"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A GRANDE REVOLUÇÃO

 


Nicolau Copérnico – De Revolutionibus
Nicolau Copérnico – De Revolutionibus

A revolução na Lingüística e na esfera médica, em especial na saúde pública com todas as descobertas na higienização, sem falar nas revoluções dentro da tecnologia, isso mais recentemente, deram ao mundo uma nova concepção de homem.

No entanto, em minha opinião, nenhuma revolução se compara a revolução freudiana. Nem mesmo os grandes achados promovidos pelo intelecto poderoso de Karl Marx, mostrando, por exemplo, que o consumo desenfreado do nosso tempo, obedece ao que ele chamou de “fetichismo” das mercadorias, se compara às descobertas desse judeu genial chamado Sigmund Freud.
Aliás, até o próprio fetichismo dos objetos percebidos por Marx, só pode ser mais bem entendido com as análises e teorias do pai da psicanálise.

Ou seja, o consumo sendo regulado ou alimentado por forças estranhas e desconhecidas, ou se quiserem por um narcisismo (e ânsia de poder e prestigio) de cada um. A mercadoria sendo um objeto substitutivo de outros objetos perdidos e ilusoriamente preenchidos pela mercadoria.
Mas a grande revolução freudiana ficou mesmo marcada pela descoberta do que ele intitulou de “inconsciente”, que muitos ainda hoje teimam em chamar de “subconsciente”, termo este que Freud nunca usou.

A descoberta da sexualidade infantil (causando um furor na época em que ele trouxe a tona e ainda hoje), de desejos impensáveis e não sabidos que circulam a mente humana, causando uma mudança (ou como dizem os cientistas modernas, uma “quebra de paradigma”) sem precedentes na história do pensamento humano.

E não foi apenas na esfera individual que o pensamento de Freud explodiu em criatividade ou que seus achados a partir da clinica ouvindo pacientes passaram a influenciar o humano em todas as suas dimensões. Não. Suas análises no mundo social também recebeu atenção ao abordar as produções coletivas, como por exemplo, a religião, apontando, no entanto, que apesar de serem sociais, eram derivadas do núcleo social primeiro ou menor, qual seja, a família.

Freud foi um gigante do pensamento humano. Mexeu e remexeu na cultura com uma coragem impar, submetido a um rigor e uma inteligência e a uma mente própria dos grandes desbravadores como ele mesmo disse de si.

Hoje se fala muito (e se escreve também) em revolução na neurociência, nas funções neuronais, mas queiramos ou não, saibamos ou não, somos (e continuaremos a ser) em muito, para não parecer tão radical da nossa parte, frutos das relações com os outros (afinal não nascemos falando, aprendemos com o outro), e, portanto, de uma subjetividade interior que delineia e marca a vida de todos nós e de cada um.

20 de dezembro de2012
Laurence Bittencourt

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