"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 8 de junho de 2013

DESENCONTRO FEDERAL


 
Do jeito que as coisas caminham, a paciência, até mesmo a dos aliados, não demora a chegar ao fim. O governo da presidente Dilma Rousseff deixa perceber que muita coisa não anda bem.

 As ações do governo federal são divergentes, e as declarações públicas são contraditórias. Assim, a presidente vai perdendo credibilidade e se mostrando, cada vez mais, inábil.


 São cartilhas que deveriam contribuir para a informação e a formação dos cidadãos e, por terem conteúdos questionáveis, acabam provocando polêmicas enormes e não cumprem o papel educativo. Em consequência de fatos como esse, surgem demissões e explicações de difícil entendimento – sintomas de crise interna. São medidas provisórias que, em vez de negociadas, são impostas ao Congresso e terminam sendo derrotadas ou perdendo a validade – sintomas de falta de articulação política.

CLARA INSATISTAÇÃO

São partidos aliados que mostram clara insatisfação e, pior, não se trata de uma tradicional rebelião em função do não pagamento de emendas parlamentares. São insatisfações em relação ao tratamento recebido por eles pelo Poder Executivo. Portas fechadas, telefonemas inesperados e recados mal-educados são exemplos da forma com a qual o governo Dilma tem tratado alguns de seus aliados.

E as grosseiras são cometidas por pessoas muito próximas da presidente – é o pessoal do primeiro escalão. Para alguns parlamentares da base, o comportamento condenável não está restrito a um ocupante de cargo ou a uma situação infeliz. Parece, segundo eles, que o comportamento é padrão e teria sido estabelecido a partir do exemplo da própria Dilma, que já tem a fama de ser durona e pouco tolerante.

A pergunta que se faz é: por que tanta aspereza na relação entre os Poderes Executivo e Legislativo? Os aliados do governo não admitem abertamente, mas sussurram nos bastidores a resposta para o questionamento. “É simples, a administração não está bem”, dizem eles. A afirmação não é de difícil compreensão.


Quando segmentos e movimentos sociais – como o MST e os índios – partem para a radicalização diante de um governo que se denomina de centro-esquerda a um ano de uma eleição presidencial, é prova de que o diálogo está esgotado ou nem mesmo existiu.

Como se esse cenário não bastasse, a situação econômica começa a apontar para alguns problemas. A inflação está mais resistente e em tendência de alta, o consumo interno – salvação do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – começa a se retrair, os investimentos públicos, especialmente os relativos à infraestrutura, já estão no limite, o que significa, no mínimo, o impedimento para a expansão de emprego. Crise?

08 de junho de 2013
Carla Kreefft

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