"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de março de 2012

PUTIN RECONHECE IRREGULARIDADES NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, ganhador das eleições presidenciais de domingo, reconheceu nesta terça-feira que houve irregularidades durante a votação e pediu uma investigação. "Certamente houve irregularidades. É preciso denunciá-las e deixar tudo claro para todos", afirmou Putin, citado pelas agências russas.
Putin, que venceu as presidenciais com 63,6% dos votos, afirmou que as irregularidades devem ser investigadas pelas instâncias correspondentes. "Confio na máxima supervisão e controle da situação para que não haja nenhum problema", disse durante uma reunião com observadores eleitorais.

O primeiro-ministro russo considerou ainda o desentendimento dos opositores pela sua vitória eleitoral como "elemento da luta política, que não tem relação com as eleições" e prometeu na segunda-feira que ordenaria à Comissão Eleitoral Central a investigação de "possíveis irregularidades" durante uma reunião com três de seus oponentes nas eleições.

O grande ausente foi o líder comunista e segundo candidato mais votado (17,18%), Gennady Zyuganov, que se negou a comparecer após afirmar que não pode reconhecer as eleições "como limpas, justas e honestas".
Já o coordenador da missão de observadores da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Tonino Picula, afirmou que "as eleições foram injustas, apesar de algumas inovações no sistema eleitoral".

100 denúncias

A Comissão Eleitoral Central da Rússia (CEC) não espera mais de 100 denúncias de infrações cometidas durante as eleições presidenciais de domingo, disse nesta terça-feira à agência EFE Nikolai Konkin, secretário desse organismo. "Acredito que teremos em torno de 100 denúncias", estimou Konkin em entrevista.

O secretário da CEC da Rússia informou que a organização recebeu cerca de 100 denúncias "relacionadas à apuração de votos" e agora esperam as correspondentes atas das mesas eleitorais.
Konkin indicou que nessas eleições as críticas se centraram na desigualdade de cobertura informativa que os cinco candidatos tiveram ao longo da campanha.

Os quatro rivais do atual primeiro-ministro e ganhador das eleições, Vladimir Putin, denunciaram que o homem forte da Rússia contou com todo o espaço informativo que quis.
"Seria preciso comprovar se a cobertura era em sua qualidade de candidato à Presidência ou de primeiro-ministro", disse o funcionário, e acrescentou que são os jornalistas que devem cumprir com o equilíbrio de oportunidades que concedem aos aspirantes.

Konkin disse que a CEC "não dispõe de ferramentas legais" para afirmar a igualdade de cobertura dos candidatos. Segundo ele, nenhum dos concorrentes gastou mais da metade dos recursos que a lei permite investir nas campanhas midiáticas e que em geral se limitaram a aproveitar a publicidade gratuita.
O secretário da CEC indicou que também são frequentes as críticas por "ter incluído ou excluído um ou outro candidato", mas acrescentou que "ao organismo somente cabe observar se a lei está sendo cumprida".
Com relação à independência do organismo, questionada pelos observadores internacionais, Konkin revelou que a ordem de formação da CEC prevê o princípio partidário, de modo que atualmente é formada por representantes dos cinco partidos.

O secretário admitiu, entretanto, que apesar de os quatro partidos estarem representados no organismo, o governante Rússia Unida conta na CEC com cinco membros e negou categoricamente que o procedimento de votação fora do local de residência tenha sido aproveitado para as falsificações.
"Nessas eleições, votaram 300 mil pessoas a menos do total de cédulas distribuídas de votação (fora do domicílio eleitoral). Se tivessem votado várias vezes, dificilmente o número seria inferior", indicou.

06 de março de 2012
Postado por Pedro Bougleux

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