50,9% dos votos populares e 489 votos eleitorais (90,9%). Quatro anos depois recebeu respectivamente 58,77 e 525 (97,6%) e só perdeu em Minnesota e D.C. e em 92 elegeu seu vice.

O estrategista republicano Karl Rove, que levantou 330 milhões de dólares para garantir a vitória de Romney e a maioria no Senado, aconselhou os republicanos de evitarem chamar Obama de socialista ou esquerdista. Rove acreditava que os eleitores indecisos, moderados ou tendentes à esquerda pulariam para o lado de Obama se estas acusações fossem levantadas: “Se você diz que ele é socialista, eles vão defendê-lo’. Rove recomendou a Romney mostrar-se respeitoso com Obama!

Resultado: uma estrondosa vitória de Obama em 2008 e agora com menos força, o que demonstra que os republicanos perderam votos com uma campanha morna e sem defender os tradicionais valores americanos.

Gregg Jackson e outros conservadores como Glenn Beck já avisavam há meses que é impossível vencer sem sua base eleitoral, mas novamente as elites que dirigem o Partido Republicano (Reince Priebus, Karl Rove, os Bush, Fox News, Weekly Standard e National Review) empurraram outro RINO garganta adentro dos eleitores, um candidato que estava destinado a perder, apesar da relativa fraqueza de Obama, com uma administração reconhecidamente débil, indecisa, titubeante, que só sabe discursar com o teleprompter, além de um ponto fraco por recusar-se a mostrar seus verdadeiros documentos.

É urgente que a liderança republicana reconheça que sua base política acredita num mundo criado por Deus, que os direitos do indivíduo derivam de Sua vontade e que a principal razão de ser de um governo civil é proteger e defender estes direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Existem milhões de cristãos e conservadores que não subscrevem a idéia do ‘menor dos males’ e se recusam a dar seus votos para aqueles que não seguem os mesmos princípios, mesmo que o outro candidato seja muito pior, com uma agenda marxista radical.

Os Estados Unidos estão se aproximando celeremente da triste situação brasileira onde só existem esquerdistas e muitos chegam a fazer a escolha fatal do ‘menor dos males’, legitimando a radicalização esquerdista manobrada por Lula: acabar com a direita no Brasil.

Cada vez mais parece que o Partido Republicano vem adotando a plataforma Democrata. E desta forma sumirão do mapa político americano. Desprezar o Tea Party para dar uma de bom moço, nada radical, nem caipira, deu no que deu. Como no Brasil, onde o conservadorismo é sentido como uma ofensa terrível. Estarão os Estados Unidos se transformando numa república das bananas?

O uso demagógico da economia e do ‘social’


A democracia leva a um igualitarismo radical: à crença de que aqueles que são iguais em algum aspecto são necessariamente iguais em todos os demais. Porque os homens são iguais na sua liberdade, clamam por serem iguais em tudo.

Aristóteles


Aristóteles, apesar de ter vivido há mais de dois milênios, continua sendo uma autoridade em política e outros campos, maior do que tudo o que se escreveu depois, principalmente as complicadas, inúteis e vazias teses da modernosa ‘ciência’ política. O próprio fato de existir uma ‘ciência’ hoje em dia serve para criar uma casta de ‘especialistas’ e coloca uma barragem, um abismo intransponível – salvo para os que aceitarem as regras da casta e a ela aderirem -, entre eles e o restante da população que têm que aprender com eles para entender alguma coisa. Aristóteles, assim como Sócrates, Platão e outros sábios daqueles idos, era um habitante comum de sua pólis e descrevia o que via acontecer.
Acredito que nenhum deles tinha a mínima pretensão, e ficaria espantado se viessem a saber que 2.500 anos depois ainda influenciariam o pensamento humano e serviriam de norteadores para a boa e sã Filosofia, o Projeto Socrático como o denominou Olavo de Carvalho.

Desgraçadamente, outros se apossaram de seus escritos e criaram uma falsa ‘ciência’ para deturpar suas palavras e mistificar o povo.

É um corolário óbvio de sua observação acima que, num regime democrático, os políticos tendam a usar o poder coercitivo do Estado para nivelar todas as igualdades, especialmente através da apropriação e redistribuição da riqueza por meio de leis distributivas. O direito à igualdade de oportunidades se torna o direito à igualdade de resultados, assegurada pelo poder do Estado como instrumento coercitivo para atingir este resultado utópico, geralmente às expensas das restrições da própria liberdade.

Tucídides, que pretendia contar a história como acontecera objetivamente sem floreios interpretativos farsescos, relata que durante o 4º século A.C. os cidadãos atenienses recebiam cada ano mais estipêndios do Estado. Eram pagos para servir de jurados, para freqüentar as Assembléias, para ir ao teatro e aos festivais religiosos.

‘Mesmo com a ameaça de Felipe da Macedônia contra Atenas era muito perigoso para qualquer político transferir verbas públicas dos fundos para teatro e festivais para os militares [[iii]]. Quando os atenienses se deram conta do perigo já era tarde demais: perderam a batalha de Queronéia em 338 A.C e com ela a sua liberdade política e autonomia’.

É exatamente o que ocorrerá com os Estados Unidos se prosseguirem nesta senda de enxugar o orçamento militar transferindo as verbas para as despesas ‘sociais’ – alegadamente para colaborar com a nova multipolaridade mundial.

Assim Obama conquista seus votos, e tem uma larga experiência nisto: sua única ocupação ‘profissional’ comprovada foi a de agitador e ‘organizador comunitário’ no sul de Chicago (comunitário é um eufemismo, pois como discípulo de Saul Alinsky, o termo correto é ‘organizador revolucionário’). Obama considera que esta atividade representa o âmago de sua identidade, na qual recebeu a ‘melhor educação’ de toda sua vida, não na educação formal em Columbia ou na Escola de Direito de Harvard. Aliás, ainda restam dúvidas se estes estudos universitários foram de fato realizados, já que seu histórico escolar inverossímil é guardado como segredo de Estado.

Tudo começou quando Obama, então ‘trabalhando’ com Ralph Nader, aceitou ‘emprego’ como diretor do grupo do centro da cidade de Chicago do Developing Communities Project (DCP), da Calumet Community Religious Conference (CCRC), uma organização que visava converter as igrejas negras de Chicagos South Side em agências de mudança social. Durante a primeira campanha ele declarou:

‘Nos protestos, ocupações (de terrenos e imóveis), nas marchas, nas canções dos presidiários, eu vi a comunidade Afro-Americana se tornando mais do que apenas um lugar onde foi criado ou se mora. Através da organização, do sacrifício compartilhado, atingia-se a condição de membro pleno da comunidade’ [[iv]].

Esta foi a razão de Mitt Romney ter dito antes das eleições que 47% dos eleitores eram votos cativos de Obama, escandalizando toda a mídia amestrada, porque a verdade jamais deve ser dita em política. A verdade dói, a mentira alivia a dor, ao menos até o momento em que inevitavelmente falha. Aí a dor é bem pior, como a Europa está sentindo atualmente depois de anos de mentira socialista. Em termos pessoais geralmente o mentiroso acaba pagando o preço por suas mentiras. Em termos sociais não: são as gerações futuras que pagarão pelas mentiras do presente. É a população atual européia que está pagando com as sucessivas recessões econômicas pelas mentiras dos últimos 50 ou 60 anos de orgias em gastos ‘sociais’.
Na hora da verdade é necessário apertar os cintos e aí é que ‘o bicho pega’. Quando escrevo este texto vejo as massas dos ‘desmamados do dinheiro público’ protestando contra os inevitáveis cortes orçamentários. Margaret Thatcher observava que ‘o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros’. Mesmo assim a sedução pela ‘bondade’ e ‘generosidade’ dos distribuidores de dinheiro dos outros, continua gerando votos. Até que um dia acaba.

Mas não só de dinheiro vive Obama; também de agraciar cada uma das chamadas ‘minorias’ com legalização ou promessas de legalização de atividades moralmente controversas. Isto lhe rendeu votos suficientes para conquistar ‘a maioria das minorias’. Segundo Le Figaro, citando uma pesquisa da CNN: dos 13% de afro-americanos nos EUA, Obama obteve 96% dos votos, dos latinos (10% da população) ficou com 70%, dos gays teve 75%, dos judeus, apesar das nítidas decisões contra Israel ficou com 68%, ainda 70% dos votos de mulheres de todas as etnias ligadas a movimentos feministas e abortistas, e dos asiáticos 70%. Somando todos esses, Obama obteve 1 a 2% a mais dos votos do que Romney. O ‘mérito’ de Obama é que ele conseguiu aglutinar uma grande fauna, falando a cada grupo o que gostariam de ouvir (e receber do governo). Como disse o comentarista da Fox News, O´Reily, ‘those who voted for Obama want stuff’ (stuff é coisas, objetos, mas essencialmente dinheiro). Há os que querem mamar nas tetas do governo e aqueles que mamam e não querem que lhes seja tirada a mamadeira.

Segundo a propaganda da mídia amestrada mundial Obama é um progressista moderado, a voz da América esclarecida em luta contra o obscurantismo reacionário e racista; não é um “falcão” empenhado em esmagar o pobre mundo sob as patas do Império americano.

Mesmo para os que consideram que ‘todos os americanos só pensam em dominar o mundo’, sua diferença com os republicanos é que pelo menos ele não é um ‘caipirão racista e conservador’, a pior ofensa para os modernistas. Mas Obama não passa de um dos meninos de ouro de Saul Alinsky, certamente seu maior aprendiz, mesmo sem nunca ter tido contato com o próprio.

(Continua.)

28 de novembro de 2012
Heitor De Paola

Notas:

[i] St Lucy County. Florida: http://www.towncrierdubuque.com/the_town_crier/breaking-florida-showing-massive-voter-fraud e http://www.slcelections.com/Pdf%20Docs/2012%20General/GEMS%20SOVC%20REPORT.pdf. Basta ler a 1ª página: 1ª coluna nº de eleitores registrado, 2ª votos contados, 3ª percentual de comparecimento. Num Condado de Ohio, um battleground, Obama recebeu 106,258 votos, mas só havia 98,213 eleitores inscritos.Estranho também que Romney não tenha obtido nenhum voto em 59 Distritos de Filadélfia (http://minutemennews.com/2012/11/believable-romney-got-zero-votes-in-59-philadelphia-voting-districts/). .
[ii] “Liberais” são os socialistas nos USA.
[iii] Pensem nisto quando virem Fernanda Montenegro comandando uma caravana de teatrólogos e o Barretão e seus acólitos cineastas desembarcarem em Brasília para pedir dinheiro e ‘incentivos’ às atividades culturais.
[iv] Ver mais dados sobre a história de Obama em: http://www.discoverthenetworks.org/Articles/bobamasunlikelypoliticaledu.html

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