"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TROCAR PELO QUÊ?


A pergunta que 100 milhões de eleitores farão em 2014, dentro do velho dilema "continuidade x mudança" que embala todas as eleições é: trocar pelo quê?
 
Trocar a Dilma pelo Aécio? Trocar a Dilma pelo Eduardo Campos? Trocar a Dilma pelo Alckmin? O que estes senhores fizeram, de 2010 até agora? E o que farão até 2014?
 
Alckmin é um governador sem marca e sem brilho, incapaz de resolver os problemas mais corriqueiros relacionados com transporte e segurança.
Aécio é um senador apagado, titubiante, capaz de dizer não na hora em que todo o PSDB está dizendo sim para ele, como no lançamento da sua candidatura à presidência, feito nesta semana. Eduardo Campos era, até minutos atrás, um pelego da Dilma, lambendo os pés do PT feito um cãozinho amestrado. Agora está achando ruim? Quantos vídeos existem deste senhor erguendo loas à Dilma e ao Lula?
 
Trocar pelo quê?
Não, não responda como militante. Responda como João, José e Maria. Responda como eleitor. Ou como analista político.
Logo após a derrota de 2010, este blog sugeriu que a oposição, que comanda 50% do país, sentasse em volta de uma mesa e traçasse algumas metas e programas comuns. Marcas. Medalhas. Símbolos de eficiência.
Um programa na saúde que, em vez de se chamar Mãe Paulistana, se chamasse Mãe Brasileira, por exemplo. Ícones que provassem que a oposição é mais eficiente do que o governo petista.
 
Nada. Cada um por si, cada um cuidando do seu curral. Agora chega 2014 e o eleitor vai perguntar: trocar pelo quê?
E, novamente, a Dilma vai nadar de braçada, surfando a queda dos juros, o milhão de casas, o Brasil Carinhoso, a Bolsa Família e a Copa do Mundo.
 
É uma estupidez, por exemplo, achar que os problemas de aeroportos e falta de estrutura vão tirar o brilho da competição e reduzir os seus dividendos políticos avassaladores. Isso só afeta 500 mil que vão assistir aos jogos e não os 100 milhões que vão ver tudo pela TV.
 
Não vamos esquecer que Hitler foi catapultado por uma Olimpíada na Alemanha. E que os militares se mantiveram no poder no Brasil em função do Tri da Seleção.
 
Eu sei e você sabe porque o Brasil deve trocar em 2014. Mas João, José e Maria vão perguntar: trocar pelo quê?
Aí eu não sei e nem você sabe responder.
 
05 de dezembro de 2012
in coroneLeaks

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